Clientes da Stratum e da CoinBR relatam atrasos na liberação de saques

Nas últimas duas semanas, pelo menos 20 pessoas reclamaram que a Stratum e a CoinBR – plataformas de negociação de criptomoedas – não estão liberando saques.

“Já completaram 35 dias desde a solicitação do saque de R$ 42,6 mil”, “mais de um mês para liberar bitcoins” e “a empresa não responde mais meus e-mails” foram alguns dos comentários publicados no Reclame Aqui.

O Livecoins também recebeu por meio de um aplicativo de conversa o depoimento de uma pessoa que afirmou estar com dinheiro preso no negócio.

Falta do dinheiro me afeta durante a pandemia

Um dos investidores do Reclame Aqui disse que tentou realizar um saque de R$ 42,6 mil no mês passado.

Na plataforma, ele escreveu que, para tentar reaver seu dinheiro, fez tudo o que a Stratum pediu, como envio de documentos por e-mail e até reconhecimento de firma em cartório. No entanto, nada foi resolvido até agora.

“Já completaram 35 dias desde a solicitação de saque no valor de R$ 42.650, resultado da venda de minhas moedas. Em um momento como esse, em que estou precisando muito, pois faço parte de um setor muito prejudicado com essa pandemia, para mim está sendo péssimo esse atraso, pois tenho responsabilidades a honrar”, escreveu.

Estou com prejuízo de R$ 52 mil, diz investidor

Já o investidor que entrou em contato com a reportagem disse, na manhã desta quarta-feira (17), que não conseguia fazer saques há 30 dias. O nome dele não será revelado.

Ele relatou que tentou resolver o problema com o suporte do negócio, mas nenhuma solução foi apresentada. O prejuízo gerado por causa do atraso, falou, beirava os US$ 10 mil (R$ 52 mil).

“Como sempre tem acontecido até o momento, o suporte da Stratum não explicou nada. Só ficam enrolando. A empresa disse que a próxima data de verificação do caso é para meados de julho, sem, no entanto, explicar o motivo para não devolver o meu dinheiro”, falou.

Empresa resolve problema de cliente depois de conversa com reportagem

Ainda na manhã desta quarta-feira, a reportagem do Livecoins questionou  Rocelo Lopes, CEO da Stratum e fundador da CoinBR, sobre os atrasos dos saques.

Logo depois da conversa com Lopes, o Livecoins voltou a entrar em contato com o investidor que alegou ter tido prejuízo de R$ 52 mil. Na troca de mensagens, ele disse que não iria mais falar e que Rocelo entrou em contato” com ele “e o problema do saque foi totalmente resolvido com a intervenção dele”.

Atrasos ocorrem por causa de novo processo de compliance, diz CEO

Sobre os atrasos, o CEO da Stratum disse à reportagem que alguns ocorrem porque a empresa, no primeiro semestre deste ano, iniciou o processo de KYP (Know Your Partner). Esse procedimento é uma prática de compliance que visa evitar fraudes.

Lopes explicou que, a partir da implantação das novas regras, todo cliente precisa assinar um formulário de validação de cadastro com reconhecimento de firma em cartório.

Ele falou que o formulário, após preenchido pelo cliente e enviado para a Stratum, é encaminhado para Hong Kong, na China, onde fica o setor de compliance do negócio. “Esse processo todo às vezes leva tempo e, por isso, podem ocorrer atrasos”.

Tem muita gente tentando tumultuar também, diz Lopes

O CEO da Stratum também disse que algumas reclamações no Reclame Aqui foram feitas por usuários que não têm contas na Stratum e só querem fazer tumulto.

“Eles estão apenas tentando tumultuar o negócio. Detectamos também pessoas no Reclame Aqui entrando em contato com usuários e se passando por funcionários. Já até clonaram meu Instagram para fazer isso”, disse.

Outros comentários no Reclame Aqui, falou Lopes, são de clientes que não enviaram o formulário de KYP ou estão parados no compliance por causa de dúvidas sobre a origem de seus recursos.

“Há casos ainda de usuários envolvidos em fraudes e que não terão os recursos liberados até que se conclua o processo. Sobre essas situações, não posso comentar, mas posso afirmar que alguns desses clientes fizeram reclamações no Reclame Aqui”, disse ao Livecoins.

A reportagem também questionou a suposta demora nas respostas do suporte da Stratum. Rocelo disse que a empresa está respondendo a todos, “mas alguns querem resposta imediata”, o que não é possível.

CVM proibiu empresa de ofertar contratos de investimento coletivo

No final de 2019, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) proibiu a Stratum, a CoinBR e seus sócios de “ofertar publicamente títulos ou contratos de investimento coletivo cuja remuneração estaria atrelada ao desempenho de índice de criptoativos gerido por profissionais”.

A autarquia, que é responsável por regular o mercado de capitais, pediu a suspensão imediata da atividade do negócio. Além disso, estipulou uma multa diária de R$ 100 mil para cada uma das empresas e seus sócios, caso a solicitação não fosse cumprida.

No mês passado, no entanto, a CVM informou que a empresa interrompeu a oferta irregular de contratos de investimento coletivo. Por isso, o processo aberto para investigar o negócio foi cancelado.

O ofício sobre o arquivamento do caso foi enviado por Rocelo. A reportagem confirmou a validade do documento no site da autraquia.

“Todavia, tendo em vista a interrupção da oferta irregular e as características do caso concreto, informamos que o Processo SEI nº 19957.002336/2019-54 foi arquivado nesta Superintendência com base no inciso I, alínea “b” c/c § 2º do art. 4º da Instrução CVM nº 607/19. 4. Não obstante, alertamos para a necessidade, em ocasiões futuras, de se observar a legislação vigente, a fim de evitar a instauração de eventual procedimento de natureza sancionadora e/ou a suspensão da oferta nos termos do art. 9º, § 1º, inciso IV, combinado com art. 20, ambos da Lei nº 6.385”

Breve história

A CoinBR foi fundada em 2013 na cidade Florianópolis (SC). Em 2017, a exchange iniciou o processo de internacionalização e recebeu recursos da Stratum, fundo de investimentos de Hong Kong, na China.

Por meio dessa parceria, a Stratum ficou responsável pelas transações de criptomoedas, gestão e carteiras. Já a CoinBR assumiu o papel de representar os interesses do negócio no Brasil e na África do Sul.

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