Dólar é ou não ativo de segurança em tempos de crise global?
Pode parecer irracional colocar seu investimento no Dólar justamente num período em que o Federal Reserve (FED) está injetando dinheiro no sistema em níveis recorde, ao mesmo tempo que aumenta ainda mais sua dívida através de programas de resgate.
Não vamos entrar no mérito histórico ou armamentístico para definir o valor do Dólar, uma vez que este tipo de análise não se altera em questão de semanas.
Se houvesse um temor de calote, confisco ou similar, as pessoas fugiriam da moeda independente dos 245 anos de história ou orçamento militar superior ao somatório dos outros sete maiores países.
Como se compara ao Euro ou Yuan?
A primeira conclusão que podemos tirar é que a estabilidade do Dólar é relativa, pois depende de como as demais regiões e/ou potências estão se comportando.
Trata-se de um jogo de confiança, dado que a relação dívida / Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA é uma das mais altas, perdendo até mesmo para Portugal e Espanha.
Repare no gráfico acima que o Dólar não é nem de perto a moeda em maior circulação, somando depósitos em conta bancária e notas físicas. No entanto, quando analisamos os mercados de dívida e ações, a liderança torna-se quase absoluta.
Por que diabos confiar nos caras?
Apesar de ter caído de 74% em 2010 para atuais 61%, o Dólar ainda forma a maior parte das Reservas Internacionais dos governos. Países como a China tem feito um esforço gigantesco pra se desfazer de ativos dolarizados nos últimos anos, mas a realidade é que são reféns.
Assim como o dilema do ovo e galinha, a reação em cadeia causada por uma eventual quebra de confiança resultaria no colapso das demais moedas e consequente crash em toda a estrutura que sustenta as grandes economias globais.
Em suma: você pode até não confiar no Dólar, mas as chances do seu país quebrar antes são enormes. Um site bacana pra acompanhar é USDebtClock.org, que mede esta dívida em tempo real.
Ouro e Bitcoin como alternativas
Um retorno ao padrão-ouro já foi extensamente debatido pelos economistas, mas os efeitos de curto e médio prazo ao abolir este vício de estímulos econômicos não representa a vontade da população.
A prova viva é que mesmo governos mais liberais como EUA estão aprovando indiscriminadamente programas de salvaguardas, e mesmo assim sua aprovação segue alta.
Conclusão
Não há nada que indique que o Dólar irá perder sua dominância no curto prazo. Quem apostou contra, quebrou. Para nossa sorte, isto não impede que o Bitcoin vença a briga, neste momento, com as demais moedas e até mesmo a prata e o ouro.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Desde maio de 2017, faz arbitragem e trading de criptomoedas, além de ser cofundador do site de análise de criptos RadarBTC.
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