Criptomoeda vai financiar construção de usina solar fotovoltaica em Minas Gerais

O EnyCoin é um projeto 100% brasileiro que visa contribuir para mitigação dos impactos ambientais da produção e do consumo de energia elétrica, seguindo uma tendência que vem ganhando corpo também em outras partes do mundo.

As obras da primeira usina de energia solar fotovoltaica do Brasil financiada integralmente com recursos oriundos da EnyCoin, uma criptomoeda baseada na Binance Smart Chain, já estão em andamento. Situada em Itaobim, cidade que fica no Vale do Jequitinhonha em Minas Gerais, a unidade deverá ser entregue em dezembro de 2022, de acordo com Marcos Silva, CEO da EnergyPay, empresa que coordena a execução do projeto.

Inicialmente, a usina terá capacidade de geração de 1MW de energia, quantidade suficiente para antender aproximadamente 10.000 domicílios, uma vez que cada residência mineira consome, em média, 121,6 KW/mês.

O orçamento total da obra está estimado em R$ 5,5 milhões e será integralmente financiado pelo EnyCoin e a captação de recursos se dará em quatro etapas, de acordo com Marcos Silva. 

Na primeira, 15% de todas as transações envolvendo o criptoativo foram destinados à tesouraria do projeto e parte foi destinada à realização da obra. A partir deste ano, a taxa foi reduzida para 3% e em seguida está previsto o lançamento de tokens lastreados por frações da usina. Seus compradores tornam-se sócios do empreendimento, beneficiando-se tanto da possível valorização do EnyCoin quanto da participação futura sobre a receita gerada pelo funcionamento da usina.

Em um terceiro momento haverá uma rodada de vendas fechadas para investidores qualificados cujo objetivo é viabilizar a conclusão da obra. E, por fim, já com a usina em operação, os recursos serão reinvestidos para aumentar a capacidade da usina e financiar novos empreendimentos em outras regiões do país.

O projeto prevê a ampliação da capacidade de geração das usinas geridas pela EnergyPay para 15 MW com a construção de novas unidades na Bahia e no Rio de Janeiro.

Tendência global

Projetos de apoio à sustentabilidade e incentivo à utilização de energias limpas envolvendo criptoativos têm se tornado uma tendência global. No Brasil, o histórico de sucesso da Moss (MCO2) é a prova de que a indústria cripto pode trazer benefícios ao meio ambiente, apesar do alto consumo de energia de protocolos que utilizam a Prova-de-Trabalho como mecânismo de consenso – casos de Bitcoin (BTC) e Ethereum (ETH), as duas maiores criptomoedas do mercado atualmente.

Lastreada em créditos de carbono, a Moss já destinou mais de R$ 100 milhões em recursos para a preservação da Amazônia. Os créditos de carbono tokenizados pela Moss fazem parte do mecanismo REDD e REDD+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal somado à conservação do território), e a integridade sobre o processo de compensação das emissões geradas pelos processos produtivos.

O KlimaDAO (KLIMA) é um projeto lançado nos EUA que se baseia na aquisição de créditos de compensação de carbono para pressionar o valor destes ativos, fazendo com que “se torne mais lucrativo estar envolvido em atividades geradoras de compensações, tais como a conservação de terras para sequestro de carbono ou a restauração de áreas florestais.”

De acordo com informações disponíveis no site do projeto, atualmente o Klima DAO possui 14,1 milhões de toneladas de créditos de carbono em seu tesouro, o que equivaleria a preservação de 70.629 hectares de florestas nativas.

Para 2022, a organização autônoma descentralizada pretente incentivar o desenvolvimento de iniciativas caracterizadas como ReFi (finanças regenerativas) para ampliar a gama de iniciativas em um esforço para atrair indivíduos e organizações que desejem se integrar a este novo movimento criptoeconômico. De acordo com uma publicação no blog do projeto divulgada na terça-feira, os novos recursos a serem introduzidos pelo protocolo permitirão que indivíduos possam mitigar suas próprias pegadas de carbono.

Além disso, será colocada em votação uma proposta para decidir se o MCO2, token da Moss, passará a ser aceito pelo tesouro do protocolo em um movimento de construção de um ecossistema ReFi que integre as mais diversas iniciativas de preservação ambiental da indústria de criptomoedas.

 Já a Powerledger (POWR) é um protocolo fundado por uma equipe australiana em 2016 que esteve em evidência no início deste ano após listagem nas exchanges Binance e Coinbase. Em menos de 24 horas o POWR valorizou-se em aproximadamente 100%, saltando de US$ 0,2457 para US$ 0,8344. No momento em que este texto está sendo escrito, o token está cotado a US$ 0,6098.

A Powerledger é uma empresa de tecnologia que desenvolveu uma plataforma baseada em blockchain para rastreamento e comercialização de energia e de commodities ambientais. As plataformas desenvolvidas pela empresta têm como objetivo oferecer suporte completo para implantação de redes elétricas que ofereem aos consumidores opções de escolha no que diz respeito às matrizes energéticas que utilizam, a democratizando o acesso a fontes de energia sustentáveis. Hoje, a empresa  tem mais de 30 clientes em 11 países.

A Powerledger opera em duas redes blockchain, uma pública e uma privada, e possui dois tokens, o Powerledger (POWR) e o Sparkz. Embora em julho a empresa tenha migrado suas operações do Ethereum para a Solana (SOL) em busca de uma plataforma ecologicamente mais amigável, com taxas mais baixas e maior escalabilidade, o POWR é um token ERC-20 baseado na rede Ethereum. É utilizado para franquear o acesso de seus clientes à plataforma Powerledger: concessionárias, operadoras de energia renovável, grids privados e incorporadoras imobiliárias.

No final do ano passado, a Powerledger anunciou que em breve sua plataforma de staking entrará em operação gerando juros em POWR para os stakers.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, inúmeras alternativas estão sendo criadas pela indústria de criptomoedas no sentido de contribuir com a preservação do meio ambiente.

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