CointradeCX lista criptomoedas de empresas que deram calote como a LQX, da Credminer

Mesmo com denúncias de fraudes e de falta de liquidez, a corretora de criptomoedas brasileira CointradeCX listou dois projetos que deram problemas para muita gente: Nasdacoin e LQX (criada pela Credminer)

Ambas são alvo de denúncias de pessoas que empenharam – e perderam – parte de seu dinheiro com esses supostos ativos. O caso da LQX é ainda mais grave, visto que a Credminer obrigou os clientes a aceitá-la em vez de pagar as promessas de rendimentos com bitcoin.

A Nasdacoin até aparece no CoinMarketCap, indicador que reúne cerca de 5.000 criptomoedas já criadas mundo afora. No entanto, a LQX não aparece na busca do agregador.

De moeda interna a ‘substituta do bitcoin’

A criptomoeda LQX foi idealizada por Antônio Silva, CEO do MDX Group, que tem entre suas empresas a antiga Credminer [atual WeHPM], cuja principal atividade era mineração de bitcoin.

Segundo seu idealizador, a ideia inicial era que a LQX fosse de uso interno dos clientes das empresas do MDX Group. No entanto, alegando dificuldades com o mercado brasileiro, pressão de bancos e da mídia, a Credminer anunciou o abandono da mineração em bitcoin e transformou o saldo de seus clientes na criptomoeda em LQX.

A troca do bitcoin pela LQX é apenas uma entre várias mudanças nos negócios da Credminer adotadas no semestre passado. A própria empresa admite nos grupos de WhatsApp que há clientes com prejuízo, e que as mudanças visam ressarcimento.

A Credminer disse que iria encerrar as atividades ainda em janeiro e deu a seus clientes duas opções: migrar o saldo disponível para sua substituta, a WeHPM, aberta em dezembro passado em Berlim (Alemanha); ou transferi-lo para a corretora Liquidex, que pertence ao MDX Group, para cumprimento do restante do contrato.

Quando foi lançada, a LQX era cotada a R$ 4 — um valor arbitrário determinado pela própria empresa. Atualmente, de acordo com a cotação disponível na própria CointradeCX, cada LQX vale entre de R$ 0,2 e R$ 0,4 centavos.

Em dezembro, os associados da Credminer/WeHPM usavam grupos de WhatsApp para tentar revender seus LQX em troca de bitcoin ou reais – ou mesmo por artigos como motos, carros e televisores. Dessa forma, tentavam mitigar o prejuízo com a mudança nos negócios da empresa, que vinha há meses atrasando pagamentos.

Em post no blog da corretora, a CointradeCX se refere à LQX como uma criptomoeda “genuinamente brasileira”. Até o momento é a única exchange a listar o ativo no Brasil.

Prejuízos com Nasdacoin

Apesar do nome, a Nasdacoin nada tem a ver com a Nasdaq,
famosa bolsa de valores dos Estados Unidos que reúne ações de empresas de
tecnologia.

Lançada em 2018, a Nasdacoin tem como idealizador o
brasileiro Thiago Batista, também conhecido como James – apelido que diz ter
ganho durante temporada que viveu no exterior.

Em meados de 2018, a Nasdacoin chegou a registrar uma valorização de 1.600% em duas semanas. Depois, caiu tão vertiginosamente quanto subiu. Atualmente é cotada no CoinMarketCap a algo equivalente a R$ 0,11.

Foi
nesse momento de alta que o investidor Alex Cunha, de Mato Grosso, acabou
atraído para investir na Nasdacoin. Meses depois, passou a amargar um prejuízo
que passa dos R$ 200 mil.

Além do prejuízo, Alex e outros investidores relatam dificuldades ao tentar contato com patrocinadores e com os líderes da Nasdacoin. “Eles visualizam a mensagem no WhatsApp, não te respondem ainda te bloqueiam em seguida”, disse um deles.

O que diz a CointradeCX

Procurada pelo Portal do Bitcoin, a CointradeCX afirmou, via assessoria de imprensa, que não oferece nem recomenda qualquer tipo de investimento ou ação especulativa por parte dos usuários.

“Nosso papel no ecossistema é disponibilizar à comunidade um ambiente tecnológico seguro e confiável para a troca de tokens e moedas”.

Questionada sobre quais os critérios adotados para listar uma criptomoeda, a corretora argumenta que os ativos passam por uma análise técnico-jurídica interna, “com o objetivo de avaliar se estão em conformidade com os padrões técnicos necessários à sua efetiva disponibilização, bem como se estão aderentes à legislação vigente”.

A CointradeCX deixou aberta, no entanto, a possibilidade de rever a listagem de criptomoedas suspeitas de esconder fraudes, caso comprovadas. “Se em algum momento forem identificadas irregularidades que comprovadamente desabonem qualquer projeto, a empresa se compromete em rever a listagem do ativo, seja qual for ele”.

O post CointradeCX lista criptomoedas de empresas que deram calote como a LQX, da Credminer apareceu primeiro em Portal do Bitcoin.

Você pode gostar...