Dados indicam que 75% dos Bitcoins não mudam de mãos e questionam discurso de descentralização
Estudo da Glass Node e dados da Nomics e da Into The Block apontam que grande maioria do BTC em circulação não está exatamente ‘circulando’
Um estudo realizado pela GlassNode mostrou que 25% do volume de Bitcoins transacionados onchain mudam de mãos frequentemente. Isso significa que apenas um quarto de todo o Bitcoin em circulação está de fato circulando.
Ao mesmo tempo, a estatística revela que uma concentração de 75% de todo o Bitcoin disponível nas mãos das exchanges.
Segundo analistas, o dado também mostra que a adoção do ativo ainda é baixa, muito distante daquilo que se espera em escala global.
Outras análises apontam cenários bastante parecidos. Dados da Nomics e da IntoTheBlock cruzados pelo site Cryptowatch, também mostram indícios da forte concentração.
Imagem: Cryptowatch
O gráfico acima indica que quase 89% de todo o Bitcoin disponível no mercado – cerca de 18 milhões de unidades – estão nas mãos das bolsas de criptoativos.
Para a adoção e a disseminação da tecnologia, o dado evidentemente não é positivo.
Outro dado alarmante diz respeito às baleias (pessoas com grandes quantidades do ativo): apenas um delas possui 1,41% de todo o Bitcoin disponível.
Os outros cerca de 10% estão nas mãos dos investidores, os famosos hodlers.
Em 21 de agosto de 2019, um volume de mais de US$ 250 bilhões foi movimentado em um único dia.
A título de comparação, nesse mesmo dia, o Bitcoin batia a marca dos US$ 10 mil pela primeira vez em 2019, mas seu volume nominal no mercado aberto era de apenas US$ 52 bilhões, segundo dados do CryptoCompare.
Imagem: CryptoCompare
No entanto, esse volume foi causado simplesmente pela “mudança” do Bitcoin, associada a uma exchange que criou novas carteiras frias e reorganizou seus fundos internamente – nenhum Bitcoin “real” foi transferido entre diferentes participantes da rede.
Esse fluxo de Bitcoin foi da Huobi em direção à Binance. A Huobi tem servido de ponto entre os investidores chineses e a Binance, desde que esta mudou sua sede fiscal para Malta, a fim de fugir das regulações da China continental (Mainland).
Na economia do Bitcoin, as implicações de se mover fundos dentro da mesma entidade ou de realmente transferir a propriedade do ativo entre os participantes da rede, são muito diferentes – e representam coisas muito diferentes em termos de atividade econômica.
Além de impactar as análises e o cenário da adoção do ativo, o dado também é relevante porque afeta uma das características principais do Bitcoin: ele é operado em rede, e só existe por causa dela. A concentração excessiva, por sua vez, vai de encontro a isso.