Corretora de criptomoedas usava dinheiro de clientes em jogos de azar, prejuízo chega a R$ 300 milhões
A BCSC, uma espécie de Comissão de Valores Mobiliários de British Columbia, província do Canadá, informou que uma corretora de criptomoedas usava o dinheiro de seus clientes para realizar apostas em jogos de azar. O documento foi publicado na última quarta-feira (7).
Em uma das provas, as autoridades mostram que a corretora enviou 0,2495 bitcoins, hoje avaliados em R$ 96 mil, para um cassino. A transação aconteceu 14 minutos após a quantia ser depositada por um cliente na corretora.
Operando entre 2016 a 2019, a corretora ezBTC declarou falência, obviamente, sendo dissolvida em 2022. De qualquer forma, seu fundador, David Smillie, foi considerado culpado das acusações.
Corretora de criptomoedas é considerada culpada por golpe de R$ 52 milhões
O processo aponta que a ezBTC usou R$ 52 milhões (13 milhões em dólares canadenses) de seus clientes para benefício próprio, semelhante ao caso da também falida FTX. No entanto, o que mais chama atenção é o destino dessas criptomoedas.
“Mais de 2.300 bitcoins e mais de 600 ethers foram depositados na ezBtc de 2016 a 2019. A ezBtc rapidamente transferiu os ativos recebidos para os destinos listados nas tabelas abaixo. O saldo diário das carteiras de Bitcoin e Ethereum da ezBtc nunca excedeu 11 bitcoins e 20 ethers, respectivamente.”
Como pode ser visto na imagem acima, a corretora depositou mais de 791 bitcoins em um único site de apostas, bem como 20 BTC em outro cassino.
David Smillie, fundador da ezBTC, nem sequer fazia questão de ocultar seu vício em apostas. Segundo investigação on-chain das autoridades, alguns dos depósitos de seus clientes eram enviados para cassinos assim que chegavam às carteiras da corretora.
“O rastreamento confirmou que RJ [um cliente] depositou 0,2495 bitcoin na plataforma ezBtc. Quatorze minutos depois, a ezBtc transferiu exatamente essa mesma quantia de bitcoin para a CloudBet.”
O texto aponta que a vítima, identificada apenas pelas iniciais “RJ”, nunca conseguiu sacar suas criptomoedas da corretora.
Outras quantias foram enviadas para contas pessoais de Smillie em outras corretoras, como Binance, Kraken e Poloniex. Dado isso, o golpe passa de R$ 52 milhões, como ilustrado no documento, para mais de R$ 300 milhões devido à valorização do Bitcoin no período.
Casos assim lembram a necessidade da autocustódia
Embora investidores de criptomoedas mais novatos acreditem que corretoras funcionem como bancos, essa não é a opção mais segura para guardar suas criptomoedas.
No caso acima, por exemplo, os clientes perderam todos seus ativos, sem chance de recuperá-los. Já o fundador da corretora, viciado em apostas, ficará apenas alguns anos na prisão.
Em outros casos, onde os diretores não são golpistas, a segurança de corretoras é frequentemente posta à prova por hackers devido à grande quantia de criptomoedas em suas carteiras. Um dos maiores exemplos disso é a Mt.Gox, hackeada em 2014, só agora, 10 anos depois, ela está distribuindo os bitcoins que não foram levados no ataque.
Portanto, a recomendação é que o investidor compre uma carteira de hardware para armazenar seus fundos com segurança, sendo o único responsável por suas criptomoedas. Para quantias menores, que não justifiquem esse gasto, um papel e uma caneta já devem ser o bastante.
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