Como a Coreia do Norte converte em dinheiro os bitcoins roubados por hackers
Kim Jong-un, o ditador da Coréia do Norte, já aproveita de esquemas criminosos durante anos para gerar receita para o desenvolvimento e compra de armas. De acordo com uma reportagem do jornalista especializado em cibersegurança Patrick Howell O’Neill para o MIT Technology Review, o governo norte-coreano agora se volta cada vez mais para crimes cibernéticos, em especial roubos à bolsas de criptomoedas por meio de hackers.
Segundo a reportagem, um ataque de 2018 gerou US$ 250 milhões de uma só vez. Desde então o esquema já movimentou bilhões de dólares. Contudo, hackear uma corretora e efetivamente convertê-las em dólares ou yuans as criptomoedas são coisas diferentes.
“Eu diria que a lavagem é mais sofisticada do que os próprios hacks”, disse o agente da receita federal dos EUA Christopher Janczewski ao MIT Technology Review.
As técnicas norte-coreanas evoluíram nos últimos anos. Uma tática, conhecida como “cadeia de peel”, diz o texto, move dinheiro em transações rápidas e automatizadas de uma carteira Bitcoin para novos endereços por meio de centenas ou milhares de transações de uma forma que esconde a fonte do dinheiro e diminui o risco de disparar alarmes.
A reportagem ainda aponta outro método, chamada de “salto em cadeia”, que move o dinheiro por diferentes criptomoedas e blockchains para retirá-lo do Bitcoin, onde transações são públicas, para as chamadas criptomoedas não rastreáveis. Dessa maneira, os hackers criam uma cadeia que atrasa investigações e ainda fornece pistas falsas.
Segundo Janczewski, autoridades estimam que até 15% da receita norte-coreana esteja ligada a atividades criminosas, sendo que uma considerável parte dela agora é formadas por ataques cibernéticos.
Entretanto, os esquemas criminosos de Pyongyang não são perfeitos e autoridades hoje respondem e compreendem esses tipos de crimes muito melhor do que alguns anos atrás. Além disso, as próprias ferramentas de vigilância do blockchain são poderosas e cada vez mais difundidas.
A texto aponta que um ponto principal nas investigações é a noção de que qualquer grande quantidade de dinheiro transitando entre criptomoedas necessariamente deve passar pelo bitcoin em algum momento, uma vez que é a criptomoeda mais aceita no mundo e facilmente convertida em dinheiro.
O destino final dessas criptomoedas roubadas geralmente são em operações que envolvem negociantes que ignoram os requisitos legais de transação em países como a China, deixando o mínimo de pegadas virtuais possíveis, os chamados mercados de balcão.
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