Analista da CoinShares lança alerta sobre estratégia governamental em curso para banir o Bitcoin

Um movimento para banir mineração de criptomoedas que utilizam a Prova-de-Trabalho como mecanismo de consenso, tendo como justificativa o alto consumo energético, já estaria em curso, segundo executiva da firma de investimento CoinShares.

Governantes de diferentes jurisdições delinearam uma estratégia que já está sendo posta em prática para banir o Bitcoin (BTC), afirmou Meltem Demirors, chefe de estratégia da firma de investimento em criptomoedas CoinShares durante painel na conferência Crypto Bahamas.

O plano tem como alvo o alto consumo energético da Prova-de-Trabalho (PoW), o mecanismo de consenso e validação de transações a partir do poder de processamento computacional idealizado por Satoshi Nakamoto, relata reportagem da Finbold.

Demirors afirmou que atacar o Bitcoin sob a perspectiva da preservação ambiental é uma forma de conquistar o apoio da opinião pública para restringir a atividade dos mineradores e enfrentar a ameaça que a criptomoeda representa ao sistema financeiro tradicional e ao próprio estado nacional devido à sua natureza descentralizada e anti-censura.

Utilizando o meio ambiente como cortina de fumaça para ocultar suas verdadeiras intenções, os governantes podem aprovar leis banindo a Prova-de-Trabalho. Caso sejam bem sucedidos, será um duro golpe ao mercado de criptomoedas, disse a estrategista.

“O que estamos vendo ao redor do mundo, o que é realmente preocupante para mim, é usar o ataque à Prova-de-trabalho e, em particular, ao uso de energia do Bitcoin, como uma maneira de implementar uma proibição de fato ao Bitcoin sem dizer isso. Sem o Bitcoin e o Bitcoin agindo como a principal fonte de liquidez desse mercado, nada disso existe. Então eu acho que essa é uma visão incrivelmente míope.”

No entanto, a estrategista confia no poder de mobilização da comunidade cripto para barrar esse tipo de iniciativas, ou ao menos minimizá-las, já que se trata majoritariamente de um ataque cujos epicentros estão em grandes potências europeias, na China e nos EUA.

Regulação restritiva

O alerta de Demirors é uma reação à proposição de leis que procuram estabelecer restrições ou mesmo proibir completamente a mineração de criptomoedas baseadas em Prova-de-Trabalho. 

A Assembleia do Estado de Nova York aprovou um projeto de lei que proíbe por dois anos todas as novas instalações de mineração de criptomoedas de prova de trabalho (PoW) que usem combustíveis à base de carbono para sustentar suas operações.

O projeto de lei, defendido por Anna Kelles, não apenas impõe uma suspensão de dois anos na aprovação de quaisquer novas mineradoras de Bitcoin, mas a lei proposta também impediria a renovação de licenças emitidas para mineradores de criptomoedas baseadas em Prova-de-Trabalho caso elas aumentem a quantidade de eletricidade consumida em suas operações.

Em março, membros do Comitê de Assuntos Econômicos e Monetários do Parlamento Europeu votaram contra uma versão do projeto de lei Markets in Crypto Assets (MiCA), que poderia efetivamente banir criptomoedas baseadas em Prova-de-Trabalho em países da União Europeia.

Também em março, o Greenpeace, juntamente com outras organizações de defesa do meio-ambiente, e com o cofundador e presidente executivo da Ripple (XRP), Chris Larsen, lançaram a campanha “Mude o código, não o clima”, destinada a pressionar a comunidade do Bitcoin para fazer a transição do criptoativo a um modelo de consenso mais ecológico, como está fazendo o Ethereum (ETH).

A segunda maior criptomoeda do mercado está em processo de transição de um modelo de consenso baseado em Prova-de-Trabalho para um de Prova-de-Participação (PoS), que é energeticamente mais sustentável.

Por fim, nesta semana, oito grupos ambientalistas solicitaram ao Governo dos EUA que a Agência de Proteção Ambiental submeta as mineradoras de criptomoedas baseadas em Prova-de-Trabalho a “revisões rigorosas” de suas licenças de operação.

Apesar das pressões desencadeadas em diversas jurisdições, um relatório do Bitcoin Mining Council recém publicado revelou que o uso de energia sustentável para mineração de Bitcoin cresceu quase 60% em um ano, conforme noticiou o Cointelegraph Brasil.

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