Dono da Minerworld pede para Justiça devolver passaporte às vésperas do casamento
Faltando exatamente um mês para o casamento de luxo do criador da pirâmide financeira Minerworld, a defesa pediu que a Justiça devolvesse o passaporte do seu cliente.
Cícero Saad, que está prestes a se casar com a corretora de imóveis Yslanda Maria Barros, é um dos principais envolvidos num esquema com bitcoin que lesou pelo menos 50 mil pessoas em várias regiões do país.
De acordo com o Midiamax, a defesa protocolou o requerimento no dia 14 deste mês. O documento havia sido recolhido durante cumprimento de mandado de busca e apreensão da Operação Lucro Fácil, em abril de 2018.
A defesa alega que a apreensão do documento não constava no mandado expedido pelo juiz David de Oliveira Gomes Filho, titular da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande, onde corre a ação.
Além disso, o requerimento, assinado pelo advogado Rafael Echeverria Lopes, alega que a posse do passaporte, mesmo que por ordem judicial, seria considerada ilegal e pede a devolução imediata do documento.
Casamento de luxo
No mês passado, circulou a notícia de que Saad estaria organizando seu casamento em um espaço VIP em Indianápolis, um dos bairros mais nobres da cidade de São Paulo.
A informação veio à tona quando houve uma vazamento em redes sociais de uma cópia do convite para a cerimônia entre Saad e Yslanda.
Detalhes de uma lista de presentes também vazaram. Entre eles, havia até mesmo cotas para viagens à Europa. Para organizar tudo, foi criada uma conta no site iCasei.
A notícia causou indignação entre os investidores lesados pela suposta empresa de mineração de bitcoin — há vítimas que alegam que o réu esconde o dinheiro que disse não possuir.
Na ação que corre na Justiça de Campo Grande, consta como bem em nome de Saad, apenas uma moto no valor de R$ 4 mil.
Outra ponto, é que na primeira oitiva, em janeiro deste ano, a defesa disse que Saad estaria dependendo de ajuda financeira da família.
Na ocasião, das 14 contas listadas para a audiência, cinco foram acessadas e três possuíam saldos nos valores de US$ 763,80, 0,00002469 e 0,0007597 bitcoin.
As demais não foram abertas por incompatibilidade de senhas ou problemas nos sistemas de acesso.
Bloqueio de dinheiro na Caixa e no Santander
Em um outro processo penal, um juiz da 3ª Vara Federal Penal do Mato Grosso do Sul, pediu o bloqueio de R$ 32.677,58 em conta poupança no banco Caixa Econômica Federal e R$ 564,35, em uma conta no banco Santander.
O dinheiro de refere a uma suposta renda de uma pessoa que afirmou ter obtida a partir de investimentos na Minerworld.
O titular das contas, então, entrou com uma liminar para que os valores fossem restituídos.
Ele argumentou que o dinheiro penhorado foi adquirido de forma lícita, “através de rendimentos oriundos de operações de criptomoedas” e que esse pertencia não somente a ele, mas a um amigo também.
O esquema Minerworld
A empresas investigadas, BitOfertas, Bitpago MinerWorld, se apresentavam como plataformas de criptomoedas focadas no comércio de produtos usando o bitcoin como meio de pagamento e prometiam lucros exorbitantes em cima da criptomoeda.
Em 17 de abril deste ano, as três empresas foram alvos do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Os agentes deflagram, então, operações nas cidades de Campo Grande (MS) e São Paulo, cumprindo mandados de busca e apreensão em suas sedes.
Segundo a polícia, o esquema tinha como seus principais dirigentes Cícero Saad, Hércules Gobbi e Johnnes Carvalho, que recrutavam pessoas para fazer parte do grupo que, segundo eles, era uma mineradora de bitcoin.
A Minerworld, que no final do ano passado já recebia várias reclamações sobre pagamentos não realizados (dos lucros prometidos na pirâmide) anunciou, então, o roubo dos bitcoins que a empresa sofreu na Poloniex.
A exchange, que tem sede em Delaware (EUA), não se manifestou sobre o caso e tudo passou a ser investigado como suposta formação fraudulenta de pirâmide financeira.
A operação, chamada ‘Lucro Fácil’, foi solicitada pelo MPMS após uma ação cível pública proposta pela 43ª Promotoria de Justiça.
A instituição é responsável pelas atividades de proteção e defesa dos interesses coletivos e individuais do consumidor.
O início das investigações deu-se depois da denúncia da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que verificou o público lesado e pediu providências.
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