Ex-BC livra Paulo Guedes de culpa por fuga de dinheiro estrangeiro

O presidente do Banco Central entre os anos 1980 e 1983, o economista Carlos Langoni, defendeu a política econômica de Paulo Guedes. Ele livra o Ministro da Economia de culpa pela debandada de investidores estrangeiros.

Atual professor da FGV, ele diz que a fuga histórica de capital estrangeiro não se deve ao cenário interno. Apenas no mês de maio, estrangeiros sacaram R$ 7,44 bilhões da Bovespa. O valor representa 46,74% a mais do que no mês de abril.

Em junho, há sinal de retomada com as altas seguidas do Ibovespa. No entanto, o montante que saiu do Brasil ainda está em patamar elevado, na casa dos R$ 75,914 bilhões.

Em entrevista ao Estadão, Langoni disse acreditar que o motivo da fuga é externo. Dessa maneira, seria relacionado à aversão ao risco devida à crise do coronavírus.

O que está acontecendo é resultado direto do impacto de um choque global sem precedentes históricos, que não tem relação com a política econômica liberal que vinha sendo implementada no País. No mundo todo, houve uma aversão ao risco que se refletiu numa fuga de capitais, principalmente de economias emergentes.

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Política de Guedes e risco-Brasil

O ex-presidente do BACEN enxerga que havia melhora no quadro de índices de risco brasileiro antes da pandemia. Para ele, trata-se de uma prova de que a economia tinha tendência de subida até meado de fevereiro.

Os CDS [credit default swaps] chegaram a ficar abaixo dos 200 pontos-base e dispararam com a pandemia. O choque global pegou a economia brasileira ainda numa fase de transição, em que uma nova arquitetura fiscal sustentável ainda estava sendo desenhada e implementada.

Para o economista, o investidor saiu quando percebeu que a agenda de reformas seria paralisada por conta da crise. A essa altura, portanto, Guedes teria tido pouco o que fazer para reverter o quadro.

Confiança no longo prazo

Além disso, Langoni defende que nem a crise política deve dissuadir o investidor. Para ele, a tensão crescente entre os poderes não sugere nada diferente do panorama externo.

Em editorial, o jornal Financial Times disse que “os riscos para a maior democracia da América Latina são reais e estão crescendo [sob Bolsonaro]”. No entanto, o economista ex-BC acredita que o Brasil tem “uma democracia consolidada”.

Veja o que aconteceu nesta semana. Houve uma correção do overshooting cambial, com o dólar caminhando de novo para R$ 5, sem que tenha ocorrido qualquer mudança significativa no plano interno. O lançamento de títulos do Tesouro de 5 e 10 anos, por taxas de 3% e 4% ao ano, foi um sucesso. É uma prova de que o investidor de mais longo prazo continua confiante no Brasil.

O mais recente relatório Focus do Banco Central aponta queda expressiva de 15% no investimento direto no país. Há um mês, o levantamento apontava expectativa de capital investido de R$ 70,75 bilhões para 2020. Hoje, no entanto, o valor está na casa dos R$ 60 bilhões.

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