ETFs de criptomoedas têm o pior desempenho na B3 em agosto com desvalorizações maiores que a do Bitcoin

Pior desempenho coube aos fundos de índices atrelados a tokens DeFi.

Os ETFs de criptomoedas lideraram as perdas mensais em agosto entre todos os fundos de índice negociados na B3, de acordo com levantamento da Economática, uma ferramenta para análise de ações e fundos.

Os ETFs atrelados a tokens do setor de finanças descentralizadas (DeFi) registraram os piores desempenhos mensais, superando a desvalorização de 14% registrada pelo Bitcoin (BTC) no mesmo período.

Primeiro ETF de DeFi do mundo, o QDFI11, da QR Asset, acumulou perdas mensais de 23,33% em agosto, e foi o fundo de índice de pior desempenho entre todos os negociados na B3. O segundo lugar coube ao DEFI11, da Hashdex, que registrou uma variação negativa de 17,87%.

Na terceira e na quarta colocação ficaram os ETFs da Hashdex e da QR Asset atrelados ao Bitcoin. O BITH11 e o QBTC11 registraram quedas de 15,84% e 15,58%, também superiores à desvalorização do preço do BTC no mercado à vista. 

A variação entre os dois ETFs da B3 atrelados à maior criptomoeda do mercado se explica porque cada um replica um índice diferente. Enquanto o BITH11 refere-se ao Hashdex Nasdaq Bitcoin Reference Price, o QBTC11 vincula-se ao CME CF Bitcoin Reference Rate da Bolsa Mercantil de Chicago (CME).

Já o HASH11ETF de criptomoedas da Hashdex que é o mais popular da B3, teve o quinto pior desempenho, com 13,83%, praticamente replicando o desempenho mensal do Bitcoin. Os ETFs temáticos vinculados a tokens de plataformas de contratos inteligentes (BLOK11), da Web3 (WEB311), e de tokens de games e do metaverso (NFTS11) também estão no ranking dos 10 ETFs de pior desempenho do mês de agosto, respectivamente nas sexta, sétima e nona posição.

Inverno cripto

Após uma forte recuperação no mês de julho, impulsionada pela confirmação da data de conclusão do The Merge da Ethereum (ETH), marcada para o final da primeira quinzena deste mês, o mercado de criptomoedas perdeu mais de US$ 100 bilhões ao longo de agosto e fechou o mês com uma capitalização total inferior a US$ 1 trilhão.

O Bitcoin praticamente devolveu todos os ganhos de 16,8% obtidos em julho. E o Ethereum sofreu um pouco menos devido às expectativas do mercado diante da iminência do The Merge – aproximadamente 5%.

O cenário macroeconômico de inflação alta e, consequentemente, da manutenção do aumento da taxa de juros dos EUA, foi o principal fator a impactar negativamente o mercado de criptomoedas. Inclusive, as quedas se acentuaram a partir da sexta-feira, 26, após o discurso do presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, no simpósio anual de Jackson Hole. ​​​​​​​

Em contrapartida, o dólar ganhou força, valorizando-se frente a outras moedas fortes de reserva. Em 1º de setembro, o Índice do Dólar Americano (DXY) atingiu seu nível mais alto em mais de duas décadas. Historicamente, o Bitcoin e demais ativos de risco apresentam uma correlação inversa com a força do dólar.

Outra notícia que contribuiu para confirmar a tendência de baixa do mercado foi a sanção do Departamento do Tesouro dos EUA ao mixer Tornado Cash (TORN), congelando US$ 75.000 em USDC de 44 endereços que interagiram com o protocolo, sob a alegação de que hackers o utilizaram para ocultar aproximadamente US$ 7 bilhões em fundos roubados nos últimos dois anos.

O Tornado Cash é um protocolo que mistura as moedas nele depositadas, dificultando o seu rastreamento em benefício da privacidade dos usuários, o que acaba tornando-o extremamente útil para atividades criminosas.

Indiretamente, o setor de DeFi foi afetado pela medida, uma vez que a stablecoin USDC é uma das principais fontes de liquidez dos mercados de finanças descentralizadas, e trata-se de um criptoativo centralizado. Ou seja, passível de ser sancionado por autoridades governamentais.

A partir do congelamento dos fundos em USDC pela Circle, empresa responsável pela emissão do USDC, diversos efeitos colaterais se espalharam sobre o setor. O site do protocolo de empréstimos Aave bloqueou a carteira bilionária de Justin Sun (fundador da Tron). A Balancer travou sua interface principal para endereços sancionados. A Metamask sucumbiu também, dificultando transações realizadas por usuários que já haviam interagido com o Tornado Cash no passado.

A MakerDAO (MKR), por sua vez, passou a avaliar a reconfiguração dos ativos colaterias que compõem as reservas da stablecoin algorítmica DAI para contornar eventuais atos de censura. Hoje, o USDC responde por mais de 30% das reservas do DAI, de acordo com o Daistats, e por mais de 50% dos ativos utilizados para emitir a stablecoin descentralizada. Assim, a sanção ao Tornado Cash colocou em xeque o real grau de descentralização do DAI.

Ou seja, é provável que a sanção ao Tornado Cash tenha tido um impacto sobre os ETFs DeFi.

Expansão internacional da Hashdex

Apesar do revés na B3, a Hashdex deu dois passos importantes no final de agosto para avançar com seus planos de internacionalização. Na terça-feira, 30, a Hashdex recebeu autorização para listar seus produtos negociados em bolsa (ETPs) na União Europeia. A notícia foi divulgada um dia depois que a Hashdex lançou uma versão do ETF HASH11 no mercado chileno em uma parceria com o BTG Pactual, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.

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