‘Cruz da Morte’ pode ser mais um golpe no preço do BTC em direção a novas mínimas, diz analista

Jamais em seus 13 anos de história o Bitcoin configurou uma “cruz da morte” em seu gráfico semanal, mas, em um 2022 marcado por notícias ruins e métricas negativas inéditas, a formação surge como um novo vetor potencial de queda para o preço do BTC.

Em seu último fechamento semanal antes das festas de fim de ano, o Bitcoin (BTC) voltou a quebrar abaixo do frágil suporte de US$ 17.000, acossado por rumores negativos que seguem a espreitar o mercado de criptomoedas.

Embora tenha resistido sem sobressaltos aos testes de estresse de saques massivos efetuados por clientes e formadores de mercado na semana passada, a Binance segue no centro das atenções da comunidade cripto. 

A saída estratégica da Mazars, firma de auditoria que verificou e atestou a prova de reservas (PoR) da maior exchange global em volume de negociação, abandonando não apenas a Binance, mas todos os seus clientes da indústria de criptomoedas, serviu para manter os traders em estado de alerta, ao mesmo tempo que a ofensiva da mídia e dos reguladores centra fogo na empresa transnacional comandada por Changpeng “CZ” Zhao

Muitos membros da comunidade cripto entenderam o recuo como um sinal de que pode haver algo de podre no reino de CZ. Muito embora as empresas de análise de dados on-chain Nansen e CryptoQuant tenham corroborado os achados da Mazars, as evidências não serviram para tranquilizar investidores ressabiados com a sequência avassaladora de colapsos e falências que teve início em maio deste ano com o crash das moedas nativas do protocolo de finanças descentralizadas (DeFi) Terra (LUNA).

Liquidações massivas de ativos do portfólio da Genesis Trading também foram interpretadas como um sinal de que a gigante está em busca de liquidez para honrar seus compromissos após tentativas infrutíferas de levantar dinheiro no mercado. 

O colapso de uma ou de outra, ou mesmo das duas, pode servir de catalisador para a aguardada capitulação final do mercado. Ainda mais porque sob o ponto de vista macroeconômico não há elementos suficientes capazes de contrabalançar a fraqueza inerente à indústria de criptomoedas, desencadeando ralis de alívio e menos ainda uma reversão de tendência sustentável em médio e longo prazo. Isso é algo que possivelmente só deve ocorrer no ano que vem.

Cruz da Morte

Se no terreno fundamentalista não há razão para otimismo, a iminência de uma temida e inédita “cruz da morte” no gráfico semanal do par BTC/USD aponta para novas quedas no curto prazo e sugere que o fundo de preço do BTC, atualmente em US$ 15.500, pode ser novamente testado.

Na semana passada, em 13 de dezembro, logo após a divulgação dos dados da inflação dos Estados Unidos para o mês de novembro, o Bitcoin voltou a testar a região de US$ 18.000 pela primeira vez em mais de um mês. Foi rejeitado em sua primeira tentativa, mas chegou a alcançar US$ 18.387 no dia seguinte. No entanto, não teve força suficiente para transformar a resistência em suporte e desde então já corrigiu quase 10%.

Em uma análise exclusiva para o Cointelegraph Brasil, o fundador da Crypto Investidor, Diego Consimo, afirma que a “cruz da morte” não necessariamente se configura como um evento negativo para o preço do BTC:

A chamada cruz da morte na análise técnica é o cruzamento da média móvel de 50 dias (MA50) abaixo da média móvel de 200 dias (MA200), geralmente forçando o preço a correções agressivas. Esses cruzamentos são considerados fortes quando ocorrem em tempos gráficos semanais e diários. Mas o que poucas pessoas sabem é que esse tipo de cruzamento geralmente ocorre após o movimento de queda do preço já ter ocorrido. Então, na maioria das vezes, quando de fato as médias acabam se cruzando o preço já encontrou seu fundo e inicia um processo de consolidação para uma reversão.”

Consimo destaca que em 2015 o gráfico semanal do par BTC/USD chegou a apresentar uma configuração muito semelhante à que estamos testemunhando agora, e que ela acabou se revelando positiva para a ação de preço do BTC no longo prazo:

“No caso do Bitcoin a cruz da morte nunca ocorreu no gráfico semanal em toda sua história, em 2015 a MA50 no semanal chegou próxima do cruzamento com a MA200 no gráfico semanal, mas o movimento foi evitado pelo mercado, que jogou o BTC para cima e iniciou um processo de alta que levou o Bitcoin da faixa de U$200,00 para a máxima histórica de 2017, quando bateu a marca de U$19.700 com uma valorização de 9.800%.”

No entanto, dadas as condições atuais do mercado, Consimo afirma que é possível que a “cruz da morte” se confirme e o preço do BTC possa buscar um novo fundo abaixo do atual de US$ 15.500:

“No ciclo atual a MA50 está se aproximando da MA200 no semanal e empurrando o preço para baixo. Agora, resta saber se esse cruzamento irá ocorrer de fato, levando o BTC para testar seu suporte em uma região entre R$14.500 e U$12.000, ou se teremos um movimento similar ao de 2015, evitando o cruzamento para marcar o início de um novo ciclo de alta.”

No gráfico abaixo, Consimo demonstra a relação entre as médias móveis de 50 e 200 dias no gráfico semanal do Bitcoin desde 2014.

Gráfico semanal BTC/USD com destaque para MA50 (verde) e MA 200 (vermelho). Fonte: Crypto Investidor

O analista também destaca que sob uma perspectiva histórica que toma por base os ciclos de 4 anos estruturados em torno do halving, conforme o gráfico abaixo, é possível que o Bitcoin já tenha consolidado o fundo de preço do atual ciclo e já esteja em fase de acumulação:

“O bitcoin já está em condições históricas de ter encontrado seu fundo pré Halving. Os últimos 2 ciclos, de 2020 e 2016, podem ter criado um evento padrão de marcação de fundo pré halving acontecendo em torno de 500 dias antes do evento acontecer. Em 2016 o fundo foi marcado 518 dias antes do evento ocorrer e em 2020 o fundo foi marcado 532 dias  antes do evento ocorrer. Agora o Bitcoin já se encontra a 550 dias do próximo halving, que deve ocorrer em maio de 2024.”

Fundos de preço do par BTC/USD em relação aos halving. Fonte: Crypto Investidor

A opinião de que o fundo do atual ciclo de baixa do Bitcoin já foi consolidado é compartilhada por Felipe Vella, analista de valores mobiliários e criptomoedas da Ativa Investimentos, conforme ele explicou em uma entrevista concedida ao Cointelegraph Brasil na semana passada.

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