Tokens RWA do Drex causam Drexit no Banco Central e mesmo ganhando R$ 20 mil por mês funcionários estão indo embora

A saída de funcionários do BC ganhou até um nome, Drexit, união das palavras Drex e Brexit (movimento de saída do Reino Unido da União Europeia).

Enquanto os testes e possível lançamento do Drex, a moeda digital do Brasil, em 2024, vem sendo aplaudidos por empresas e analistas no país, o avanço da moeda digital está causando a evasão de funcionários do Banco Central do Brasil, revelou a Folha.

A saída de funcionários do BC ganhou até um nome, Drexit, união das palavras Drex e Brexit (movimento de saída do Reino Unido da União Europeia). Isso ocorre, pois as empresas estão cada vez mais interessadas no potencial dos tokens RWA e em como eles podem transformar a economia nacional por meio do Drex.

Deste modo, muitas empresas estão assediando funcionários do BC com propostas de altos salários e cargos para coordenar esta transformação no setor privado. Resultado: muitos funcionários de ‘elite’ do BC estão deixando o Banco Central para trabalhar na iniciativa privada.

Um exemplo deste êxodo é Bruno Batavia que trabalhava no desenvolvimento do Drex e deixou o BC para assumir um cargo na gestora Valor Capital. Além disso, funcionários do BC estão deixando a instituição para trabalhar em outras repartições públicas com salários melhores, como a Câmara dos Deputados.

No total o BC pode ter até 6.470 funcionários. No entanto, atualmente o BC conta com 3.300 servidores em atividade, sendo que 692 vão se aposentar em breve. Em média, os funcionários do Banco Central ganham em torno de R$ 20.924,80 a R$ 29.832,94 (analistas com nível superior) e de R$ 7.938,81 a R$ 13.640,89 técnicos (profissionais com ensino médio).

Para a presidente da ANBCB (Associação Nacional dos Analistas do Banco Central do Brasil), Natacha Rocha, há uma percepção distorcida da população brasileira com relação à remuneração dos funcionários do BC.

“Em relação a carreiras congêneres, a gente ganha menos. É o caso da Receita Federal e da própria Procuradoria, que trabalha junto com os analistas do Banco Central e ganha mais, tendo aberto essa assimetria desde 2016”, disse.

Rocha aponta que o BC precisa de uma mão de obra altamente especializada para desenvolver produtos complexos como Pix, Drex e SVR (Sistema Valores a Receber) e para regular e supervisionar o sistema financeiro nacional.

Drex e Aave

Enquanto o Banco Central tenta equilibrar a conta da inovação com os funcionários necessários para implentar os avanços da economia digital, a instituição anunciou que a integração do Drex com o Ethereum e outras blockchains públicas é uma das prioridades para 2024, segundo afirmou Fabio Araujo, responsável pelo projeto da CBDC nacional.

Atualmente o Drex vem realizando seus testes no Hyperledger Besu, uma plataforma de blockchain privada, mas compatível com EVM, a máquina virtual do Ethereum e, portanto, pode ser integrada com todas as blockchains e tokens que também usam EVM.

Algumas blockchains públicas compatíveis com EVM e com o Drex são BNB Chain, Avalanche, Cardano, Solana, Polygon, Optimism, Arbitrum, Tron, Optimism, Fantom, zkSync, Cosmos, entre outras.

No entanto, Araujo destacou no evento que essa integração com blockchains públicas também será controlada pelo BC e terá que ser realizada por meio de processos de KYC e de prevenção a lavagem de dinheiro.

“Naturalmente, vamos permitir emissão do token do Drex em ambientes públicos mediante um agente regulado do Banco Central. Dessa forma, o BC tem controle sobre quem faz a emissão”, afirmou.

Araujo também revelou no evento que o BC vem testando diversas soluções para garantir esta integração do Drex com blockchain públicas, entre elas o protocolo Aave e que, nesse caso, é importante garantir interoperabilidade, segurança e requisitos regulatórios para a solução selecionada.

O executivo do BC, destacou ainda que o Banco Central vem conversando com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e com outras entidades como Detran para viabilizar todas as funcionalidades do Drex que interagem com outras instituições como a tokenização de veículos, imóveis, valores mobiliários, entre outros.

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