Banco Central fecha parceria com a Microsoft para adaptar PIX a computação quântica

O Banco Central anunciou uma parceria com a Brazil Quantum e com a Microsoft para realizar estudos sobre como mudar a criptografia do PIX

O Banco Central do Brasil entrou de ‘cabeça’ nos avanços da tecnologia e na digitalização da economia e depois do Pix, Open Banking e de anunciar uma Moeda Digital de Banco Central, CBDC, para ‘acabar’ com o dinheiro físico no país, o BC agora esta de olho na computação quântica.

Para isso, o BC anunciou uma parceria com a Brazil Quantum e com a Microsoft para realizar estudos sobre como mudar a criptografia do PIX.

O projeto é supervisionado pelo Departamento de Tecnologia da Informação do BC (DEINF) e tem como objetivo considerar a viabilidade de usar tecnologias resistentes a ataques de computadores quânticos.

O estudo tratará da aplicabilidade e a escalabilidade dos algoritmos de segurança quântica no PIX. Não foi divulgado prazo para o estudo ser concluído e nem quando o Pix tera segurança contra computadores quânticos.

PIX usa mesma criptografia do Bitcoin

O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do BC, usa o mesmo tipo de criptografia do Bitcoin, o algoritmo SHA-256, que gera muitos debates entre desenvolvedores e realmente poderia ser quebrado com o uso de computação quântica e com isso ‘destruir’ o Bitcoin.

Para Mário Rachid, diretor-executivo de soluções digitais da Embratel, é possível.

“O problema é que a computação quântica traz um risco iminente. Ela também poderá ser usada para o mal. Organizações cibermininosas poderão fazer uso desse altíssimo poder de processamento para quebrar as hoje indecifráveis criptografias. A redução do tempo de resolução possibilitaria a quebra da maioria dos sistemas de criptografia usados atualmente. Isto colocaria em risco várias informações sensíveis armazenadas e trafegadas em ambientes seguros, como páginas web, e-mails e APPs criptografados, (…) Mesmo as tecnologias mais modernas, como blockchain, precisarão ser reformuladas para se tornarem mais seguras contra futuros ataques baseados em computadores quânticos”, declarou.

Contudo, para o desenvolvedor do Bitcoin, Jimmy Song, é uma besteira dizer que a computação quântica pode destruir o BTC. Segundo ele, as pessoas que declaram isso deveriam entender melhor como a tecnologia funciona e “estudar mais”.

“Isso é tudo uma besteira (risos). O problema é que a maioria das pessoas não entende a computação quântica, e a concepção popular é a de que ‘se conseguirmos mais poder de processamento podemos calcular coisas em 5 segundos’. mas não é assim que funciona. Com a computação quântica você obtém melhores raízes quadradas mas isso não garante que elas serão suficientes para decifrar uma chave privada”, disse.

Entretanto, de acordo com o desenvolvedor do bitcoin Pieter Wuille, pouco mais de 64 mil bitcoin estariam vulneráveis a um ataque quântico, ou seja 37% do total de BTC em circulação.

Os endereços afetados seriam aqueles reutilizados diversas vezes para uma chave privada. Para impedir isso, segundo ele, o núcleo do Bitcoin Core já vem estudando mudanças na assinatura do Bitcoin para implementar um esquema de assinatura de segurança PQC.

O mesmo estaria sendo feito com o Ethereum, que vem debatendo o conceito do Ethereum 3.0. Uma das soluções que vem sendo debatida é o programa SNARGs proposto por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, que não utiliza a criptografia do SHA256 mas ‘combina’ diferente tipos de criptografia.

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