Apesar de sucesso comemorado pelo Banco Central, quase 40% dos brasileiros nunca usou o Pix

Pesquisa da Febraban revela que a capilaridade do Pix ainda não é ampla no Brasil; entrevistados também mostram pessimismo com a economia.

O sistema de transações rápidas do Banco Central, o Pix, completou cinco meses desde seu lançamento, crescendo mês a mês entre a população brasileira.

O próprio BC já comemorou o sucesso do Pix em declarações tanto da diretoria quanto do presidente, Roberto Campos Neto, mas o Pix ainda não chega a dominar todas as transações no país.

Uma pesquisa da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) repercutida pela Folha de S. Paulo revelou que quase 40% dos brasileiros nunca usou o sistema do BC.

Na pesquisa, a porcentagem de brasileiros que afirmaram usar o Pix chega a 60%, destes, 74% já enviaram ou receberam transferências e 69% usaram o sistema para pagamentos.

Já 38% dos entrevistados afirmou que nunca usou o sistema. Entre os bancarizados, a porcentagem cai para 35%, mas entre os não bancarizados o número sobe para 57%. A Febraban esclarece que os desbancarizados podem usar o Pix usando carteiras digitais ou contas de terceiros, por exemplo.

Curiosamente, 1% dos entrevistados disseram que usaram o Pix como um “aplicativo de relacionamento”, número que sobe para 4% entre os mais jovens, de 18 a 24 anos.

Quando o assunto é confiança, 62% se sentem pouco ou nada seguros em relação à proteção de dados pessoais na internet, e 29% se sentem seguros. Além disso, mais de 30% deles não confia em bancos (33%) nem fintechs (37%).

O brasileiro também não acredita na retomada econômica prometida pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, com 75% dizendo que a recuperação econômica só deve acontecer em 2022, enquanto 54% também só esperam melhorar a condição financeira familiar a partir do ano que vem.

O presidente do Ipespe, Antonio Lavareda, diz à Folha:

“Grande parte das famílias tem ou teve que conviver por um longo período com perdas financeiras, esvaziamento das reservas, redução salarial, desemprego. Diante de tantas dificuldades enfrentadas, não é de se estranhar o pessimismo quanto à recuperação financeira das pessoas e do país”

O pessimismo também é medido em outros temas: 80% das pessoas ouvidas esperam mais inflação e custo de vida mais caro, 76% espera alta nas taxas de juros e 70% acreditam que o desemprego vai crescer. O Datafolha e a Febraban dizem que este é o pior resultado desde o começo de pesquisas deste tipo no Brasil, em 1997.

A pesquisa entrevistou 3.000 pessoas de todas as regiões do país e todas as classes sociais por telefone, entre os dias 1 e 7 de março.

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