Exclusivo: Atlético Mineiro quer ser referência de inovação no futebol brasileiro e prepara-se para lançar NFTs na Binance

Head de Inovação do Atlético Mineiro, Felipe Ribbe, deu entrevista ao Cointelegraph Brasil falando sobre lançamento de NFTs e possibilidades do clube adotar blockchain e fan tokens no futuro.

O Clube Atlético Mineiro prepara-se para estrear uma coleção de NFTs no novo marketplace da exchange global Binance no próximo dia 24 de junho, em mais um passo do clube campeão da América em 2013 em direção ao criptomercado.

Felipe Ribbe, Head de Inovação do Atlético-MG, falou na última segunda-feira ao Cointelegraph Brasil sobre a série de iniciativas do Galo Mineiro no mercado de tokens não fungíveis: o lançamento de cards de jogadores na plataforma Sorare, o leilão de um quadro baseado na defesa do goleiro Victor nas quartas-de-final da Libertadores de 2013 e agora o lançamento de uma coleção digital de camisas históricas do clube na nova plataforma NFT da Binance.

“Eu comecei no clube há pouco tempo, há três meses, e desde o ano passado já vinha acompanhando o mercado de NFTs. Quando entrei no clube, já trouxe alguns projetos e na minha cabeça era muito claro que o Galo tinha que explorar este mercado de criptoativos. Por ser um mercado muito novo, a gente não entrou neste momento pensando no dinheiro, mas muito mais com um viés de experimentação e vendo que tipo de possibilidades que ele traz para o futebol no médio e longo prazo.”

Felipe Ribbe também diz que as primeiras experiências do clube com NFTs tiveram bom retorno, inclusive financeiro:

“Apesar da gente não ter colocado esta meta financeira neste momento, o retorno que tivemos com estas iniciativas foi bem acima do esperado. Com a Sorare, que é um fantasy game global que envolve clubes de todo mundo, somos o único clube brasileiro, eles já tem uma comunidade muito ativa, há alguns meses já fica sempre no Top 5 no mercado. O acordo foi de licenciamento de marca, ficamos com um percentual minoritário das vendas, então nosso trabalho foi quase zero e o risco também. A gente tem tido um sucesso bem bacana. Já no caso do leilão de arte digital, a obra do goleiro Victor foi arrematada por 2 ETHs na OpenSea. Essa já foi uma iniciativa 100% do Atlético em parceria com a FutCoin, com risco muito baixo também. Valeu muito à pena”

No lançamento da plataforma NFT da Binance, o Atlético Mineiro vai lançar uma linha de camisas históricas digitais. O Head de Inovação diz que o clube vai lançar uma camisa por vez para testar o alcance da plataforma da maior exchange do mundo entre seus torcedores.

Ribbe também comentou a iniciativa de clubes brasileiros como o Cruzeiro e o Vasco, que lançaram tokens atrelados ao mecanismo de solidariedade da Fifa, e de internacionais que lançam fan tokens em parceria com a Chiliz, como PSG, Barcelona, Juventus e Manchester City.

“Essas iniciativas de utility tokens nos interessam muito. No caso do Vasco e do Cruzeiro, há uma antecipação de receita, de acordo com a necessidade desses clubes, acho essas iniciativas inovadores muito boas de acordo com a necessidade de cada clube. Quando a gente tem clubes com grande torcida, como o Galo, Cruzeiro, Vasco, entrando nesse mercado é muito bom, isso cria um ciclo vicioso muito bacana. A gente também está estudando outras formas para a gente usufruir dessa tecnologia blockchain dentro do futebol. Eu acredito que no futuro a venda de ingressos também vai ser muito afetada pela tecnologia NFT, para eliminar as fraudes e ajudar a certificar as vendas. Por ser um mercado novo, as possibilidades são inúmeras. Até quem está mais evoluindo ainda está descobrindo onde pode chegar. A gente está estudando muito sobre que tipo de iniciativas a gente pode participar e a gente quer estar nestas ondas quando elas estão se formando, não quando elas virarem espuma.”

Finalmente, ele diz que vê a tecnologia blockchain e outras criptomoedas cada vez mais integradas ao futebol, mas ainda há uma curva de adoção e aprendizado para a sociedade brasieira antes disso acontecer com maior tração:

“Eu acho que isso pode acontecer, mas tem toda uma grande curva de aprendizado antes. Acho que hoje para um atleta ou até funcionário receberem seu salário em criptomoedas, eles precisam de um grande conhecimento sobre isso antes, e hoje isso ainda não acontece. Por mais que a gente tenha popularização, ainda é um mercado muito ‘nichado’ e que traz muita desconfiança entre a população. Mas eu enxergo sim, o aprendizado está acontecendo, a gente vê cada vez mais gente interessada, empresas bilionárias comprando Bitcoin e aceitando criptomoedas como pagamento. A gente ainda tem muitas iniciativas que na minha visão são puro hype, o que é natural com qualquer tipo de nova tecnologia, mas eu acredito que a gente vá chegar em um momento como este”.

Finalmente, ele diz que quer tornar o Galo Mineiro referência da inovação tecnológica no futebol brasileiro:

“São alguns caminhos. No mercado de colecionáveis, o grande objetivo é massificar a adoção, que deixe de ser algo de nicho para se tornar algo da torcida do Atlético, independente se a pessoa tem conhecimento do mercado cripto ou não. Acho que a popularização passa não só pelo Atlético mas também por outros clubes, quando mais pessoas se interessarem, melhor. Para além disso, acredito muito na parte de ingressos para jogos em NFT e blockchain, acho que os clubes, entidades e organizadores vão enxergar isso e a chance de isso acontecer é muito grande. E na parte dos utility tokens, as possibilidades são infinitas, seja com tokens que dão às pessoas benefícios, com a tokenização de outros ativos que os clubes podem digitalizar, acredito na blockchain com um papel muito efetivo na parte jurídica dos clubes também. A gente precisa hoje de pessoas dentro dos clubes com esse mindset, porque quanto mais cabeças pensantes mais a gente consegue evoluir”

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