Contra analistas, ex-ministro defende que dólar não sairá do controle
O ex-ministro da Fazenda, Delfim Netto, explica porque considera que o dólar não sairá do controle. Segundo o economista, entretanto, a moeda americana deverá continuar a ser negociada em patamar alto.
Para ele, o real não irá perder completamente a força mesmo com os juros baixos. Tradicionalmente, a Selic em queda torna a renda fixa menos atraente e expulsa o investidor para outros mercados. Na operação, ele compra dólar e faz o preço da moeda subir.
O motivo do suposto controle é a robustez das reservas cambiais brasileiras. Em entrevista ao Bloomberg repercutida na imprensa brasileira, Delfim Netto afirma que o colchão de US$ 340 bilhões é suficiente para garantir swaps cambiais pelo Banco Central em momentos de crise.
O Bacen, de fato, chegou a afirmar recentemente que vê espaço para continuar a usar as reservas para controlar a alta volatilidade do dólar. A afirmação do presidente da entidade, Roberto Campos Neto, acalmou investidores e contribuiu para a subida do Ibovespa para 83 mil pontos e queda do dólar para R$ 5,58 na quinta-feira (21).
Com isso, o preço do Bitcoin no Brasil voltou a acompanhar o movimento estrangeiro, com menos impacto da desvalorização do real. Porém, não há previsão para que a moeda americana caia para baixo do patamar de R$ 5.
Fala vai contra previsão de analistas
A fala de Delfim Netto vai na contramão de analistas. Segundo relatórios recentes do banco americano Goldman Sachs, o dólar poderá alcançar R$ 6 em três meses. Já JP Morgan aponta que a barreira será quebrada em junho. Mais pessimista, o O UBS acredita que a moeda norte-americana chegará a R$ 7,35 em 2021.
As previsões são baseadas principalmente na baixa atratividade do Brasil ao capital estrangeiro. No entanto, na visão do ex-ministro, algumas ferramentas possibilitadas pela lei do “orçamento de guerra” podem compensar perdas. Pela legislação, o Banco Central tem permissão para comprar títulos negociados no mercado secundário.
Selic, PIB e cenário político
A tese do controle do dólar não vem acompanhada de otimismo econômico. Para o ex-ministro da Fazenda, o PIB brasileiro deverá cair 7% este ano, mais do que prevê o Banco Central. Além disso, ele acredita que o Copom deverá continuar cortando a taxa básica de juros até chegar a 1%.
Com déficit primário de quase 10% e relação dívida/PIB prevista para 90% em 2020, o economista aponta que será preciso mobilizar o capital privado externo e o interno com bons projetos para aumentar investimentos. Ao mesmo tempo, defende redução do estado, o qual considera não forte, e sim “obeso”.
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