Pioneiro DeFi repete SBF e faz apelo por regulamentação mais rígida para criptomoedas
O fundador da Yearn Finance, Andre Cronje, sugeriu que várias falhas vieram à tona no setor de criptomoedas este ano e que a regulamentação é necessária para “domar atores irresponsáveis”.
O respeitado ex-fundador e desenvolvedor de diversos projetos de finanças descentralizadas (DeFi), Andre Cronje, reapareceu após um longo hiato de ausência para pedir que as criptomoedas sejam reguladas de forma mais rígida após a implosão do Terra e de várias empresas centralizadas este ano.
Os comentários ecoam ideias semelhantes às apresentadas pelo CEO da FTX, Sam Bankman-Fried (SBF), que na semana passada também sugeriu a necessidade de implementação de padrões regulatórios mais rigorosos no setor de ativos digitais, incluindo mais proteção aos consumidores, transparência e alertas de risco.
O documento divulgado por SBF com suas propostas foi recebido com forte reação da comunidade, no entanto. Muitas pessoas acusaram SBF de tentar monopolizar ou censurar o espaço DeFi, entre outras coisas.
Em uma postagem publicada no seu blog pessoal em 25 de outubro, intitulada “The Crypto Winter of 2022” (“O Inverno Cripto de 2022”), Cronje clamou pela regulamentação do setor, observando que “o recente declínio do mercado de criptomoedas mostrou as falhas no sistema e a necessidade de regulamentação para domar atores irresponsáveis e proteger os consumidores”.
Cronje acrescentou que este tem sido um ano sombrio para a indústria, ao apontar o colapso do ecossistema Terra e de várias empresas de criptomoedas centralizadas – particularmente plataformas de empréstimo – que deixaram os consumidores abalados:
“Os problemas que parecem ser mais evidentes dizem respeito a casos em que as criptomoedas dos usuários são bloqueadas em contas gerenciadas por exchanges ou onde o gerenciamento de seus fundos é deixado nas mãos de terceiros.”
Ele foi além e também pediu maior proteção ao consumidor, especialmente no que diz respeito a exchanges de criptomoedas e provedores de serviços de investimento em criptomoedas. Cronje destacou o caso complexo de usuários da Celsius que tentam recuperar seus fundos em meio ao processo de falência da empresa atualmente em andamento.
“Os remédios sob o atual regime regulatório são ineficazes. A maioria dos investidores abre mão de seus direitos sobre suas criptomoedas em termos e condições caudalosos de exchanges de criptomoedas e muitos serão (na melhor das hipóteses) classificados como credores não garantidos caso esses serviços de exchanges sejam liquidados”, escreveu ele.
O ex-desenvolvedor do DeFi detalha as soluções atuais usadas nas finanças tradicionais que o setor de criptomoedas ainda não introduziu, incluindo seguro de depósito, supervisão prudencial para que o consumidor possa “abordar a autoridade prudencial relevante, ou pelo menos usar uma legislação abrangente como estrutura protetiva.”
Em relação ao seguro de depósito, Cronje enfatizou a importância de os bancos centrais em todo o mundo aderirem às práticas de seguro obrigatórias para garantir que os fundos dos consumidores sejam protegidos.
Sob tais práticas, geralmente as pessoas têm uma rota viável e relativamente direta para recuperar seus fundos, ao contrário do caso de Celsius.
“A rede de segurança do seguro de depósito é um remédio disponível para consumidores em bancos tradicionais que não está disponível para clientes de exchanges de criptomoedas (como Celsius)”, escreveu.
Em relação à supervisão prudencial, Cronje disse que as próprias autoridades do setor podem melhorar a confiança nas criptomoedas, como o caso dos bancos centrais que supervisionam os bancos privados em fatores como “capital, qualidade dos ativos, solidez da gestão, ganhos, liquidez e sensibilidade ao risco.”
Cronje é visto como uma das figuras mais influentes do movimento de finanças descentralizadas, em parte devido ao lançamento do Yearn.finance no verão DeFi de 2020 e por seu trabalho em vários outros protocolos. Em março, no entanto, ele anunciou que estava se afastando completamente da indústria.
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