“Danter Silva, da Unick Forex, captava clientes para pirâmide financeira”, diz delegado da Polícia Civil

O caso da D9 Clube de Empreendedores traz outros nomes para a história, a exemplo da Bitcointoyou que teve mais de R$ 6 milhões bloqueados pela Justiça e do diretor de marketing da Unick Forex, Danter Silva, que figura como réu num dos processos movidos pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul.

Fernando Pires Branco, delegado da Polícia Civil de Sapiranga, no Rio Grande do Sul, que foi responsável pela investigação que desmantelou o grupo disse ao Portal do Bitcoin que não resta dúvida de que a D9 “era de fato um esquema de Pirâmide financeira”.

“Eu investiguei a D9 no ano de 2017. Após a investigação, vimos que se tratava de uma pirâmide financeira. O lucro auferido pelas pessoas do topo era unicamente e exclusivamente com entrada de novas pessoas no golpe. Não tinha sustentação”.

Conexão da pirâmide

De acordo com Branco, o esquema era gigante com “atuação
em todo o Brasil e em alguns outros países e tinha uma célula muito forte aqui
no Rio Grande do Sul”.

“Nós focamos nossa investigação na célula daqui, acabamos por atingir também as lideranças nacionais desse grupo criminoso”.

Com isso pelo menos 34 pessoas foram indiciadas pela
Polícia Civil de Sapiranga por envolvimento no esquema fraudulento.

Naquele período, conta o delegado que o líder nacional da D9, Danilo Santana, foi preso nos Emirados Árabes após a Justiça brasileira ter expedido um mandado de prisão à Interpol.

“Várias pessoas foram presas, inclusive o líder nacional do esquema que estava residindo nos Emirados Árabes Unidos. Ele foi preso pela Interpol com uma ordem emitida aqui pela Justiça de Sapiranga. Esse mandado de prisão foi encaminhado para a Interpol e após a difusão dele se chegou ao Danilo (Santana).”.

O problema, contudo, é que esse país não tem tratado
de extradição com o Brasil e desta forma, o líder nacional da D9 não pode ser
enviado ao Brasil para cumprir sua pena, conforme explica o delegado.

Da D9 para Unick Forex

Branco revela que o atual diretor de marketing da Unick Forex, Danter Silva, era uma das pessoas que captava clientes para a D9 naquela época, mas não há como saber precisamente se ele sabia de todo o esquema.

Danter Silva, segundo o delegado, não é apenas investigado,
mas sim um dos réus no processo movido pelo Ministério Público do Estado do Rio
Grande Sul. Não se pode afirmar, entretanto, se a Unick Forex seria uma continuidade
da D9, pois não há ligação entre elas.

“As funções na D9 copiavam aqueles tidas no esporte
como treinador, capitão, etc. O Danter (Silva) era um capitão. Ele apenas
participava da empresa captando clientes. Não era um de seus diretores. Mas tem
um processo contra ele. Não podemos dizer que ele está sendo indiciado ou
investigado. Ele é réu mesmo. O processo ainda está tramitando”.

Lavagem de dinheiro

Além da acusação de envolvimento com esquema de pirâmide
financeira, os participantes da D9, “estão respondendo por lavagem de dinheiro e
estelionato. Se fosse só pelo crime contra a economia popular, sequer eu
poderia ter pedido a prisão preventiva deles”.

Entre as pessoas que foram presas, estava Márcio dos Santos, líder da D9 no Rio Grande do Sul, que após ter sido solto foi encontrado carbonizado dentro do porta-malas de um carro.  O fato ocorreu em setembro do ano passado em Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

O fato é que a D9 trouxe um prejuízo de R$ 200 milhões
aos investidores tanto no Brasil quanto no exterior. E, isso pode ter motivado
a morte de Márcio dos Santos.

No entanto, o caso ainda envolveu a corretora de criptomoedas Bitcointoyou que teve mais de R$ 6,4 milhões bloqueados pela Justiça. Branco explica que esse valor foi bloqueado pois estava numa conta que pertencia à D9 junto a corretora.

“A conta era exclusiva da D9 e usada por ela. A gente
pediu o bloqueio do valor dessa conta específica e foi lá que se encontrou os
R$ 6,4 milhões. Esse dinheiro não era da corretora ou de outros clientes dela”.

De acordo com o delegado, a D9 empreendimentos depositava o valor arrecadado pelos investidores e prometia a eles pagamento em criptomoeda. “Isso servia para dificultar a rastreabilidade do dinheiro que entrava servindo de elemento fundamental para se lavar esse dinheiro”.

O esquema da D9

O delegado conta que o esquema da D9 envolvia a
aplicação do dinheiro de investidores em criptomoedas, em bolsa de apostas
esportivas e a promessa de grande retorno financeiro.

“A D9 afirmava que aplicava o dinheiro que recebia numa bolsa de apostas esportivas sediada no Reino Unido que era a Betser. Com o lucro dessas apostas ela remuneraria as pessoas”.

Até um curso de trader esportivo para tornar as pessoas
profissionais nesse segmento teve. Mas a realidade era que “a maioria dos
investidores sequer conheciam esses cursos. E esses cursos não passavam de fachada”,
conforme aponta Branco.

O retorno financeiro não vinha de nada relacionado a
investimentos ou venda de cursos, mas sim da entrada de novos investidores. Mas
isso era disfarçado com a venda de pacotes que dava direito a um curso de
trader.

O delegado conta que o curso era o mesmo independentemente do pacote comprado. “A Entrada dos investidores nessa pirâmide se dava a partir da venda de pacotes. O valor de remuneração variava de acordo com o valor dos pacotes adquiridos”.

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