Top 100 influenciadores cripto de 2022 do Cointelegraph apontam principais tendências o futuro da indústria

Após um ano marcado pelo crescimento do mercado, aumento da adoção por investidores institucionais e do varejo, surgimento de novos casos de uso para ativos digitais, 2022 promete ser o ano em que pressões externas à indústria de criptomoedas vão dar o tom do mercado.

Ao longo de fevereiro, o Cointelegraph revelou sua clássica lista dos top 100 influenciadores do mercado de criptomoedas apontando o que foi tendência em 2021 e quem são as personalidades que vão moldar a indústria em 2022.

A lista é composta majoritariamente por pessoas reais, mas não só. Neste ano, há 13 entidades não-humanas entre os 100 eleitos. Algo natural em um momento marcado por preocupações com o futuro da humanidade, como a escalada do autoritarismo em nível global, a crise geopolítica no leste europeu, as incertezas macroeconômicas prementes desde o final do ano passado e agora aprofundadas pelo atual conflito, o aquecimento global, a transição de matrizes energéticas e o próprio futuro da vida no planeta, que começa a buscar correspondências em ambientes virtuais imersivos não apenas como forma de escapar à realidade, mas justamente para integrá-las às potencialidades da tecnologia. 

O fato é que nada disso escapa ao domínio das criptomoedas e os primeiros acontecimentos do até agora turbulento 2022 mostram que as criptomoedas e a tecnologia blockchain serão um instrumento útil e importante para a construção, ou reconstrução, de um mundo melhor. As redes descentralizadas têm potencial para distribuir valor e minar o controle de entidades despóticas, sejam elas estatais ou financeiras.

Cada um à sua maneira, os influenciadores presentes no top 100 do Cointelegraph, vêm contribuindo ativamente para construção de uma outro mundo, a um só tempo material e imaterial, cujos valores são muito mais nobres e altivos do que qualquer capitalização de mercado.

Top 51-Top 100

Entre as cinquenta personalidades que compõem a segunda metade da lista há desenvolvedores, empresários, artistas, políticos, gestores de fundos capital de risco, influenciadores e analistas pseudônimos e entidades nativas da tecnologia blockchain como exchanges descentralizadas (DEX) e DAOs (Organizações Autônomas Descentralizadas).

Se as exchanges descentralizadas ganharam popularidade ainda em 2020, durante o verão DeFi e desde então vem se expandindo em outras redes, adicionando recursos e funcionalidades para além da rede Ethereum, onde originalmente surgiram, as DAOs são um fenômeno que ganhou força ao longo de 2021 e tende a ampliar suas potencialidades este ano.

Organizações autônomas descentralizadas são um instrumento para instauração da democracia em protocolos blockchain que podem se tornar uma nova forma de organização societária em campos diversos. Utilizado pela primeira vez em 2016 na blockchain original do Ethereum (ETH), hoje, existem mais de 4.200 DAOs no universo cripto e mais de US$ 9 bilhões em criptoativos bloqueados em seus tesouros.

Basicamente, DAOs são órgãos deliberativos baseados em contratos inteligentes através dos quais são tomadas decisões em redes descentralizadas, evitando a manipulação sistêmica e a centralização do poder pelos usuários. A maioria das redes exige que pelo menos 50% dos membros votantes estejam de acordo para que uma proposta seja aprovada.

Entre os mais notáveis DAOs lançados até agora em 2022 está o AssangeDAO. Criado para cobrir os custos legais dos processos contra o ativista Julian Assange, responsável pelo WikiLeaks, o projeto conseguiu arrecadar US$ 53 milhões.

Entre as personalidades de carne e osso há desde um dos empresários mais ricos da indústria, o fundador da Binance, Changpeng Zhao (aka CZ), um dos mais incensados desenvolvedores do setor DeFi, André Cronje, criador do agregador de yield farming Yearn.finance e do mais novo projeto sensação da Fantom, o Solidex, o artista britânico Damien Hirst, que não é nativo do setor, mas no ano passado lançou uma coleção de NFTs com o provocativo título “The Currency”, e o senador australiano Andrew Bragg, um defensor declarado da adoção de criptomoedas, ativos digitais e da tecnologia blockchain no gigante da Oceania.

Top 11-Top 50

Entre aqueles que ficaram às portas do Top 10, destaque para o CEO da Tesla e entusiasta de criptomemes Elon Musk, cuja relação com as personalidades nativas do espaço é altamente volátil como a cotação da sua moeda xodó, o Dogecoin (DOGE), oscilando entre o amor e o ódio; o igualmente controverso Nayib Bukele, amado pelos maximalistas do Bitcoin por ter alçado a maior criptomoeda do mercado a moeda de curso legal em El Salvador, apesar de o processo ter sido um tanto vertical e pouco democrático, contrário aos princípios da descentralização, como chegou a afirmar Vitalik Buterin, o criador do Ethereum; este, aliás é outro que ocupa uma posição de destaque, mas não tão importante como em anos anteriores. 

À frente de Vitalik Buterin estão, por exemplo, Anatoly Yakovenko, o criador da Solana (SOL), e Do Kwon, cofundador e CEO do Terraform Labs, responsável pelo Terra (LUNA) – duas das principais rivais do Ethereum

Personificando os tokens não fungíveis, Crypto Punks e Bored Ape Yacht Club, as duas coleções de NFTs mais populares do mundo, além de Trung Nguyen, CEO da Sky Mavis, a empresa responsável pelo maior sucesso de games NFT no modelo play-to-earn – o Axie Infinity, cujo marketplace já movimentou mais de US$ 4 bilhões em criaturinhas fantásticas sob o formato de tokens não fungíveis.

Aqui também estão presentes algumas das personalidades das indústrias do esporte e do entretenimento que foram importantes para a popularização dos criptoativos, como a lenda do futebol americano, Tom Brady, o rapper, colecionador de NFTs, e personagem do metaverso The Sandbox (SAND), Snoop Dogg, e o bilionário do Shark Tank, Mark Cuban.

Top 10

Abrindo o pelotão que compõem a linha de frente dos influenciadores cripto, os cães da raça Shiba Inu, afinal foi graças ao seu carisma – e aos tweets de Elon Musk – que Dogecoin e Shiba Inu (SHIB) atingiram o top 10 do ranking de criptomoedas por capitalização de mercado no ano passado. A comunidade não parece tê-los abandonado e um retorno aos melhores dias embora pouco provável não é totalmente absurdo.

Representando a classe política, o prefeito de Miami, Francis Suarez, ocupa a sétima posição com a promessa de transformar a cidade da Flórida em um dos principais pólos da indústria de criptomoedas do mundo. Reforçando a proeminência do metaverso como uma das principais fronteiras a serem desbravadas no futuro próximo, os criadores de The Sandbox, Sebastien Borget, e de Decentraland (MANA), Esteban Ordano, ocupam a quarta e a sexta posições, respectivamente.

Personificação do fenômeno dos tokens não fungíveis, o criador do OpenSea, Devin Finzer, ocupa a terceira posição.

O segundo lugar cabe a um fantasma cuja assombração e efeitos sobre o mercado são encarados com dubiedade. Há quem defenda que a inflação é positiva para o mercado de criptomoedas porque o Bitcoin se apresentaria como um ativo de proteção e reserva de valor no curto prazo contra a perda do poder de compra das moedas fiduciárias.

Trata-se de uma narrativa ainda não consolidada, que há pouco foi posta em dúvida quando a divulgação dos números crescentes da inflação dos EUA não teve um efeito favorável ao mercado de criptomoedas ou ao Bitcoin diante da tendência de aumento da taxa de juros dos EUA pelo FED já a partir deste mês.

Um Fed mais agressivo possivelmente fará com que os preços das ações e das criptomoedas sofram novas perdas como no começo deste ano. Com a expectativa de que a inflação permaneça elevada por grande parte de 2022 e possivelmente até 2023, será que o Bitcoin finalmente provará seu valor como ativo de proteção ou será negociado como um ativo de risco?

Para grande decepção da comunidade de criptomoedas, a correlação do Bitcoin com o mercado de ações esteve mais alta do que nunca nos primeiros meses de 2022 e poucos arriscam-se a prever se o aguardado descolamento acontecerá ou não.

Sam Bankman-Fried e WAGMI

Se alguém personificou à perfeição o potencial disruptivo e criativo da indústria de criptomoedas neste momento de ascensão ao mainstream que marcou o ano de 2021, foi Sam Bankman-Fried. Mais jovem bilionário da indústria de criptomoedas, o CEO e fundador da exchange FTX é o número 1 do top 100 do Cointelegraph.

A FTX é a quarta maior exchange de criptomoedas do mundo em termos de volume negociado e está avaliada em US$ 32 bilhões. Em 2021, a FTX fez investimentos pesados em marketing esportivo adquirindo os naming rights da arena do Miami Heat, clube que disputa a Liga Profissional de Basquete Norte-Americano (NBA). 

Além disso, Bankman-Fried é um dos principais apoiadores da Solana o crescimento da rede concorrente do Ethereum em 2021 em grande parte passa por seu entusiasmo e contribuição ativa para o desenvolvimento do ecossistema.

Como um dos maiores empresários do setor, Bankman-Fried tem consciência de que a o marco regulatório imposto pelo governo dos EUA representará um ponto de inflexão para o mercado de criptomoedas: para o bem ou para o mal.

Por isso, ao longo de 2021 e já no começo deste ano, tomou parte em audiências no Congresso com a missão de catequizar os legisladores de forma que a o potencial disruptivo e inovador das criptomoedas não seja sufocado em função de uma abordagem antiquada e preconceituosa daqueles que ainda associam as criptomoedas a crimes financeiros e operações ilegais.

Além dos desafios da regulação, em 2022 a FTX lançará um cartão de débito Visa para que os usuários possam utilizar suas criptomoedas diretamente em terminais comerciais fiduciários. O CEO da FTX também defende que as stablecoins devem ser mais transparentes e auditáveis, “permitindo que elas prosperem.”

Por fim, a lista deste ano tem uma menção especial honorária a todos aqueles que contribuem para o desenvolvimento do mercado de criptomoedas e da tecnologia blockchain: WAGMI (we are all gonna make it) – “todos nós vamos chegar lá”. Onde? Neste mundo que será melhor não apenas para os usuários de criptoativos, mas para toda humanidade, de forma democrática, descentralizada, distribuída em que as hierarquias rígidas serão coisa do passado.

LEIA MAIS

Você pode gostar...