Country manager da Bitso promete exchange de varejo no Brasil ainda no 1º semestre; entrevista
Desde o final do ano passado, a exchange mexicana de criptomoedas Bitso se prepara para entrar no mercado brasileiro, apoiada por um investimento de R$ 317 milhões.
Conhecida por ser a primeira exchange de criptomoedas a surgir no México em 2014, a Bitso é mais uma empresa importante que tem o Brasil na mira da sua expansão mundial.
No ano passado, a Bitso focou sua expansão na Argentina, onde conseguiu se consolidar com grande sucesso, sendo hoje uma das exchanges mais usadas entre os investidores locais.
Os planos da empresa para 2021 envolvem repetir o bom desempenho no Brasil. Para comandar a missão a Bitso anunciou o executivo Marcos Jarne no início do mês como o novo country manager.
Antes de se juntar à Bitso, ele trabalhou por cinco anos na Nubank, o maior banco digital do país. Em conversa com o BeInCrypto, Marcos Jarne conta quais são os planos para impulsionar as operações da exchange no mercado brasileiro, incluindo operação para o varejo ainda no primeiro semestre deste ano.
BIC: O que você traz da sua experiência na Nubank para aplicar agora na direção da Bitso no Brasil?
Marcos Jarne: Eu sempre fui um entusiasta de tecnologia, já acompanho blockchain há algum tempo, além de estudar e investir no setor. Bitso e Nubank têm alguma sinergia de investidores em comum e acho que a vivência que eu tive lá de expandir produtos e operações em países, além de focar na experiência dos clientes, são experiências que a Bitso também se propõe a fazer.
Acho que posso trazer essa minha experiência pessoal para a Bitso e somar na atual proposta de tornar a criptomoeda algo mais útil para brasileiros e brasileiras.
O que motiva a entrada da Bitso no país e o que de novo vocês vão trazer para o mercado brasileiro?
A Bitso entra no Brasil com o propósito de trazer mais transparência para o mercado com uma plataforma fácil de usar e intuitiva, focada em consolidar um alicerce de confiança com os clientes do país.
Nossos investimentos nisso falam por si só. Contamos com um seguro inovador na América Latina contra roubo de carteiras cripto que já está disponível para alguns criptoativos como o bitcoin, e pretendemos expandir agora para mais moedas.
A Bitso também está muito bem ranqueada no Top 10 das exchanges mais seguras do mercado, então esses são alguns dos elementos que temos como proposta para trazer ao Brasil no sentido de tornar criptomoeda algo cada vez mais seguro para a população.
Quais são os serviços que a Bitso disponibiliza hoje ao público brasileiro e quando a exchange será lançada para o varejo?
A Bitso acabou de aterrizar no Brasil, então acho que o principal ponto é a Bitso como marca nesse momento. Temos proposta de em breve lançar a exchange para o varejo, já permitindo os depósitos e saques em reais na plataforma.
Desde dezembro do ano passado a exchange Bitso Alpha já está aberta no Brasil para institucionais e market makers. Agora vamos expandir as operações para o varejo. Não consigo dizer a data oficial de lançamento mas será muito em breve, ainda neste semestre.
Como foram as outras expansões da Bitso nos países vizinhos? É possível repetir as estratégias usadas na expansão na Argentina, por exemplo, para o mercado brasileiro?
A gente tem que entender a peculiaridade de todo país. O Brasil é um país gigante, com muita oportunidade. Estudamos o mercado e o que queremos aqui é tornar os criptoativos úteis para diferentes segmentos. A gente não consegue oferecer tudo de uma vez só para todos os segmentos e por isso a proposta da Bitso é fazer isso em etapas.
Primeiro vamos oferecer uma solução para pessoas do mercado que já entendem de criptomoedas. Também tem uma solução para pessoas que também estão familiarizadas com investimentos em geral, não necessariamente de cripto. E uma terceira fase desse segmento será focada para pessoas que não entendem muito, ou quase nada de cripto.
A ideia é ter soluções para todos esses segmentos que citei. A Bitso terá uma grande responsabilidade de educar esse mercado, então é um pilar super importante para nós manter diálogo com diferentes players do ecossistema.
Qual é a relação da Bitso com as empresas brasileiras? Está nos planos comprar uma empresa já estabelecida no mercado, ou fechar alguma parceria?
Nós sempre estudamos as parcerias estratégicas que fazem sentido para oferecer o melhor serviço ao cliente. Essa infraestrutura por trás de receber depósitos e permitir saques passa também por discutir as parcerias e estratégias, mas hoje ainda não temos planos para adquirir uma empresa nacional.
Estamos nos familiarizando com o mercado e em construir um DNA brasileiro. Já temos CNPJ, eu estou aqui como country manager e estamos crescendo um time para avançar no crescimento orgânico da plataforma.
A exchange argentina Ripio está fazendo um movimento de expansão no Brasil muito similar à Bitso. Como será essa concorrência pelo mercado brasileiro com outras empresas de peso?
O que eu posso dizer é que concorrência é boa para o mercado e para o cliente. A Bitso vem com a proposta de trazer transparência, tarifas competitivas, e uma melhor experiência de negociação, sempre apoiada na segurança como um pilar principal. De fato tem bons players no mercado, mas nós temos essas propostas para nos diferenciar.
Anteriormente, importantes empresas do setor cripto como a Ripple e Coinbase ajudaram a financiar a expansão da Bitso na América Latina. Essas empresas também têm interesse na região por facilitar essa entrada da Bitso no Brasil?
Eu acho que o ponto desses investimentos mostra a confiança dos nossos investidores com o negócio da Bitso. Temos investidores que entendem muito de cripto, como a Ripple e Coinbase, e há também investidores que entendem muito da América Latina, que é outro componente muito interessante. Acho que isso mostra uma aposta na confiança de uma empresa global como a Bitso que também está aterrizando agora no Brasil.
A Bitso pretende declarar as movimentações de seus clientes para a Receita como determina a Instrução Normativa 1888?
A Bitso vai sim respeitar a IN 1888. A gente entende o papel da regulamentação e acha super importante isso. Estudamos as diferentes alternativas que fazem sentido e o que é permitido no país.
Os reguladores no Brasil tem feito um papel excelente, com uma visão super positiva para fomentar a tecnologia, tanto que os próprios reguladores como CVM e Banco Central, trazem em seus pilares temas que conectam muito com a proposta da Bitso.
Em fevereiro a Bitso comprou a Quedex, uma plataforma de derivativos que oferece negociações mais complexas como alavancagem, futuros e opções. A Bitso vai disponibilizar aos clientes brasileiros esses novos produtos?
É bom destacar que algumas estratégias globais não necessariamente podem ser replicadas da mesma forma no Brasil. Ou seja, a gente conhece as diretrizes normativas que existem hoje sobre derivativos e valores mobiliários.
Estudamos tudo e como seguir a regulamentação e obviamente manter um diálogo com os regulares. Então vamos estudar e oferecer o que faz sentido para o Brasil com base no que as regras permitem.
A Bitso Alpha então opera no país de forma independente, com sua versão brasileira?
Sim, mas mantemos a estrutura que temos como marca Bitso. A Bitso é hoje a única exchange da América Latina com licença para custódia de cripto, então vamos permitir aqui no Brasil a mesma estrutura de negociação de criptomoedas.
Estão surgindo novidades do mercado como as APIs da Visa, que sinalizam que bancos digitais podem em breve integrar as criptomoedas aos seus serviços. Você que já trabalhou na Nubank, acha que esse setor está de olho nos criptoativos?
Eu não posso mais falar sobre os bancos digitais, mas acredito que as criptomoedas já estão muito presentes no mercado financeiro global, inclusive no Brasil. Estamos vendo notícias dessas validações que têm ocorrido principalmente nos últimos meses no cenário global, com grandes empresas e governos reconhecendo a tecnologia e como a criptomoeda pode realmente ser algo útil para a vida de todo mundo.
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