Gigantes corporativos podem não seguir a jogada da adoção do Bitcoin pela MicroStrategy, explica Raoul Pal
A comunicação é fundamental, especialmente quando se trata de explicar o Bitcoin para entidades corporativas convencionais.
No início deste ano, a gigante de inteligência de negócios MicroStrategy aplicou US$ 425 milhões de seus fundos de tesouraria em Bitcoin (BTC). A mudança foi amplamente vista como um grande passo na direção certa para a adoção do Bitcoin pelo mainstream. No entanto, a MicroStrategy, com seu CEO e fundador Michael Saylor, um altista cético quanto ao Bitcoin, pode não dar início a uma adoção massiva do ativo pioneiro das criptomoedas, de acordo com o ex-gerente de fundos de hedge Raoul Pal.
“Eu não acho que Michael irá impulsionar a adoção corporativa no espaço, porque ele está realmente falando a linguagem do Bitcoin e não a linguagem dos tesoureiros corporativos, e isso tem que acontecer”, disse Pal ao podcaster Peter McCormack para um episódio do Podcast What Bitcoin Did, publicado nesta terça-feira.
“Somos muito ruins neste espaço em falar a língua dos outros que realmente queremos encorajar a entrar no sistema no fim das contas.”
A MicroStrategy divulgou sua compra de US$ 250 milhões de BTC em agosto. A empresa comprou US$ 175 milhões adicionais em setembro. Outrora um grande cético em relação ao ativo, Saylor se voltou para o Bitcoin, postando sobre a moeda com frequência no Twitter. Ele também disse que comprou 17.732 BTC para suas posses pessoais antes da compra de sua empresa.
“Esqueça a quantidade de dinheiro que é, era uma grande parte das reservas de caixa”, disse Pal sobre a compra de BTC da MicroStrategy. “Agora, a maioria das empresas não fará isso, mas Michael acredita de verdade”, explicou Pal, levando à sua fala sobre Saylor não falar a linguagem certa para o crescimento da adoção.
“Já mencionei isso inúmeras vezes – você não vai obter o sistema de pensões e as alocações de ativos até que comece a falar em termos de modelos de alocação de ativos ao portador”, disse Pal. “Nenhum de nós sabe o que são porque ninguém os usa, exceto aquela indústria.”
O próprio Pal reconhecidamente não sabia as estratégias exatas de alocação de ativos que vários setores empregam, mas ele descreveu sua prevalência generalizada. Essencialmente, cada setor tem um conjunto comum de seus próprios objetivos, terminologia e estratégias específicas nativas.
“É baseado nos modelos de alocação de ativos que toda a indústria de fundos de pensão usa, e que os consultores usam e que os atuários usam e tudo isso”, explicou.
“Falar sobre o valor do dinheiro de 100 anos para o tesoureiro da Microsoft, que pode estar em seu emprego por 10 anos antes de se mudar para outro lugar, é irrelevante. Não importa. Mostre-lhe os efeitos da diversificação do portfólio versus o dinheiro que ele mantém em crédito comercial, papel, títulos do tesouro, moedas diferentes e diga: ‘Bem, se você adicionar isso, é isso que faz ao seu portfólio’, então ele dirá: ‘Sim, entendi, vou fazer algo como isso.'”
Uma série de outros players importantes entraram em grandes posições de Bitcoin em 2020, como o bilionário Paul Tudor Jones. A tendência corporativa para o ativo ainda está em sua infância, no entanto.
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