Fundamentos de DeFi ficarão ainda mais fortes em 2023, aponta Hashdex em relatório
Após sobreviver aos colapsos de 2022, o mercado de finanças descentralizadas pode ser impulsionado em três diferentes áreas no ano que vem
A gestora brasileira de ativos digitais Hashdex publicou um relatório com previsões sobre as narrativas que estarão quentes em 2023 dentro do mercado de criptomoedas. Além de falar sobre a tese de investimento em Bitcoin (BTC), de escalabilidade e de questões regulatórias, o relatório avalia também o fortalecimento de protocolos das finanças descentralizadas (DeFi, na sigla em inglês).
O documento chama atenção para a resiliência dos protocolos de DeFi em 2022, que se mantiveram de pé enquanto plataformas centralizadas ruíram, como a FTX.
2022 desafiador
Pedro Lapenta, Head de Research da Hashdex, classifica o ano de 2022 como um “teste de estresse” para DeFi. Após um próspero ano de 2021, com a alta do mercado de criptomoedas marcada pela máxima história do Bitcoin em quase US$ 70 mil, este ano foi o oposto.
“Em seu pico de dezembro de 2021, DeFi acumulou US$158 bilhões em TVL (valor total alocado) nos vários ecossistemas e aplicativos de blockchain. No final de novembro de 2022, seu TVL havia diminuído para US$ 43 bilhões, uma queda de 72%”, destaca Lapenta.
Como elementos que prejudicaram DeFi em 2022, o Head de Research da Hashdex elenca os ‘suspeitos usuais’: cenário macroeconômico caótico e os colapsos de diferentes players, como o ecossistema Terra, FTX e o fundo de hedge Three Arrows Capital. O importante, destaca Lapenta, é que o segmento de DeFi se mostrou vivo, mesmo após esses significativos baques no mercado cripto.
“Os agentes falidos durante esse ano foram as instituições de finanças centralizadas. Em contraste, Aave, Compound, Uniswap, MakerDAO e muitos outros protocolos DeFi de ponta funcionaram extremamente bem. Eles processaram e liquidaram todas as transações, e não exigiram nenhum suporte externo”, avalia Lapenta, comentando ainda a previsibilidade e transparência dos contratos inteligentes.
Abrindo espaço para 2023
Além de mostrar sua resiliência em 2022, o mercado de DeFi também exibiu três importantes desenvolvimentos neste ano que terão reflexos positivos em 2023. O primeiro é a atividade de stablecoins: apesar do colapso do Terra USD (UST), novas alternativas para stablecoins surgiram.
Dois exemplos de avanços com stablecoins mencionados são a GHO, emitida pela Aave, e a crvUSD, emitida pela Curve, que o relatório aponta como “exemplos dignos de atenção”. Lapenta elogia também o Tether USD, ou USDT, pela conversão da maior parte de seu colateral em dinheiro, substituindo a maioria dos títulos.
O segundo desenvolvimento tido como importante por Lapenta é o staking líquido. Trata-se de uma forma de alocar ativos em staking, recebendo em troca um ativo sintético que pode ser usado em protocolos DeFi. Ou seja: não é mais necessário escolher entre alocar ativos na segurança de um protocolo ou utilizá-lo em diferentes plataformas para auferir ganhos.
“A Lido, uma solução descentralizada de staking líquido, ganhou significativa fatia de mercado de soluções centralizadas (por exemplo, Coinbase e Binance), sinalizando, mais uma vez, que há demanda por soluções descentralizadas e transparentes”, aponta o relatório.
A sustentabilidade econômica é o terceiro grande desenvolvimento de DeFi em 2022 apontado por Lapenta. Nesse ponto, o colapso do ecossistema Terra teve influência direta, ao mostrar a necessidade de sistemas econômicos para tokens mais sólidos, chamados de tokenomics.
“Acreditamos que as soluções de DeFi serão mais integradas às finanças tradicionais , como já vimos com JPMorgan, SWIFT e caixas eletrônicos no Brasil. Protocolos DeFi de ponta com forte receita (Aave, Compound e Uniswap, por exemplo) se fortalecerão com base em seus tokenomics bem projetados, já que muitos deles buscam novos modelos de
negócios, como o Uniswap está fazendo com sua iniciativa de ‘troca de taxa’.”
Assim como no relatório da Messari com previsões para 2023, o Head de Research da Hashdex também acredita que as soluções de Camada 2 terão grande importância. Um exemplo é a criação de mais aplicações descentralizadas sobre redes como a Polygon, e sobre zk-rollups.
O relatório também aponta “maior diversificação das alternativas de staking líquido para ajudar o setor a se expandir em muitas redes”. Além disso, Lapenta acredita em um crescimento na importância do Bitcoin, “à medida que mais soluções de DeFi em sua blockchain ganham tração e a interoperabilidade se torna cada vez mais relevante”.
“Esperamos um cenário de DeFi mais racional e sustentável daqui para frente, com ‘rendimentos reais’ sendo um dos principais temas para 2023. E, claro, a regulação continuará sendo um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento do DeFi: é esperado para 2023 o estabelecimento de uma estrutura para regulamentar as stablecoins nos EUA e na UE”, conclui o relatório.
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