Entrevista com Fabrício Tota, Diretor da Mercado Bitcoin
Fabrício Tota, Diretor da Exchange Mercado Bitcoin, concede entrevista exclusiva ao BeInCrypto Br. Durante a conversa, o especialista dá a sua opinião sobre o mercado de criptomoedas e o cenário atual de crise provocada pelo novo coronavírus.
Fabrício Tota é Diretor da Exchange Mercado Bitcoin, a maior plataforma de criptomoedas do Brasil.
Na entrevista concedida ao Portal BeInCrypto Br, Fabrício discutiu diversos assuntos relacionados ao universo do Bitcoin e das demais criptomoedas.
Confira a entrevista exclusiva na sequência!
Momento de Crise e o Bitcoin
Na opinião de Tota, há diversos fatores em jogo na hora de analisar o presente momento, além da pandemia do novo coronavírus (COVID-19):
Nós conseguimos dividir 2020 em dois momentos: os primeiros dias, com a crise geopolítica Irã v. EUA, ocasionou uma subida de 22% do Bitcoin, devido à morte do General. Irã reagiu e o Bitcoin continuou subindo, para depois derreter com o discurso mais ameno do Trump.
Dessa maneira, o preço do Bitcoin refletiu ao vivo os acontecimentos globais
Sobre o coronavírus em particular, ele foi além:
O coronavírus começa em 2019, com aviso da OMS em relação à China. No final de janeiro, já se falava sobre o COVID-19. O Bitcoin subiu 50% no ano até esse momento. Porém, todos os ativos sofreram com a crise, incluindo o Bitcoin, devido ao tamanho do problema
Bitcoin Como Ativo de Proteção
Na visão de Fabrício Tota, o momento ainda é complexo para considerar o Bitcoin como um safe haven:
Para o investidor que move mercado (os grandes players), tudo mudou. Ainda não é corriqueiro correr para o Bitcoin. O teste aconteceu cedo demais. A sangria foi grande no momento agudo. Há algumas situações sistêmicas do ativo, como o stop-loss e a alavancagem, que desencadearam a queda no valor.
Política Monetária do Banco Central
Segundo Fabrício, o movimento de injeção de liquidez do BACEN e demais BC’s é coerente com o momento atual:
Movimento necessário dos BC’s, movimento de teste do livre mercado. O problema é completamente diferente do que ocorreu em 2008, cuja crise era estritamente financeira.
Agora, tem gente que está adoecendo e morrendo. Uma resposta enorme é necessária. Investimento na saúde é essencial. Medidas de proteção devem ser tomadas. Porém, haverá consequências na precificação dos ativos.
Na opinião do Diretor, a política do BACEN terá efeitos no preço do Bitcoin e de todos os outros ativos:
Haverá reflexo no preço do Bitcoin e de todos os ativos. O Bitcoin tem o poder de te proteger da sua própria moeda corrente. Sair do Real para o Bitcoin é viável e pode ser benéfico.
Valorização do Bitcoin para o Real é de 37%. Cripto no lugar de moeda fiduciária. Aqui, o investidor aqui faz conta em Reais. Bitcoin ajuda a proteger contra o real.
Halving do Bitcoin
Na opinião de Tota, o halving será afetado pela crise do coronavírus:
Bom seria se conseguisse congelar o mundo, mas existem vários vetores.
No começo do ano, a previsão era de que o Bitcoin poderia bater os R$ 60.000,00. Porém, a crise veio e o cenário mudou um pouco.
O Halving impacta positivamente, mas depende de outros fatores para o conjunto.
Em relação ao preço, a crise é positiva no médio e longo prazo. Na contrapartida, outros investimentos institucionais e no ecossistema serão menor, até porque tem menos dinheiro disponível e aversão maior do investidor aos riscos.
Sistema PIX e o Bitcoin
Para o Diretor da Mercado Bitcoin, o sistema de pagamentos instantâneos do BACEN (PIX) será benéfico para o cenário das criptomoedas:
É benéfico, sem dúvida. O PIX traz o dinamismo das criptomoedas e liberdade para o sistema financeiro. As Exchanges já estão preparadas, portanto é muito positivo. O MeuBank se beneficia diretamente do PIX.
CPI das Criptomoedas e PL
Na visão de Tota, a CPI das criptomoedas ouviu as pessoas erradas:
A CPI trouxe movimentação do Legislativo de procurar Exchanges e pessoas de caráter duvidoso para prestar esclarecimentos. Chamaram Players negativos que sequer são do segmento.
O Projeto de Lei na Câmara e no Senado são positivos. Projetos bons, feitos por gente interessada no tema. A regulação é importante, desde que não iniba a inovação.
Regulamentação das Criptomoedas
Na opinião de Fabrício, a regulamentação do setor das criptos é necessária:
Já há Instrução Normativa da Receita Federal que define os conceitos de Exchange e criptomoeda, o que é um começo importante. As Exchanges mais organizadas não tiveram problemas para se adaptar
Sobre o caminho tomado pelos legisladores, Fabrício comentou:
No Brasil, está se caminhando no sentido positivo. Já há alguma regulação. O business no Brasil é difícil em qualquer setor, mas fica pior ainda sem regulamentação. Ainda não há regras específicas para o setor, mas já é necessário se constituir como empresa, atender a Receita. O Mercado Bitcoin reporta ao COAF as atividades suspeitas, por exemplo.
Educação Financeira é Essencial
Na parte final da entrevista, Fabrício Tota comenta sobre a necessidade de educação para expandir o setor das criptomoedas:
Educação em primeiro lugar. Bitcoin como investimento necessita de educação financeira. Ano passado foi bom nesse sentido, pois a taxa de juros baixa motivou as pessoas a procurarem alternativas.
Trabalho dos Influencers é relevante, mas ainda é pouco. É necessário que ocorra mudança do mindset e da cultura, pois as pessoas têm que começar a investir desde cedo.
Além disso, ele acredita que a adoção das criptomoedas só será alcançada através da criação de um ambiente favorável:
Mais camadas devem ser construídas em torno da tecnologia blockchain. Ela evoluiu com o tempo, e é importante continuar com uma visão nova que não se encaixa nos modelos tradicionais.
Tudo é muito embrionário. Para comparar, quando inventaram o protocolo TCP/IP, ninguém imaginou o avanço que a tecnologia iria sofrer. As camadas são construídas aos poucos para facilitar o acesso à tecnologia.
Mensagem Final
Sobre iniciar o investimento em Bitcoin, Fabrício Tota comenta:
O primeiro passo é começar, passar pelo processo todo e ver como funciona. Depois, faz a reflexão de quanto quer alocar, pois é volátil, embora possa acrescentar muito ao patrimônio. Invista uma quantia que não vai te prejudicar: indico de 3% a 5% do portfólio de investimentos.
Há vida além do CDB.
Tenha Bitcoin na sua carteira. O ativo ainda está começando, então a oportunidade é ótima. Você já tem a faísca das criptos, se está lendo isso. Não deixe a faísca se apagar!
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