Coinbase: Ambiente regulatório no Brasil é favorável, diz diretor
O mercado cripto está se recuperando de um longo período de baixa, em que muitas pessoas perderam dinheiro ou interesse no setor. Ao mesmo tempo, novos desenvolvimentos têm reacendido o interesse pela indústria, como a aprovação dos ETFs de Bitcoin.
Esse ambiente é muito favorável ao Brasil, conforme o Regional Managing Director para as Américas da Coinbase, Fabio Plein. Ele acredita que o cenário regulatório do país é favorável à expansão da indústria, aliado ao crescente interesse de investidores.
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Antes de ingressar na Coinbase, Plein ocupou vários cargos de liderança na Uber, incluindo a supervisão do lançamento e expansão da Uber no Brasil.
Atuou também como vice-presidente de Novos Negócios da PicPay, empresa líder em tecnologia de serviços financeiros com foco na construção de carteiras digitais. Ele possui MBA pela Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA) e graduação em Administração de Empresas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul no Brasil.
Nesta conversa com o BeInCrypto, ele fala sobre o ambiente regulatório no Brasil, a evolução do mercado de criptomoedas e o crescente interesse do mercado tradicional no setor.
- Como você começou a trabalhar com criptomoedas?
Eu me formei em administração e, em seguida, fui fazer um mestrado em negócios nos Estados Unidos. Quando eu me formei, em 2013, no mestrado na Califórnia, voltei para o Brasil para trabalhar com consultoria, então passei um tempo trabalhando em consultoria de gestão.
Depois de um tempo trabalhando em consultoria, eu fui convidado aí para fazer parte do time que estava lançando a Uber aqui no Brasil. Eu não participei todo do processo de lançamento e de expansão da Uber no Brasil. E, lá, eu fiquei durante 5 anos de diferentes funções.
Em seguida, eu fui para uma outra etapa, quando comecei a me aproximar mais de serviços financeiros. E tive uma outra etapa lá, também, construindo uma unidade nova do zero no PicPay, que é a PicPay shop hoje em dia.
Eu sempre tive essa ligação com tecnologia e, depois um tempo, uma ligação também com o serviço financeiros e essa combinação também, que deve ser essa próxima onda de inovação, com potencial de impactar positivamente a vida das pessoas, assim como o olhar que mais para o Brasil.
E tudo isso que me atraiu para cripto. Eu acho que a Coinbase, particularmente, tem essa missão de trazer mais liberdade econômica para as pessoas, uma missão muito significativa para um país grande como o Brasil.
A exchange tem um papel importante disso. Portanto, poder trabalhar no crescimento de uma empresa que está na fronteira também aí da inovação foi o que me motivou.
- E durante esses dois anos em que você está na Coinbase, o que mudou no Brasil?
O Brasil se tornou para a gente, ao longo desse período, o mercado prioritário para a empresa. Nós temos essa população muito grande, em mais de 200 milhões de pessoas, jovem que está acostumada a abraçar também a tecnologia de serviços financeiros.
Ao longo das últimas décadas, nós vimos que o Brasil é um país que está sempre entre os que têm a maior nível de adoção de criptomoedas, por causa tanto do impacto da economia tradicional com inflação e da desvalorização cambial.
Tem uma série de elementos que acho que também ajudam a ilustrar, porque muitos artigos digitais têm uma atração bem importante aqui no país. E acho que, também, há um ambiente regulatório que é favorável.
Eu acho que a inovação na indústria fez com que nós priorizássemos o Brasil. Para trazer para cá a mesma experiência de produto que nos fez crescer e se consolidar nos Estados Unidos.
Eu acho que a ideia, então é seguir agora, cada vez mais ajustando e melhorando a experiência para as necessidades. E para os casos de uso aqui no Brasil.
- E como é lidar com a questão regulatória no país?
Eu não tenho dúvida que aqui, no Brasil, a gente encontra um cenário muito diferente do que nos Estados Unidos. Portanto, a postura dos reguladores no Brasil, do banco central, da CVM, é uma postura construtiva, de quem entende o poder da tecnologia cripto, de web3.
Ela tem uma vontade genuína de colaborar para criar um ambiente positivo para que essa indústria siga evoluindo. Como a tecnologia traz mais eficiência, segurança – uma série de ganhos – aí também. Então a gente vê sempre com muitos bons olhos assim essa postura de mercados como o brasileiro, que tem um regulador que que cria um ambiente de debate diferente do regulador americano, que tem uma abordagem mais de confronto.
A gente vê que algo muito favorável também. Não há nada mais tangível do que esse momento. Agora que o banco central quer entender mais e se colocando numa posição de poder escutar as diferentes perspectivas para criar a sua posição.
Esse é um tipo de ambiente que a gente acha o mais favorável e simples, de garantir que a tecnologia promova mais inovação, melhores serviços e mais segurança para usuários. Então, estando alinhado nesses princípios e tendo esse universo e, também, esse ambiente de conversa, há mais chances de se obter um resultado positivo para o sistema financeiro e para inovação aqui no país.
- Como a Coinbase vê o crescente interesse de empresas financeiras tradicionais na indústria cripto?
A gente vê como algo muito positivo. Nós já temos bastante orgulho por causa do processo dos ETFS. Pelo menos 8 dos 11 ETFs que foram aprovados escolheram a Coinbase como a responsável pela custódia de seus BTC.
Isso mostra, também, um pouco do papel que a gente tem e de confiança perante a indústria, tanto de ter players como Blackrock, Greyscale e Fidelity, entre outros, porque há uma injeção muito mais significativa de capital para a indústria.
Há um fluxo maior de capital, há mais pessoas se familiarizando sobre a tecnologia. Eu acho que isso acaba tendo um efeito também positivo. Conforme as pessoas ficam mais curiosas, vão saber mais sobre o Bitcoin.
E, depois, o próximo passo pode ser. Fica mais curiosa para saber sobre Ethereum e depois sobre uma outra moeda também. Há um efeito em cascata interessante e não dá para a negar a força educacional das equipes comerciais desses grandes bancos, que vão ter que falar com as, com os investidores e se educar mais sobre o tema para quebrar alguns estigmas sobre a indústria.
Nós vemos isso como uma força positiva que não necessariamente vai se concretizar nas próximas semanas, mas que é um desdobramento para os próximos anos, com uma injeção de capital importante e de volume muito grande de novos usuários aqui para a indústria.
- O ambiente cripto ainda tem a fama de ser um local onde proliferam muitos golpes, lavagem de dinheiro e outros tipos de crime. Como fazer para convencer a população de que isso não é verdade?
Esse é um ponto muito importante para nós. Nós estamos investindo em elevar o nível da indústria e ser reconhecido como o player que traz mais segurança e confiabilidade ao longo das de toda a nossa trajetória.
A Coinbase é uma empresa pública que acaba atendendo aos padrões mais altos também de transparência e de compliance, com o que é exigido nos mercados. Aqui no Brasil, nós operamos desse mesmo padrão de excelência com segurança, investimentos significativos e em ter times robustos de compliance jurídico.
Isso no passado, já deve ter sido um pouco mais difícil também, porque todo mundo tinha um nível de conhecimento menor sobre a indústria do que hoje. Isso facilita e sem dúvida ele abre portas, mas isso é um processo que vai trazendo mais legitimidade para a indústria.
- Como é operar com a lei brasileira em relação a outros mercados?
O Brasil está evoluindo muito bem. O país ainda está definido como vai ser esse detalhamento regulatório.
Então, como é que agora? Nós estamos nesse momento, agora que o Banco Central fez a consulta pública com todas as várias empresas – nós inclusive. Agora, o BC deve fazer uma primeira versão para escutar o mercado, se está coerente com as práticas.
O Brasil está tratando com muita seriedade o assunto. Faz bastante sentido entre a segurança do usuário, a segurança do sistema financeiro, mas mantendo aí um arcabouço que respeite as características da tecnologia.
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