CVM marca julgamento da pirâmide financeira Unick Forex para dezembro
Mais de uma no depois do fim da empresa e prisão dos envolvidos, Unick Forex começa a responder por seus crimes junto à CVM.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) do Brasil vai começar a julgar uma das maiores pirâmides financeiras do país no dia 8 de dezembro: a Unick Forex.
A autarquia deve começar a julgar a atuação de três sócios da empresa, que foi fechada há pouco mais de um ano em uma operação da Polícia Federal: Leidimar Lopes, Albieri Lopes e Fernando Lusvarghi.
Na época da operação policial, os sócios e os chamados “líderes” da empresa foram todos presos, suspeitos de atuarem na pirâmide que deixou um rastro de mais de R$ 12 bilhões em desfalques.
O processo contra a Unick Forex foi aberto em abril de 2019 pela Superintendência de Relações com o Mercado e Intermediários (SMI). A CVM já havia alertado para a atuação irregular da Unick Forex, que oferecia “investimentos” em Bitcoin e prometia rendimentos vultuosos.
Devido à pandemia, o julgamento será por videoconferência.
Ministério Público Federal desmontou esquema
A Unick Forex é mais uma das enormes pirâmides financeiras de Bitcoin desmontada pelas autoridades brasileiras em 2019. Entre os casos de empresas suspeitas de fraude que deixaram prejuízos que superam os bilhões de reais, podemos ainda citar o Grupo Bitcoin Banco e Atlas Quantum.
A Unick, que tinha sede no Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul, oferecia lucros de até 400% através de investimentos em criptomoedas. Como todas as pirâmides do tipo, quando a entrada de novos clientes arrefeceu, a empresa passou a bloquear saques dos investidores e alegar problemas no sistema.
Porém, as desculpas da empresa tiveram vida curta. Em outubro de 2019, a Polícia Federal derrubou a pirâmide de R$ 12 bilhões e prendeu todos os envolvidos, o que representou o fim da empresa. Os clientes seguem sem receber até hoje.
Sócios estão soltos
Apesar da operação que prendeu os envolvidos com a Unick Forex em 2019, mais de um ano depois todos os sócios da empresa estão soltos. A empresa já estava na mira das autoridades desde 2017, quando bancos começaram a informar movimentações suspeitas.
O Ministério Público chegou a promover um leilão dos automóveis de luxo ligados à empresa em outubro de 2020, mas não deu mais detalhes sobre os fundos levantados e o ressarcimento de quem foi prejudicado pelos crimes da Unick.
Em um áudio vazado em março de 2020, o líder do esquema, Leidimar Lopes, reclamava dos clientes desfalcados “mendigarem” R$ 100.000.
Entre as descobertas das investigações do MP, as autoridades afirmam que a Unick chegou a tentar comprar um banco e planejava aprovar o negócio junto ao Banco do Brasil com a colaboração de um lobista.
Com o fim da Unick Forex, uma legião de “líderes” – como eram conhecidos os afiliados que atraíam clientes para o esquema – da empresa passou a atuar em outras empresas suspeitas de pirâmide financeira, entre elas a MoGuRo.
A Unick Forex e os sócios também tinham uma audiência marcada para responder às acusações de crimes financeiros junto à Justiça no primeiro semestre deste ano, mas a pandemia acabou levando ao adiamento do processo.
LEIA MAIS