Corretora de bitcoin que o dono morreu e ‘levou’ milhões de dólares era um esquema ponzi

A Comissão de Valores Mobiliários de Ontário (OSC), no Canadá, afirmou que a corretora de criptomoedas QuadrigaCX funcionava em esquema Ponzi, segundo publicação da entidade na quinta-feira (11).

De acordo com o relatório, a exchange entrou em colapso depois da morte de seu diretor executivo Gerald Cotten, único detentor das chaves privadas das carteiras de criptomoedas desde 2016.

Conforme detalhou o órgão, ele criava contas falsas em outras corretoras e usava os fundos de clientes descuidados da Quadriga em supostas operações fraudulentas. Logo, o serviço de custódia da plataforma não era seguro.

Esquema Ponzi na Quadriga

No entanto, nessas operações, Cotten sofreu perdas e usou os ativos dos clientes da Quadriga para cobri-las, diz a autoridade canadense.

“Ele sofreu perdas reais quando o preço das criptomoedas mudou, criando um déficit de ativos para saques de clientes. Ele cobriu esse déficit com os depósitos de outros clientes. De fato, isso significava que o Quadriga operava como um esquema de Ponzi”. afirma o relatório.

O documento diz também que quando Cotten falava da carteira fria da QuadrigaCX, na verdade se tratava de uma em seu próprio nome. Em uma das operações, Cotten chegou a transferir US$ 24 milhões para compra de imóveis, viagens e despesas pessoais.

Em resumo, quando foi especulado que Cotten morreu e levou junto 250 milhões de dólares canadense, na verdade o valor era fictício. Segundo o órgão regulador, ele perdeu os fundos por “conduta fraudulenta”, C$ 169 milhões.

Após auditoria realizada pela Ernst & Young, até o momento foram recuperados C$ 46 milhões (cerca de R$ 170 milhões).

“A maior parte do déficit de ativos surgiu da negociação fraudulenta da Cotten na plataforma Quadriga”, diz a publicação.

A OSC ainda refletiu sobre as vítimas de Cotten.

“Cientes ou não, os clientes foram expostos a riscos além das flutuações nos preços das criptomoedas quando optaram por negociar na plataforma Quadriga”.

E concluiu:

“O que aconteceu com a Quadriga foi um exemplo extremo que não representa necessariamente o setor mais amplo das plataformas de criptomoedas. No entanto, o evento serve para destacar aos investidores os riscos que podem surgir em relação a estas plataformas, particularmente aquelas não reguladas”.

FBI procurou vítimas da QuadrigaCX

“Se você tiver dúvidas ou preocupações sobre sua conta na QuadrigaCX, ou se você acredita que é uma vítima, por favor, preencha o questionário abaixo para identificá-lo como uma vítima em potencial”.

O texto se refere a uma ação FBI no ano passado, no esforço de identificar o número máximo de pessoas e inserir dados nas investigações. A Agência recebeu apoio de outros órgãos, como o da Receita, além do Departamento de Justiça (DoJ).

Caso QuadrigaCX

O fundador e CEO da Quadriga, Gerald Cotten, morreu durante uma viagem à Índia em dezembro de 2018. Um mês depois, a bolsa entrou com pedido de proteção ao credor.

Logo depois a empresa de consultoria Ernst & Young foi indicada pelo Tribunal para localizar e gerenciar os fundos remanescentes. Depois disso, em abril daquele ano, foi dado o início a um processo de falência.

A morte de Cotten foi anunciada de forma tardia quando sua esposa, Jennifer Robertson, entrou com pedido de proteção ao credor na Suprema Corte da província de Nova Escócia, no Canadá, no dia 31 de janeiro de 2019.

Robertson alegou que somente o marido detinha as chaves privadas das contas da exchange. Ela apresentou uma declaração de morte de uma empresa de funeral — um hospital particular de Jaipur, na Índia, também confirmou o óbito.

A exchange ficou inacessível uma semana após a notícia da morte de Cotten, fundador da empresa com 363.000 usuários registrados.

Testamento dias antes de morrer

Cotten apresentou um testamento 12 dias antes de morrer. Nele, Robertson foi registrada como a única beneficiária e executora de todo o espólio do falecido — eles não tiveram filhos.

Segundo documentos judiciais, a viúva herdou uma grande quantia (não divulgada) de ativos e de dinheiro que mantinha nos bancos Bank of Montreal e no Canadian Tire, carro de luxo de quase meio milhão de reais, iate e até mesmo um avião. É o que mostra o testamento de 27 de novembro de 2018.

Cotten, cuja morte, segundo Robertson, foi repentina, supostamente havia levado consigo o acesso a US$ 180 milhões em Bitcoin, Ethereum, Bitcoin Cash, Litcoin e US$ 70 milhões em fiat, caso as chaves privadas não reapareçam.

O montante totalizou, então, 250 milhões de dólares canadense (cerca de R$ 700 milhões) pertencentes a 115 mil usuários.


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