Criptomoedas já são aceitas por mais de 900 empresas no Brasil, mas volatilidade prejudica adoção
Até mesmo pagamentos de impostos com Bitcoin passarão a ser aceitos a partir de 2023, conforme anunciou a prefeitura do Rio de Janeiro em uma iniciativa até então inédita no Brasil.
A adoção das criptomoedas no Brasil começa a ir além de apenas uma alternativa de investimento financeiro para se tornar também meio de pagamento no dia a dia da população. Segundo dados de uma pesquisa da Crypto Literacy, uma entidade que promove iniciativas educacionais sobre criptomoedas, divulgada no ano passado, 25% dos brasileiros mostraram-se dispostos a pagar por produtos e serviços com seus criptoativos.
Agora, um levantamento da Coinmap, empresa que rastreia métricas de adoção de criptoativos no mundo todo, revelou que esta disposição já encontra correspondência em mais de 900 estabelecimentos comerciais do país, informa reportagem da Época Negócios publicada no domingo, 1º de maio. Segundo os dados levantados pela Coinmap, no mundo todo já existem mais de 30.000 estabelecimentos que aceitam criptomoedas como forma de pagamento.
Até mesmo a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou em março deste ano que passará a aceitar pagamentos de impostos municipais com Bitcoin (BTC) a partir de 2023, em uma iniciativa inédita no Brasil.
Embora o Projeto de Lei nº 4.401, que estabelece um marco regulatório para o mercado de criptomoedas no Brasil, ainda esteja em tramitação no Congresso, e dependa de posterior aprovação do presidente da República, já é possível ao consumidor brasileiro comprar imóveis, carros, vinhos, entre outros produtos e serviços, utilizando criptomoedas.
Apesar da disposição compartilhada por consumidores e empresários, a volatilidade intrínseca aos principais criptoativos do mercado, como o Bitcoin e o Ethereum (ETH) ainda é um empecilho para a popularização dos ativos digitais. afirmou o professor de finanças da FGV-EESP e especialista no tema, Jefferson Colombo:
“O fato de ter 900 lugares que aceitam criptomoedas como forma de pagamento não significa que as pessoas vão transacionar”.
A afirmação do especialista é corroborada por uma reportagem publicada recentemente pelo Cointelegraph Brasil, que revelou que, no Brasil, diversos estabelecimentos comerciais que aceitam pagamentos em Bitcoin ou Ethereum jamais encontraram clientes dispostos a gastar suas criptomoedas em compras do dia a dia.
Wine
Buscando atender à demanda de alguns clientes, o clube de assinatura de vinhos Wine passou a aceitar Bitcoin como forma de pagamento desde o mês passado. Por enquanto, a modalidade de pagamento com Bitcoin só está disponível no aplicativo da empresa, mas a intenção é incorporar nova opção ao site e aos demais canais de venda da Wine, afirmou o diretor financeiro da empresa, Clayton Freire:
“Acreditamos que será mais comum o uso de criptomoedas num futuro próximo e a forma de pagamento é também uma forma de atrair clientes”.
Por enquanto o volume negociado em Bitcoin ainda é pouco significativo e responde por uma parte pequena do faturamento da Wine, mas a empresa utiliza um sistema que a protege das oscilações da cotação da criptomoeda.
A empresa não recebe em Bitcoin, mas se vale dos serviços de uma conciliadora que realiza a operação e converte os criptoativos em reais antes de transferir as receitas à empresa. “Não tem volatilidade de variação. Isso é para o cliente. Para a gente, o preço não muda”, explicou Freire.
Em 2021, o investimento em criptoativos no Brasil alcançou US$ 5,995 bilhões, segundo dados do Banco Central, o maior volume anual desde 2017, quando a instituição começou a registrar operações desta natureza.
Apesar da queda do mercado no início de 2022, em março o volume negociado de Bitcoin no Brasil chegou a R$ 4,9 bilhões, registrando um crescimento de 28% após quatro meses em queda, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.
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