Senador colombiano propõe utilizar quedas d’água do país para produzir criptomoedas – e não cocaína

Inspirado pelo uso da energia de vulcões para mineração de Bitcoin em El Salvador, o senador Gustavo Petro publicou uma postagem no Twitter defendendo a destinação da energia hidrelétrica excedente na Colômbia para criação de moedas virtuais.

Um político colombiano do alto escalão publicou em sua conta pessoal no Twitter uma defesa da utilização dos recursos energéticos renováveis excedentes do país para a mineração de criptomoedas em substituição à produção de cocaína.

A sugestão do senador Gustavo Petro tem relação direta com os últimos desdobramentos da adoção do Bitcoin (BTC) como moeda de curso legal em El Salvador. Nesta semana, o presidente Nayib Bukele anunciou que o país já está utilizando energia geotérmica para mineração do criptoativo.

A postagem do congressista foi publicada na semana passada como um retweet de uma notícia sobre a novidade no país salvadorenho. Nela, Petro conclama a Colômbia a aproveitar os recursos hídricos abundantes da costa do Pacífico para transformar energia em informação sob a forma de criptomoedas.

E se a costa do Pacífico aproveitasse as quedas íngremes dos rios da cordilheira ocidental para produzir toda a energia do litoral e substituir a cocaína com energia para as criptomoedas?

A moeda virtual é pura informação e, portanto, energia.

Em um comentário ao site Decrypt sobre a publicação do senador Petro, o analista de políticas energéticas da América Latina Wesley Tomaselli disse que a manifestação simplifica uma questão cheia de complexidades, que é a produção de cocaína no país latinoamericano:

“Ele está certo ao dizer que a Colômbia tem um grande potencial para mineração de Bitcoin porque cerca de três quartos de sua geração de eletricidade vem de energia hidrelétrica. O problema é que Petro parece estar vendendo a mineração de Bitcoin como um modelo alternativo de desenvolvimento para o cultivo de coca e os embarques de cocaína. E não é. A menos que Petro tenha uma varinha mágica.”

A Colômbia é o maior produtor mundial de cocaína, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas) e a costa do Pacífico é um dos maiores centros produtores da folha de coca, a matéria-prima para a produção do entorpecente. Além disso, projetos hidrelétricos de grandes dimensões na região são mal vistos por ambientalistas, pois poderiam comprometer os ecossistemas da região, acrescentou Tomaselli.

A repercussão à postagem no Twitter foi amplamente negativa, com diversas manifestações expressando contrariedade à proposta. Até mesmo Jehudi Castro Sierra, assessor da presidência para transformação digital e tecnologia blockchain, contestou o tweet de Petro, dizendo que o Bitcoin é “exatamente o oposto da ideia absurda” do senador. Sem ir além disso, por fim, recomendou que o congressista lesse mais a respeito do tema.

Gustavo Petro é mais um político latinoamericano com pretensões presidenciais a defender abertamente a institucionalização do Bitcoin como política de estado. Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, o deputado paraguaio Carlos Relaja sugeriu que poderia adotar o Bitcoin como moeda oficial do país latinoamericano, caso concorra e seja o vencedor do próximo pleito presidencial do país, marcado para 2023.

Filiado ao partido de centroesquerda Colômbia Humana, que faz oposição ao atual governo, Petro é pré-candidato à presidência do país nas eleições de 2022. De acordo com pesquisas preliminares, no momento o senador é um dos principais favoritos da população para ocupar o cargo.

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