Polêmica de Elon Musk e Dogecoin vira processo de US$ 258 bilhões envolvendo Tesla e SpaceX nos EUA

O homem mais rico do mundo e suas empresas Tesla e SpaceX foram arrolados em processo movido por Keith Johnson, “um cidadão americano que perdeu todo seu dinheiro em um esquema de pirâmide baseado na criptomoeda Dogecoin promovido pelos réus.”

As constantes exaltações ao Dogecoin (DOGE) divulgadas por Elon Musk em postagens em seu perfil pessoal no Twitter estão sendo tratadas como promoção de um esquema de pirâmide financeiro baseado no criptomeme em um processo movido por um cidadão americano contra o homem mais rico do mundo e suas empresas, informou reportagem publicada pela Bloomberg nesta quinta-feira, 16.

Musk, a Tesla e a SpaceX aparecem como réus em uma acusação formal apresentada à Justiça norte-americana esta semana por um homem identificado como Keith Johnson. A vítima afirma ter perdido todas as suas economias devido a um “empreendimento ilegal de extorsão” criado por Musk para inflar artificialmente o preço do Dogecoin, e pede como reparação uma indenização de US$ 258 bilhões.

Johnson também requer que seja emitida uma ordem impedindo que Musk utilize o seu prestígio e as suas empresas para promover o Dogecoin, e pede que a Justiça declare que a comercialização do criptomeme constitui jogo de azar, de acordo com as leis dos EUA e de Nova York. 

Como requerente do processo, Johnson se propõe ainda a assumir a representação de todos os investidores que perderam dinheiro com o DOGE desde abril de 2019 até os dias de hoje. “Os acusados alegam falsa e enganosamente que o Dogecoin é um investimento legítimo quando não tem valor algum”, afirma.

Musk não retornou os contatos da reportagem da Bloomberg solicitando comentários a respeito do processo, nem utilizou o Twitter para fazer qualquer manifestação a respeito.

Elon Musk e o Dogecoin

A aproximação de Elon Musk da comunidade do DOGE teve início em setembro de 2018. No ano seguinte, ele fez sua primeira declaração de amor ao criptomeme no Twitter após ter sido escolhido o novo CEO do Dogecoin em uma votação informal realizada no dia 1º de abril: “O Doge talvez seja a minha criptomoeda favorita. É muito legal”, escreveu.

Às vésperas do natal de 2020, Musk publicou uma postagem que imediatamente fez o DOGE subir 25%, inaugurando seus esquemas – deliberados ou não – de pump and dump de ativos digitais.

Uma palavra: Doge

— Elon Musk (@elonmusk)

Nos comentários, ele ainda sugeriu que o DOGE poderia um dia se tornar a moeda oficial de Marte. Este tweet foi a primeira amostra do poder que Musk teria para influenciar o mercado de criptomoedas com suas postagens ao longo de 2021.

A partir dali começaram a surgir apelos para que o CEO da Tesla ajudasse elevar o DOGE a US$ 1,00, sendo que naquele 20 de dezembro o criptomeme fechara cotado a US$ 0,0046. Estava estabelecido o objetivo para 2021.

Em paralelo ao fenômeno WallStreetBets, que abalou o mercado tradicional com a suposta manipulação coletiva do preço da ação da Gamestop em janeiro, Musk, sozinho, fez o DOGE disparar 800%, atingindo US$ 0,08, com uma postagem da imagem de um cachorro na capa da revista “Dogue”.

Um dia depois de o Bitcoin chegar à máxima histórica de US$ 64.854, Musk reativou seus poderes para promover um novo pump do DOGE. Desta vez, valendo-se de uma imagem icônica postada sob a legenda: “doge latindo para a lua”. Mais uma vez o impacto foi imediato e o Dogecoin subiu 260%, configurando aquela que seria a maior alta intradiária do criptomeme em 2021.

Após uma breve correção que se seguiu ao topo de abril, o Dogecoin iniciou um rali de alta no último dia do mês que só teve fim quando o DOGE atingiu a máxima histórica que ostenta até hoje: US$ 0,74 em 8 de maio. Dois dias depois, pela primeira vez na história pesquisas por Dogecoin no Google superaram buscas por Bitcoin.

Na ocasião, o DOGE tornou-se também a quarta maior criptomoeda por capitalização de mercado. Uma forte correção veio logo em seguida, derrubando o Doge para US$ 0,45 apenas três dias depois.

Um novo impulso de Elon Musk conseguiu reverter a tendência de baixa por um breve momento depois que ele fez uma postagem perguntando se a Tesla deveria aceitar o DOGE como meio de pagamento. Embora ninguém pudesse imaginar àquela altura, a época do ouro do Dogecoin havia passado. Não sem antes ter feito novas fortunas para aqueles que realmente acreditaram na moeda canina, inclusive um brasileiro autointitulado o milionário do DOGE e o criador do Ethereum (ETH), Vitalik Buterin.

Hoje, pouco mais de um ano depois, o DOGE está cotado a US$ 0,05627, 92% abaixo do seu recorde histórico de preço, de acordo com dados do CoinMarketCap, e as postagens de Musk já não possuem o mesmo efeito sobre a comunidade e ultimamente não têm impactado de forma significativa o preço do criptomeme.

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