Efeito ‘Lula’ pode levar dólar a R$ 7 e impulsionar o valor do Bitcoin para R$ 380 mil no Brasil
‘A expectativa da inflação para o ano de 2021 é de 5 a 6%, o que provocará mais desvalorização do Real brasileiro. Qual o caminho portanto a seguir para se proteger: o Bitcoin”, afirma analista
A recente decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, que anulou todas as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Justiça Federal no Paraná relacionadas às investigações da Operação Lava Jato não foi bem aceita pelos investidores e empresários e levou o dólar acima de R$ 5,80 no país.
Contudo, especialistas apontam que o cenário de instabilidade política e insegurança jurídica no país pode fazer a moeda americana passar de R$ 7 e, por tabela, o valor do Bitcoin pode ser beneficiado e superar os R$ 380 mil mesmo que a criptomoeda não registre novos recordes em seu valor na moeda americana.
O trader de mercados futuros de dólar, Victor Hugo Cotoski, revelou que espera uma alta na moeda americana e não uma baixa como vinham dizendo analistas.
Segundo há uma tendência clara de que o real se deprecie diante do dólar, mesmo sem o ‘efeito Lula’, contudo, caso o ex-presidente seja realmente inocentado e possa concorrer as eleições presidenciais do próximo ano o dólar pode passar facilmente de R$ 7.
“Se esse cenário de Lula nas eleições do ano que vem continuar, será o pior cenário possível para a moeda brasileira. Alavancaria as perdas do real, sem dúvida alguma”, disse.
Bitcoin
Como o Bitcoin tem seu valor referenciado no dólar americano uma alta na moeda dos EUA vai impactar o valor do criptoativo no Brasil.
No momento da escrita o Bitcoin é cotado a US$ 54.314 e, em torno de R$ 313.456, no Brasil segundo dados do Cointrademonitor.
Contudo, se a moeda americana chegar a R$ 7, mesmo que o Bitcoin não fique acima de seu valor negociado hoje, ele passaria de R$ 380 mil no Brasil.
A depreciação da moeda brasileira foi inclusive responsável pela alta de mais de 400% do Bitcoin no Brasil no ano pasado enquanto a criptomoeda valorizou pouco mais de 200% frente ao dólar.
O real brasileiro está entre as moedas mais desvalorizadas em 2020, tendo caído quase 30% no acumulado do ano.
Causas
Segundo Leandro França de Mello, algumas das causas da desvalorização da moeda nacional é o fraco desempenho econômico do Brasil que depende muito de investimento estrangeiro e, em 2020, muitos investidores migraram para mercados menos arriscados, ou mais rentáveis, como o Bitcoin.
Além disso, ele aponta que os gastos internos têm sido altos no Brasil, o que ajudou a sustentar alguns aspectos da economia, mas alimentou a preocupação de que o governo pudesse ultrapassar seu teto de gastos, o que vem sendo evidenciado pela escalada de preços dos alimentos.
Recentemente o governo divulgou planos para criar um sistema adicional de previdência social, mas o plano em si contém um teto de gastos que seria ultrapassado nos termos atuais. Ao mesmo tempo, o Ministério da Economia tem sido inflexível quanto à manutenção do auxílio emergencial em relação ao cumprimento das regras fiscais.
“O potencial para uma crise orçamentária e a profunda divisão nas declarações públicas de diferentes setores do governo e do banco central assustaram os investidores. Isso causou depreciação, apesar de alguns ganhos temporários ao longo do mês de janeiro em resposta a notícias econômicas positivas, incluindo a confiança em uma recuperação do setor industrial do Brasil e o anúncio de um acordo comercial bilateral com os Estados Unidos que ainda não se concretizou.”, afirma.
Mello pontua que somente no ano passado, em relação ao real, o Bitcoin teve uma valorização de mais de 400% saindo da faixa dos R$ 29 mil em janeiro de 2020 para mais de R$ 150 mil em dezembro, chegando a R$ 230 mil em janeiro deste ano e enquanto o real desvalorizou-se frente ao dólar de 30% em média.
“A expectativa da inflação para o ano de 2021 é de 5 a 6%, o que provocará mais desvalorização da moeda. Qual o caminho portanto a seguir para se proteger: o Bitcoin“, finaliza.
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