Adoção de criptomoedas é responsável por ‘revolução silenciosa’ que acontece na África
Ativos digitais geram emprego e renda para a população do continente africano, que ainda enfrenta a hiperinflação de moedas locais.
O aumento do uso de criptomoedas na África está causando uma “revolução silenciosa” no continente. De acordo com Deutsche Welle, pequenos investidores e jovens empresários são responsáveis por impulsionarem o aumento da adoção nos últimos anos.
As criptomoedas são apontadas como o resultado de uma transformação econômica na África, sustentada pelo seu uso no comércio local. Além da popularização através da adoção, ativos digitais representam uma fonte de renda para os habitantes do continente africano, além de uma fuga da volatilidade no preço de algumas moedas locais ‘mergulhadas’ na hiperinflação.
Dessa forma, a adoção de criptomoedas continua em expansão em países como Nigéria, África do Sul e Quênia. Segundo a Chainalysis, em junho de 2020 houve um crescimento de 55% em pequenas transações com ativos digitais no continente africano, que atingiram cerca de R$ 1,8 bilhão.
Criptomoeda como dinheiro virtual
O crescimento do mercado de criptomoedas no continente africano acontece através da popularização do uso de ativos digitais no comércio, como “dinheiro virtual”.
Para o empresário de tecnologia em Gana, Emmanuel Tokunbo Darko, a ascensão das criptomoedas na África acontece devido a inclusão financeira propiciada pelo acesso facilitado aos ativos digitais.
Também negociador de criptomoedas, Darko afirma em entrevista para o DW que as criptomoedas são consideradas um “dinheiro móvel” no continente. Além disso, o empresário destaca que grande parte da população africana é ‘desbancarizada’, e por isso os ativos digitais ganharam representatividade na economia local.
“As criptomoedas funcionam basicamente como o dinheiro móvel, por isso é mais fácil para os africanos compreenderem, ao contrário das pessoas no Ocidente que já tinham mais inclusão financeira.”
Fonte de renda
Países do continente africano sofrem com falta de emprego e geração de renda, além da instabilidade financeira provocada por moedas com grande taxa de inflação acumulada. Emmanuel Tokunbo Darko explica que, além de uma oportunidade de inclusão financeira, as criptomoedas também são consideradas uma fonte de renda para a população.
Segundo o empresário de Gana, as criptomoedas representam uma forma de empreendimento em um local com poucas oportunidades para os cidadãos. Além disso, Darko fala que os ativos digitais oferecem empregos para “grandes marcas” que atuam em outros países.
“No continente africano, os empregos não estão facilmente disponíveis para a maioria das pessoas que terminaram a escola. Mas com o sistema de criptomoedas, as pessoas são capazes de iniciar o seu próprio negócio, conseguem trabalhar para grandes marcas fora do seu próprio país.”
Inflação e moeda local
A “revolução silenciosa” que a África vivencia diante das criptomoedas representa ainda uma fuga de moedas locais com hiperinflação. Assim, além de uma alternativa de geração de renda, ativos digitais podem ser mais estáveis que algumas moedas fiduciárias de países africanos.
Desse modo, a utilização de criptomoedas ganhou expressividade no continente sobretudo a partir de 2015, quando o dólar zimbabuano teve uma hiperinflação. No caso de Zimbábue, a população preferiu utilizar o Bitcoin como moeda local ao invés do dólar zimbabuano.
Por outro lado, o especialista em blockchain Chris Becker aponta que o uso de criptomoedas pode criar resistência para a economia do continente africano, já que criptomoedas são operadas geralmente com pares em moedas locais.
“Agora, têm esta alternativa às moedas tradicionais geridas pelo Governo, onde historicamente tem havido tantos erros e efeitos secundários negativos. Estas moedas concorrentes estão a operar a par das moedas locais, o que penso que dará a estas economias um maior nível de resistência.”
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