Crítico do Bitcoin Samy Dana é sócio de jornalista da Globo que recebeu milhões do Bradesco
A saída do jornalista Dony de Nuccio da Rede Globo foi uma das notícias mais repercutidas nos últimos dias. O que foi pouco comentado é que ele era sócio de Samy Dana nos contratos milionários com o Bradesco. A notícia foi reportada pelo site Notícias na TV (NTV).
Enquanto De Nuccio apresentava o Jornal Hoje ao lado de Sandra Annenberg; Dana, um crítico tradicional do Bitcoin, fazia comentários em noticiários da TV e mantinha coluna nos jornais O Globo e Valor Econômico, no portal G1 e na Rádio Globo.
O fato é que agora ambos estão fora do grupo de comunicação. A Rede Globo havia dispensado Dana semanas antes. No entanto, as atividades fora da Globo podem ter pesado na decisão da empresa, embora o contrato com o economista permitisse esse tipo de arranjo.
Dony e Dana deixam Globo
De Nuccio pediu demissão após quebrar as normas internas da emissora — ele se justificou em um email direcionado a Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo.
O assunto foi exposto pela maioria dos jornais brasileiros e ambos jornalistas foram criticados por supostamente terem infringido tanto um regimento interno da emissora quanto o código de ética jornalístico.
Segundo o NTV, de Nuccio usava os conhecimentos que tinha da estrutura da emissora em benefício próprio, o que iria contra os princípios básicos dos jornalistas.
Contudo, neste caso, a situação de Dana é diferente: ele era um prestador de serviços da Globo, não um funcionário como De Nuccio.
Portanto, Dana não estaria submetido ao código de conduta dos jornalistas da emissora, afirmou o Lance na última segunda-feira (02) ao publicar uma errata.
“Seu contrato permitia que atuasse em outras atividades”, publicou o jornal.
O comentarista de finanças, crítico de longa data do Bitcoin, não faz mais parte da equipe da Rede Globo desde o fim de julho.
Empresa fatura R$ 7 milhões
De acordo com a publicação do NTV do dia 31 de julho, a produtora de Dana e De Nuccio faturou nos últimos dois anos um total de R$ 7.239.692.
O valores seriam referentes a produções de ‘road shows telepresenciais’, vídeos, cartilhas e palestras para empresas como Banco Bradesco e Bradesco Seguros.
“Sem avisar a Globo, Dony De Nuccio assinou um contrato polpudo com a Bradesco Seguros e se tornou o rosto do banco em vídeos utilizados para treinamentos de funcionários e em eventos com clientes”, escreveu o jornal no dia 22 de julho.
Com isso, segundo o artigo, o apresentador teria violado o ‘Código de Ética e Conduta do Grupo Globo’, distribuído aos funcionários.
Nas normas da empresa há um capítulo chamado ‘Conflito de interesse’ que diz ser vedado usar a visibilidade da emissora para influenciar ou obter vantagens.
Contudo, De Nuccio se defendeu e disse que fez o vídeo por acreditar que não se tratava de publicidade, já que não se destinava a clientes ou ao público — a peça era para treinamento a empregados institucionais, o que foi reforçado pelo Bradesco por meio de uma nota.
Globais fazem ‘bicos’
Os globais Renata Vasconcellos e Rodrigo Bocardi também já apareceram em peças internas do Bradesco, segundo a Veja.
“Praticamente todos os âncoras da casa já emprestaram suas imagens a materiais que, grosso modo, podem ser chamados de publicitários”, escreveu o F5, da Folha, sobre caso, acrescentando:
“Aparentemente, o problema com Nuccio é que seu envolvimento com essas peças ia muito além da simples participação. Sua produtora Prime Talk tem cerca de 30 funcionários, que desenvolvem campanhas inteiras para clientes corporativos”.
Após o ocorrido, a Globo disse que vai editar suas normas para jornalistas a fim de tornar mais claras as regras internas da emissora, segundo publicou o NTV na segunda-feira (01).
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