Protocolos de opções descentralizadas podem ser a nova tendência emergente DeFi, afirma analista

Depois da ascensão fulminante de exchanges descentralizadas de futuros perpétuos como a GMX e a Gains Network, protocolos de opções descentralizadas podem se tornar a próxima narrativa dominante no setor de finanças descentralizadas.

O valor bruto do mercado tradicional de derivativos é estimado atualmente em torno de US$ 11,6 trilhões, de acordo com dados do site Visual Capitalist, mas no ambiente de finanças descentralizadas (DeFi) os derivativos cripto ainda respondem por uma fatia pequena do valor total bloqueado (TVL) em DApps (aplicativos descentralizados) e protocolos.

A recente ascensão de exchanges descentralizadas (DEX) de futuros perpétuos, como a GMX e a Gains Network (GNS) em pleno mercado de baixa sugere que os derivativos podem se configurar como um dos principais vetores de inovação em DeFi e há grandes chances de que a nova tendência emergente do setor seja puxada por protocolos de opções descentralizadas, afirmou o trader e analista Miles Deutscher em um thread publicado no Twitter em 30 de outubro.

Antes de vislumbrarmos alguns projetos que estão se dedicando a criar soluções para descentralizar o mercado de opções, vamos entender como funciona esta classe de derivativos.

Conceito

Uma opção é um contrato de derivativo que dá ao seu comprador o direito – mas não a obrigação – de comprar ou vender um ativo subjacente a um preço pré-definido em uma data de vencimento específica. Enquanto os futuros perpétuos negociados na GMX e na Gains Network obrigam compradores e vendedores a sacramentar a transação a um preço fixo na data de expiração do contrato, as opções, como o próprio termo sugere, têm o benefício da opcionalidade.

Um contrato de opção deve conter algumas condições fundamentais, conforme explicou Robson Silva Junior, cofundador e desenvolvedor do protocolo DeFi brasileiro de opções descentralizadas Pods Finance.

Primeiramente, há duas modalidades de contratos: aqueles que garantem o direito de compra do ativo subjacente são conhecidos como calls, enquanto os que asseguram o direito de venda são os chamados puts.

Todo contrato tem uma data de expiração para o exercício do direito, também conhecido como maturidade, e um preço alvo para exercício da transação, chamado strike, ou preço de exercício.

Por fim, há duas modalidades que definem o momento para exercício ou não do direito de compra: a europeia prevê que o direito só pode ser exercido quando da expiração do contrato, ao passo que a americana determina que o direito pode ser exercido a qualquer momento até a expiração do contrato.

Utilidade

Uma opção necessariamente é um contrato entre duas partes, no qual ambos concordam em executar uma determinada operação caso as condições pré-estabelecidas forem atendidas. Ao comprador da opção cabe a opcionalidade de comprar ou vender um ativo a um preço pré-acordado – o preço de exercício. Já o vendedor da opção tem a obrigação de comprar ou vender o ativo subjacente se for o desejo do comprador.

Basicamente, contratos de opções têm duas utilidades: a primeira é de proteção do patrimônio, que garante a possibilidade de venda de um ativo a um preço determinado independentemente das condições do mercado; e a segunda é de especulação.

Opções de venda são utilizadas por investidores que apostam na queda do mercado, garantindo a venda do ativo subjacente a um preço superior ao do mercado à vista no momento da expiração do contrato.

Ao contrário, opções de compra são úteis para investidores que acreditam na alta do mercado, viabilizando a compra do ativo subjacente por um valor inferior ao que ele é negociado no mercado à vista.

Ou seja, as opções podem ser utilizadas como um instrumento de gerenciamento de risco e para executar estratégias de investimento mais sofisticadas.

Os contratos de opção de compra e venda de ativos são vendidos por um preço que é definido de acordo com a demanda do mercado. Robson explica que há diversas métricas que podem ser utilizadas para a precificação de um contrato de opções, no entanto “não se trata de uma ciência exata”.

Diante da expiração do contrato, as opções podem estar in-the-money, que significa que há oportunidade de lucros em razão da diferença do preço do ativo subjacente no mercado à vista em relação ao preço de exercício.

Uma opção de compra in-the-money significa que o titular da opção pode comprar o ativo subjacente abaixo de seu preço de mercado. E uma opção de venda in-the-money significa que o titular da opção pode vender o ativo subjacente acima de seu preço de mercado à vista. No entanto, devido às despesas com comissões e o próprio prêmio envolvidas na compra de opções, uma opção in-the-money não garante que o seu titular terá lucro ao exercê-la.

Diz que uma opção está out-of-the-money quando o seu titular não obterá nenhuma vantagem ao exercê-la. 

Opções no mercado cripto

A negociação de derivativos é recomendada exclusivamente para traders experientes, visto que elas potencializam os riscos dos investidores, especialmente em um mercado volátil como o de criptomoedas.

Embora o mercado de derivativos cripto movimente grandes quantias, as transações são majoritariamente executadas através de exchanges centralizadas, como a Deribit, a Bybit e a própria Binance, mas o modelo de negócios criado pela GMX, distribuindo as receitas geradas pela plataforma para os provedores de liquidez e para os detentores do token nativo da DEX mostrou que há demanda por mercados de derivativos descentralizados.

O citado protocolo DeFi brasileiro Pods Finance permite que os usuários comprem ou vendam opções de compra de criptomoedas, ou criem seus próprios tokens de opções.

Para emiti-los é necessário bloquear o colateral como garantia em um contrato inteligente que vai conter todos os detalhes da operação, como o preço de exercício, o ativo subjacente, o ativo colateral e o vencimento. A quantidade de tokens de opções será emitida na proporção de 1:1 com o ativo subjacente.

Os tokens de opções têm o padrão ERC20 e podem ser vendidos no mercado secundário em DEXs ou mercados P2P. Qualquer um pode criar esses tokens de opções através da Pods.

A diferença entre criar o próprio token ou simplesmente comprar um token de opção é que no primeiro caso é necessário bloquear o ativo colateral para obter a opcionalidade de compra do ativo subjacente pelo preço de exercício; no segundo caso se está pagando uma determinada quantia pela opção de venda do ativo subjacente pelo preço de exercício. 

Atualmente, a Pods oferece outras estratégias de investimento baseadas em opções, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil anteriormente. O valor total bloqueado no protocolo é de US$ 927.453, de acordo com dados do DeFi Llama.

Outros protocolos

Na postagem publicada no Twitter em que aponta que o mercado de opções descentralizadas tem grandes chances de despontar como a nova narrativa dominante do setor DeFi, Deutscher destaca alguns projetos com potencial de crescimento a partir da expansão do mercado de derivativos descentralizados.

Em primeiro lugar, Deutscher destaca o Dopex (DPX). Baseada na Arbitrum, uma solução de camada 2 da Ethereum, a Dopex permite que os usuários utilizem os ativos usados como colateral em suas estratégias de investimento. A capitalização de mercado do Dopex atualmente é de US$ 25,35 milhões, de acordo com dados do DeFi Llama.

Em seguida, o analista cita o Hegic (HEGIC), que permite que os usuários comprem opções de compra e venda de Ether (ETH) e Bitcoin (BTC). Parte das receitas geradas pelo protocolo é destinada aos stakers do token nativo da plataforma. Também baseado na Arbitrum, o protocolo tem atualmente um TVL de US$ 2,4 milhões, segundo dados do DeFi Llama.

Por fim, o Lyra Finance (LYRA) está entre os maiores protocolos do setor com um valor total bloqueado de US$ 16,34 milhões, de acordo com dados do DeFi Llama, e utiliza ativos sintéticos para viabilizar a negociação de contratos de opções descentralizados precificados por formadores automáticos de mercado (AMM).

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