Não se iluda, halving pode impulsionar preço do Bitcoin, mas alta de 10.000% não vai ocorrer, dizem analistas
Analistas divergem sobre impacto do halving no preço do Bitcoin, mas consenso é que quem espera alta de 10.000% vai se decepcionar
Desde março de 2023, o preço do Bitcoin (BTC) está estagnado em um intervalo de negociação que vai de US$ 25 mil a US$ 31 mil. O movimento segue uma tendência global de consolidação dos mercados de investimento tendo em vista a transição de um cenário de descontrole inflacionário para um cenário de recuperação.
Porém, a perspectiva geral do mercado de criptoativos é que o halving do Bitcoin seja um dos grandes catalisadores para uma nova alta exponencial no próximo ano, dado que o lançamento de ETFs spot de Bitcoin deve manter a procura por BTC alta enquanto a oferta de novos tokens será reduzida pela metade.
Para Paulo Boghosian, Diretor Executivo Pandhora Investimentos, o halving sempre esteve atrelado a altas de preços e tem sido apontado como um gatilho para ciclos de alta no Bitcoin. Embora a amostragem seja pequena, isto é, o Bitcoin tem apenas 14 anos de vida, essa relação faz sentido do ponto de vista econômico.
“De acordo com a tese, uma redução na emissão de moedas pela metade deveria gerar um choque de oferta, ou uma escassez de moedas no mercado, que, mantida a demanda constante, deveria pressionar os preços para cima. E de fato isso ocorreu em ciclos passados. Entretanto, é importante notar que a cada novo ciclo, os impactos são decrescentes. O efeito do halving é cada vez menos sentido”, disse ele.
Boghosian destaca que isso ocorre porque, a cada evento de halving, a emissão cai marginalmente menos. No primeiro halving, as recompensas caíram de 50 BTCs para 25, depois de 25 para 12,5, depois para 6,25, e assim por diante. A inflação era próxima de 100% no primeiro halving.
“Hoje, com boa parte das moedas já emitidas e com uma recompensa bem mais baixa (6,25BTC), essa inflação é de 1,74%, e após o próximo halving será de menos de 1%. Ou seja, o impacto na oferta de bitcoins será cada vez menor”, destaca.
Halving
Para Diego Guareschi, CMO da Hathor, destaca que o halving tem implicações diretas na oferta de Bitcoins e no funcionamento da rede, incluindo o ajuste da dificuldade de mineração.
“No entanto, é essencial compreender que o halving é uma medida destinada a controlar a emissão da criptomoeda e a manter a rede funcionando eficientemente, em vez de ser um evento puramente especulativo”, afirma.
Já Lucas Panisset, advisor da Transfero Prime, destaca que o halving coincidirá com a recuperação das economias globais, que sofreram com a pandemia e também com o aumento inflacionário.
“Espera-se que o BTC alcance pelo menos US$ 100 mil dólares nos próximos 2 anos, o que representaria uma alta de 400% considerando o preço hoje de US$ 25 mil dólares”, disse.
Para Beto Fernandes, especialista e analista de criptomoedas da Foxbit, destaca que historicamente, o halving do BTC é um momento positivo para o mercado.
“No primeiro halving, por exemplo, o ativo chegou a registrar uma alta de mais de 10.000% em um ano. É nesses ciclos, inclusive, que a criptomoeda costuma renovar suas máximas históricas – vide os US$ 69 mil de 2021, ou então os US$ 20 mil, de US$ 2017”, destacou.
Porém, segundo ele, uma valorização de 10.000% não deve ocorrer, ainda mais com a situação macroeconômica e inflação alta no mundo todo.
“Mesmo assim, a história mostra que os halvings são momentos interessantes para se acumular BTC nas carteiras”, afirma.
Para Cauê Mançanares, CEO da gestora Investo, o halving é aguardado com grande expectativa no mundo dos criptoativos por diversas razões: volatilidade de preços, efeito de escassez, potencial início do Bull Run (pois o halving tem precedido períodos de valorização acentuada no Bitcoin).
Mançanares também destaca que a alta no preço do BTC, impulsionada pelo halving, tem ainda mais potencial tendo em vista a redução das taxas de juros do FED, uma vez que juros mais baixos tendem a incentivar empréstimos e gastos, podendo acarretar inflação, fazendo com que investidores busquem opções alternativas, como criptomoedas.
“Com juros em queda, a busca por ativos alternativos cresce. Os ETFs de cripto, por exemplo, por serem mais acessíveis e diversificados do que a exposição direta, podem se destacar como opção, como o BLOK11 e o NFTS11, por exemplo, dada a sua diversificação e facilidade de acesso comparado às criptomoedas diretamente”, afirmou.
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