Queda contínua do mercado de NFTs confirma que inverno cripto chegou também para os tokens não fungíveis

Depois de registrar o recorde de mais de US$ 1 bilhão em vendas semanais em janeiro, mercado de tokens não fungíveis recua 29% nos últimos sete dias e movimenta apenas US$ 168 milhões, indicando que o inverno chegou em todos os setores da indústria de criptomoedas.

O mercado de NFTs foi o único nicho da indústria de criptomoedas que iniciou 2022 com números positivos. Em janeiro o OpenSea bateu seu recorde mensal de volume de transações e o lançamento do marketplace LooksRare com uma campanha de mineração de liquidez agressiva fez com que a marca de US$ 20 bilhões fosse ultrapassada. Menos de dois meses depois, o panorama mudou radicalmente e algumas métricas sugerem que o inverno cripto chegou ao setor – atrasado, mas chegou.

O volume de negociação de tokens não fungíveis recuou 29% nos últimos sete dias, caindo de um total de US$ 237 milhões na semana anterior para US$ 168 milhões agora, de acordo com números da plataforma de monitoramento de dados nonfungible.com apresentados em uma reportagem da Business Insider. A título de comparação, nas melhores semanas de janeiro este número ultrapassou US$ 1 bilhão.

Uma pesquisa da plataforma metageneration.io que analisou 10.325 coleções de NFTs comercializadas no OpenSea revela outras métricas que confirmam o resfriamento do mercado de tokens não fungíveis:

– 70% de todas as coleções disponíveis no mais popular marketplace do mercado não registraram nenhuma venda nos últimos sete dias. Em números absolutos, o percentual equivale a 7.234 coleções. Ampliando a perspectiva para os últimos 30 dias, o número não diminui muito: 67,68% coleções não tiveram nenhum NFT comprado.

– As cinco principais coleções de NFTs em termos de volume movimentado (CryptoPunks, Bored Ape Yacht Club, Mutant Ape Yacht Club, CloneX e Azuki) respondem por 17,6% do volume total transacionado no OpenSea até hoje – 1.731.780 ETH (US$ 4,5 bilhões aproximadamente considerando-se que 1 ETH está cotado em US$ 2.600 atualmente). Os US$ 20 bilhões restantes estão pulverizdos entre as outras 10.320 coleções.

As cinco coleções também registram quedas nos preços-base de seus NFTs nos últimos sete dias, de acordo com dados do CoinGecko. Conclui-se que a retração do mercado de criptomoedas desde o começo do ano e as incertezas nos cenários geopolítico e macroeconômico atingiu o mercado de NFTs.

Fase da “morte” para o atual ciclo de mercado dos NFTs 

Um perfil anônimo do Twitter identificado como The NFT Edge (@thenftedge) postou um longo thread na rede social para defender a tese de que os “NFTs atualmente estão na fase da Morte de seu Ciclo de Vida Macro”. Em outras palavras, ele confirma que o inverno chegou também para os tokens não fungíveis.

Estamos atualmente na fase da “Morte” do Ciclo de Vida Macro NFT.

Operando no mercado de criptomoedas desde 2016, sobrevivi ao meu quinhão de mercados em baixa.

Enquanto o seu influenciador favorito está maníaco, deprimido ou continua promovendo NFTs, vamos mergulhar no atual cenário.

Como esmagar a fase da morte?

— The NFT Edge (@thenftedge)

Segundo The NFT Edge, o ciclo teria se iniciado em dezembro do ano passado com um renascimento do hype do Boerd Ape Yacht Club (BAYC) e o reaquecimento do setor depois que Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH) e muitas outras criptomoedas renovaram suas máximas históricas e a típica rotação de capital direcionou recursos novamente para os NFTs.

Novas coleções como Azuki e CloneX foram lançadas nesse momento e ganharam tração a partir da narrativa dos NFTs como fotos de perfil verificadas (PFP) em redes sociais, reafirmando o status dos tokens não fungíveis em ambientes digitais.

Em janeiro, a curva de interesse manteve-se em ascensão, levando as principais coleções a preços-base recordes. Na mesma época, o BAYC superou os CryptoPunks como a coleção de NFTs mais valorizada do mercado.

Entre o fim de janeiro e o começo de fevereiro, inúmeros projetos derivados dos líderes do mercado surgiram gerando lucros médios três vezes superiores ao valor investido na mintagem dos NFTs durante o lançamento das coleções.

Por fim, a fase da morte se caracteriza pela saturação do mercado diante da proliferação indiscriminada de novos projetos, quedas significativas no preço-base das coleções dominantes e prejuízos recorrentes para colecionadores que investem em novas coleções. Todos estes sinais evidenciam que o ciclo de alta acabou.

Após esta breve introdução inicial, o thread se estende pregando que os investidores atualizem suas ideias e atitudes sobre o mercado, a começar pela aceitação de que o ciclo de baixa de fato chegou e o dinheiro fácil é coisa do passado. Precaver-se é a melhor atitude enquanto não surgem sinais de reversão de tendência.

Uma vez que a Fase da Morte começar, você não terá mais lucro em todos os trades. Não importa quão bom investidor você seja.

Em termos de probabilidade, durante o ciclo de alta você tinha 85% de chance de estar certo, e agora a chance é de 10%.

A única maneira de ganhar: é não jogar. Por enquanto.

— The NFT Edge🛡️ (@thenftedge)

Sair do mercado, no entanto, não significa parar de acompanhá-lo. Observação é a chave do sucesso para não perder a próxima onda quando ela ainda estiver em seus estágios inciais, conclui The NFT Edge.

 De volta ao Macro Ciclo dos NFTs, o momento de início da narrativa geralmente é perdido por muitas pessoas. E tudo bem. Prever o início de uma narrativa é muito difícil. Observar o início de uma narrativa e entrar logo em seguida ainda é muito lucrativo e muito mais fácil.

— The NFT Edge (@thenftedge)

Apesar do recente recuo do mercado uma coleção brasileira intitulada “NFT da Amazônia” esgotou-se em poucas horas e arrecadou mais de R$ 1 milhão. Os compradores dos NFTs passam a ser titulares de direitos correspondentes a um hectare de terra na floresta amazônica e recebem um certificado digital criptografado que atesta a autenticidade da respectiva área. Iniciativa da Moss, emissora do token de compensação de carbono MCO2, o propósito principal da coleção é contribuir para a preservação do bioma amazônico.

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