Colômbia e Canadá demonstram interesse em adotar tecnologia do Pix, enquanto BIS testa ‘Pix internacional’

Presidente do Banco Central Roberto Campos Neto revelou recentemente que internacionalização do Pix deve ter início na América Latina para depois expandir-se por outros continentes.

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos desenvolvido pelo Banco Central do Brasil, torna-se cada vez mais uma referência mundial. Enquanto Colômbia e Canadá demonstram interesse em adotar o sistema a partir da tecnologia desenvolvida pelo BC, o Banco de Compensações Internacionais (BIS) revelou que vai realizar os primeiros testes da Nexus, uma plataforma que visa conectar sistemas nacionais de pagamento de 60 países para viabilizar a realização de transações internacionais instantâneas.

O Pix foi lançado pelo Banco Central em 16 de novembro de 2020. Dados da instituição indicam que a quantidade de chaves Pix cadastradas atingiu a marca de 478,3 milhões até 31 de julho de 2022.

O número mostra a popularidade do sistema, cujo número de chaves é maior do que o dobro da população brasileira, estimada em 215 milhões de habitantes pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística). Segundo o BC, o Pix movimentou R$ 933,5 bilhões em julho através de 2,1 bilhões de transações.

Em novembro de 2021, Campos Neto anunciou que o Banco Central trabalha para permitir que o Pix seja usado em operações sem acesso à internet e em transações internacionais. As novidades não têm data para entrarem em vigor, uma vez que dependem de desenvolvimentos tecnológicos.

Além disso, o presidente da instituição revelou que a Colômbia e o Canadá já demonstraram em interesse em adotar o sistema brasileiro, de acordo com reportagem publicada pelo O Estado de São Paulo no sábado, 10:

“Estamos fazendo uma parte internacional do Pix. Eu tenho conversado bastante com o banqueiro central da Colômbia [Leonardo Villar]. Ele afirma que querem fazer igual lá.”

Campos Neto mencionou o baixo investimento necessário à implementação do sistema como um atrativo adicional aos países interessados: 

“O Pix é muito barato, custou R$ 5 milhões para o Banco Central brasileiro.”

“Pix internacional”

Em março deste ano, o Banco de Compensações Internacionais, também conhecido como “banco central dos bancos centrais”, elogiou o sistema brasileiro em um relatório sobre meios de pagamentos digitais. De acordo com o BIS, o Pix é um exemplo de como os bancos centrais do mundo podem apoiar a interoperabilidade e a concorrência entre sistemas de pagamento internacionais, além de servirem de facilitadores para que os países façam a transição de seus sistemas monetários rumo à adoção de moedas digitais de bancos centrais (CBDCs).

Agora, o hub de inovação do BIS anunciou que vai dar início aos testes de uma plataforma que permitirá a realização de transações financeiras instantâneas entre nações nos mesmos moldes do Pix, informou reportagem do site Poder 360. Intitulado “Nexus”, o sistema deve abranger mais de 60 países.

Conforme o site oficial do projeto, o Nexus visa conectar sistemas nacionais de pagamento – como o Pix – “em uma plataforma transfronteiriça”. Os primeiros testes serão realizados entre sistemas digitais de pagamento da Malásia, de Singapura e da Europa, com intermediação do Banco da Itália.

“Esses parceiros têm uma vasta experiência na construção e conexão de sistemas de pagamento”, afirmou o BIS. Em um primeiro momento, os testes processarão pagamentos simulados, “mas não processará dinheiro real ou pagamentos de usuários reais”, esclareceu a instituição.

Sem citar o Pix, o site do Nexus que os sistemas de pagamento instantâneos operantes em diversas regiões do planeta podem diminuir os custos e aumentar a eficiência das transações financeiras internacionais:

“Mais de 60 países já possuem sistemas de pagamento instantâneo (ou ‘rápidos’) que permitem que as pessoas enviem dinheiro umas às outras em segundos. No entanto, enviar dinheiro para o exterior muitas vezes ainda é lento e caro. A conexão desses sistemas nacionais internacionalmente poderia melhorar a velocidade, o custo e a transparência dos pagamentos transfronteiriços.”

EUA desenvolve seu próprio sistema

Enquanto isso, a economia mais desenvolvida do planeta ainda trabalha para implantar seu próprio sistema de pagamentos digitais instantâneos. Em fase final de testes, o FedNow deve entrar em operação entre maio e julho do ano que vem.

O Banco Central dos EUA (Fed) projeta que o FedNow seja incorporado por todas as instituições financeiras do país, promovendo a integração e a conexão de empresas e indivíduos para modernizar os sistemas de pagamentos em uma economia onde o cheque ainda é um instrumento comum. No Brasil, por exemplo, quase ninguém usa cheques no dia a dia.

Por sua vez, a Rússia, um dos maiores rivais dos EUA no campo da geopolítica, trabalha para legalizar a utilização de criptomoedas para pagamentos internacionais, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente.

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