Dona da Fiat procura CEO: Stellantis inicia processo de sucessão
O presidente do conselho da Stellantis, John Elkann, iniciou a busca por um sucessor para o CEO Carlos Tavares, cujo contrato termina no início de 2026. A empresa é dona da Fiat e mais uma série de marcas automotivas.
A montadora confirmou a decisão em resposta a perguntas da Bloomberg News, acrescentando que faz parte do planejamento regular de sucessão. A pressão sobre o CEO está aumentando devido ao fraco desempenho da Stellantis em mercados como os EUA, seu maior mercado.
Segundo a Stellantis, é “normal” que o conselho comece a analisar o planejamento de sucessão dada a importância do cargo de CEO, “sem que isso tenha impacto nas discussões futuras”, já que ainda existe a possibilidade de Tavares permanecer por mais tempo, disse um porta-voz da Stellantis. Um porta-voz da Exor se recusou a comentar.
Elkann não tem planos para uma mudança imediata na liderança e Tavares será incluído no processo de busca, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto. Ainda assim, o presidente está cada vez mais insatisfeito com a situação na América do Norte, onde as vendas estão desacelerando e vários executivos deixaram a empresa. Elkann também é CEO da Exor, a maior acionista da Stellantis.
Tavares, de 66 anos, tem seguido um rigoroso plano de corte de custos enquanto a Stellantis enfrenta a diminuição da demanda por carros elétricos e a intensificação da concorrência de fabricantes chineses. Nos EUA, a fabricante da Jeep e Chrysler está lutando com altos níveis de estoque, problemas de qualidade e declínio na participação de mercado. As ações da empresa caíram mais de um terço este ano.
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No início deste mês, líderes da rede de concessionárias da Stellantis nos EUA criticaram Tavares por presidir uma “rápida degradação” de algumas marcas, como Ram e Dodge, pedindo que ele gaste mais dinheiro para limpar o estoque antigo de seus lotes. A empresa também enfrenta a possibilidade de mais greves nos EUA e na Itália nas próximas semanas.
Resolver os problemas nos EUA será uma “prioridade máxima” para a Stellantis até o final deste ano, disse a diretora financeira Natalie Knight nesta segunda-feira (23), acrescentando que a empresa está trabalhando duro para encontrar soluções que satisfaçam todas as partes interessadas, incluindo os concessionários. A Stellantis recentemente se comprometeu a investir mais de US$ 406 milhões em três plantas em Michigan.
Ainda assim, Tavares tem exigido cortes adicionais no orçamento para proteger a lucratividade, alimentando preocupações de que seu impulso agressivo por eficiência possa, em última análise, colocar em risco projetos de longo prazo e fluxos de receita, disseram as fontes.
O CEO tem cortado empregos e reduzido a capacidade nas fábricas americanas desde que uma queda nas vendas nos EUA reduziu os lucros do primeiro semestre quase pela metade. Ele está vendendo mais ativos e levantou a possibilidade de se desfazer de uma ou mais das 14 marcas do grupo para proteger os lucros.
O conselho de administração da Stellantis deve se reunir nos EUA em 9 e 10 de outubro para avaliar os planos implementados para reverter os negócios na região, acrescentaram as fontes.
O CEO foi elogiado por seu impulso de eficiência nos anos seguintes à fusão de 2021 entre a Fiat Chrysler e a francesa PSA, pois tornou o grupo mais enxuto, aumentando os retornos. Nos meses seguintes à pandemia, a Stellantis se beneficiou da demanda reprimida e dos altos preços dos veículos, com as ações atingindo o pico há seis meses. Em julho, a montadora relatou uma queda de 48% no lucro líquido do primeiro semestre.
“As perspectivas econômicas do setor automotivo exigem que os investimentos sejam revisados com o objetivo de focar naqueles que representam uma contribuição máxima para a satisfação do cliente, para o desempenho da empresa sem qualquer compromisso com o cumprimento das regulamentações, em particular de CO2”, disse o porta-voz da Stellantis.
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