Viúvos da Ethereum: mineradores aproveitam boom da inteligência artificial para recolocação de GPUs após The Merge
Mineradores que investiram em equipamentos com chips de ponta durante o auge das criptomoedas estão em vantagem no redirecionamento de equipamentos para IA.
The Merge, fusão na tradução em português, para muitos tem o significado oposto: separação. Pelo menos no ecossistema de criptomoedas, já que o termo remete à mudança de mecanismo utilizado pela blockchain de camada um Ethereum (ETH) em setembro do ano passado, quando a rede líder dos contratos inteligentes trocou o mecanismo de Prova de Trabalho (PoW) pelo de Prova de Participação (PoS) e, com isso, estacionou a atividade de diversas unidades de processamento gráfico (GPU, na sigla em inglês) que trabalhavam na mineração de Ether.
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Por outro lado, muitos mineradores “viúvos da Ethereum” parecem estar diante de uma nova companheira: a Inteligência (IA). Pelo menos uma parte deles, aqueles que aproveitaram o boom das criptomoedas entre 2021 e 2022 e investiram em equipamentos com chips de última geração, que agora estão qualificados a serem direcionados para o frenesi da IA.
Nesse grupo estão empresas de mineração como Hive Blockchain e Hut 8 que informou à Boomberg ter conseguido 11% de sua receita de US$ 16,9 milhões em 2022 com seu negócio de computação de alto desempenho (HPC).
No caso da Hive Blockchain, a empresa informou que comprou GRUs no valor de US$ 66 milhões da Nvidia no começo de 2021 e que pretende aumentar sua receita 10 vezes, para US$ 10 milhões, em 2024 e 20 vezes em 2025. O que representaria uma fatia de quase 10% da receita da empresa este ano segundo os analistas da Boomberg, que preveem um faturamento de US$ 98 milhões de faturamento para a empresa.
Por outro lado, a Hive Blockchain e a Hut 8 fazem parte de um grupo minoritário, já que, segundo um levantamento da empresa de consultoria Bitpro Consulting, o grau de aproveitamento das GPUs existentes atualmente para utilização em IA e aplicativos correlatos, como visão computacional e design gráfico generativo, gira em torno de 5% a 15%.
Além disso, outro entrave no aproveitamento de HPCs na IA é a necessidade de investimentos em hardware e equipes de trabalho em um momento que os mineradores lutam com a queda de preços do Bitcoin. Tanto que a maior mineradora pública de Bitcoin em poder computacional, a Core Scientific, faliu no ano passado. Embora a empresa seja uma das favoritas a recuperar seus US$ 15 bilhões investidos em processadores, segundo estimativa da Bitpro.
Outra pedra no sapato dos mineradores como menos poder computacional são as grandes plataformas de fornecimento de dados, como a Microsoft Azure e a Amazon Web Services, que possuem sistemas e ferramentas poderosas a serviço de seus clientes de IA, obstáculo que provavelmente só será superado pelos “mineradores mais proficientes e tenazes”, segundo avaliação do diretor de operações da Luxor Technologies, Ethan Vera.
Em outra rota, algumas mineradoras apostam na migração. É o caso da empresa de mineração de criptomoedas Marathon Digital Holdings, que anunciou esta semana a instalação de uma fazenda de mineração de Bitcoin em Abu Dhabi, conforme noticiou o Cointelegraph.
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