CVM vê indícios de pirâmide na Unick Forex e processo sancionador contra empresa avança
A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu processo sancionador contra a Unick Forex, acusando-a de “emissão pública e distribuição de valores mobiliários” sem a devida liberação da própria comissão.
A informação foi divulgada nesta quinta (5/9) pelo site Valor Econômico. Segundo o jornal, que obteve acesso ao processo, a empresa vem “captando poupança popular de forma disfarçada como venda de conteúdo”, mesmo após ter sido notificada pela CVM.
No documento obtido pelo Valor, a CVM afirma que “As promessas feitas pela Unick de altos lucros garantidos com ganhos adicionais pela indicação de outros investidores apontam fortemente para indícios de uma estrutura de pirâmide financeira”.
Como divulgado anteriormente pelo Livecoins, a empresa é também investigada pela Polícia Civil e pelo Ministério Público por possível atuação como pirâmide financeira.
A notificação de que fala a reportagem do Valor aconteceu em março de 2018 e, depois, foi reforçada em abril de 2019. Na comunicação deste ano, a CVM “reitera o alerta ao mercado de valores mobiliários e ao público em geral sobre a atuação irregular da empresa Unick Sociedade de Investimentos LTDA na emissão e distribuição de valores mobiliários sem autorização da Autarquia”.
Unick Forex se defende contra acusações de Pirâmide financeira
De acordo com a reportagem do Valor, a Unick se defendeu afirmando que modificou seu site para impedir dúvidas de interpretação. “A Unick também apresentou uma proposta de R$ 500 mil para encerrar o caso por meio termo de compromisso. (R$ 350 mil pagos pela Unick e R$ 50 mil para cada um dos acusados”, no caso, LEIDIMAR BERNARDO LOPES (presidente da Unick), FERNANDO MARQUES LUSVARGHI (Diretor Júridico da Unick) e ALBERI PINHEIRO LOPES. A Procuradoria Federal Especializada da CVM está analisando a proposta. A Unick disse ao Valor que não emite valores mobiliários, e que está demonstrando isso à Autarquia.
Em outra matéria do Valor Investe, a CVM afirma que “o site da Unick dizia que a empresa não atuava em atividades reguladas pela CVM, mas dava a entender que teria um registro concedido pela Financial Conduct Authority (FCA)“ – uma entidade reguladora financeira no Reino Unido – A acusação, no entanto, “verificou a inexistência dessa autorização.”
Investimentos, cursos ou cashback?
Em decorrência do processo, que tem por número 19957.000238/2019-82, a Unick Forex foi intimada, em maio deste ano a apresentar defesa à CVM, a Comissão de Valores Mobiliários.
Na ocasião, o Livecoins elaborou uma reportagem completa mostrando como funcionava a empresa. Demonstramos, por exemplo, como a empresa se apresentava então como uma consultoria, e, meses antes, se apresentava como uma empresa de investimentos.
Mostramos ainda como a empresa oferecia “pacotes de conhecimento” que iam de valores de R$ 100, o pacote “Start”, até R$ 1 milhão, o chamado pacote “Imperial”. Outra informação que saltou aos olhos foi a forma como a empresa remunerava seus clientes. Chamando de cashback esses pagamentos, a empresa prometia retorno de 33% ao mês aos clientes.
Nos meses que se seguiram, a empresa mudou seu nome fantasia para Unick Academy, passando a divulgar-se como uma empresa de cursos e treinamentos. Nos últimos meses, houve uma série de denúncias de atrasos de pagamentos e até rumores de que a empresa teria sofrido uma fraude e perdido R$ 1,6 bilhão.
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