‘Myth Busters das criptomoedas’: Chainalysis confronta 33 mitos sobre o mercado cripto em relatório

Crenças comuns do público geral, como uso de criptomoedas por criminosos e falta de usos no mundo real, foram contestadas no documento

Nesta terça-feira (11), a Chainalysis publicou um relatório contestando 33 mitos comuns sobre o mercado de criptomoedas que são veiculados ao público. Os mitos vão desde temas mais simples, como atividades ilícitas serem o maior caso de uso dos criptoativos, até temas envolvendo a escalabilidade das blockchains.

Não é ‘terra sem lei’

Os primeiros mitos contestados pela empresa de inteligência estão relacionados à área de segurança e regulamentação. No documento publicado, a Chainalisys aponta que menos de 1% de todas as transações com ativos digitais realizadas em 2022 tiveram relação com atividades ilícitas. O objetivo é combater o argumento de que “criptomoedas são usadas somente por criminosos”.

Em diferentes argumentos expostos, a empresa contesta também argumentos comuns sobre o mercado cripto ser uma ‘terra sem lei’. 

Primeiro, o relatório fala sobre a presença de esforços regulatórios. São expostos exemplos como o Markets in Crypto-Assets (MiCA), que são as regras para o ecossistema cripto da União Europeia, bem como os padrões publicados pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI), em 2019, para combater atividades ilícitas com criptoativos.

As mesmas regras do GAFI são usadas como ponto para combater o argumento de que “não há como impedir o uso de criptos por criminosos”. A Chainalysis menciona diferentes ações de apreensão de ativos digitais, como os US$ 3,6 bilhões confiscados em 2022, que foram fruto do hack perpetrado contra a exchange Bitfinex em 2016.

Outra crença comum do público geral é o suposto anonimato e total falta de rastreabilidade das transações com criptoativos. Sob essa lógica, surgem justificativas de que empresas usando moedas digitais possuem atividades opacas, e devem ser evitadas pelos bancos.

A Chainalysis, no entanto, explica que as transferências feitas na blockchain são acessíveis a qualquer pessoa interessada. Embora conferir somente algumas transações anteriores não seja suficiente, a empresa de inteligência salienta como é muito mais simples verificar transações feitas com criptomoedas.

“É importante notar que, se aplicarmos análise da blockchain em escala, podemos ver que os negócios envolvendo criptomoedas são, geralmente, muito seguros”, diz um trecho do relatório.

Percentual de valores obtidos através de crimes recebidos pelas exchanges. Imagem: Chainalysis

Só tem golpe?

Outra crença geral daqueles que não investem em criptoativos, principalmente para vítimas de pirâmides financeiras que usaram o mercado cripto como chamariz, é de que só existem golpes no mercado cripto.

A Chainalysis reconhece que, nos últimos anos, os casos de ‘pump and dump’ aumentaram no ecossistema de ativos digitais. “Contudo, dados mostram que golpes representam apenas uma pequena fração de toda a ação com criptomoedas. Serviços do mainstream receberam US$ 8,1 trilhões em 2022, enquanto o total recebido por golpistas nesse mesmo ano foi de US$ 6 bilhões.” O total recebido por agentes maliciosos é 0,07% do total.

Além disso, é comum que investidores do mercado de criptomoedas tenham que ouvir que tudo não passa de “dinheiro de computador”. O relatório aponta, então, diferentes casos de usos envolvendo moedas digitais no mundo real.

O primeiro caso de uso mencionado no documento envolve os países emergentes, onde as criptomoedas têm sido escolhidas para transações internacionais. As doações foram citadas como segundo caso de uso. O exemplo usado nesse caso foi o envio célere e desburocratizado de valores às vítimas do terremoto que abalou a região que abrange Turquia e Síria em fevereiro deste ano.

O uso do Bitcoin (BTC) como reserva de valor na Venezuela também ganhou destaque. Com a hiperinflação da moeda venezuelana, a população do país tem recorrido aos ativos digitais para manter o poder de compra. Em 2022, a Chainalysis estima que os venezuelanos receberam US$ 37,4 bilhões em cripto.

Em laranja, o valor do bolívar perante o dólar; em amarelo, o volume de BTC (em bolívares) negociado através da plataforma LocalBitcoins. Imagem: Chainalysis

O relatório da Chainalysis contesta ainda afirmações distorcidas sobre escalabilidade e ausência de compatibilidade com as finanças tradicionais.

Moedas fiduciárias acabarão?

Apesar de desbancar diversas conclusões equivocadas que o grande público faz, o relatório também se dedicou a confrontar uma afirmação comumente feita dentro do mercado: criptomoedas substituirão moedas fiduciárias.

“Na Chainalysis, acreditamos que a blockchain revolucionará a troca de valores, assim como a internet fez com a troca de informações. Caminhamos para um futuro onde todo o valor é transferido em blockchains, e toda companhia é uma companhia de blockchain”, aponta o documento. 

“Mas, mesmo nesse cenário, deve haver um espaço para as moedas fiduciárias. Governos ainda precisam da habilidade de controlar parte de suas economias e suas reservas monetárias. As moedas fiduciárias são a principal ferramenta para isso, e existem muitos exemplos de governos que implementaram políticas monetárias e melhoraram as vidas de seus cidadãos”, conclui o documento.

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