‘Banco Central faz ICO direto, é igual a Mafia e não me venha com conversinha libertária’, diz Gustavo Franco, ex-presidente do Bacen

Ex-presidente do Banco Central do Brasil não acredita no potencial das criptomoedas e afirmou que os Bancos Centrais são igual a Máfia

O ex-presidente do Banco Central do Brasil (BACEN), Gustavo Franco, mostrou-se um tanto quanto cético quanto ao potencial do Bitcoin e das criptomoedas, conforme palestra que proferiu durante o 1 BlockTrends, realizado pela QR Capital, em 26 de agosto, no Rio de Janeiro.

Franco, discorrendo sobre a história da moeda, do ponto de vista de um Banco Central, comparou as criptomoedas com os modernismos na história da arte, perguntando se os criptoativos podem realmente representar uma transição para uma nova ‘era’ digital ou se são apenas idéias que trazem um hype, mas que fundamentalmente não trazer uma mudança de paradigma.

“A pergunta é se as criptomoedas são mais um destes modernismos ou se ela encerrou esta parte de experimentação e traz alguma novidade que é um outro paradigma. Parece-me que não”, disse.

Citando a historia de Cildo Meirelles, artista brasileiro, que, como forma de artre, imprimiu uma quantidade de notas e espalhou por diversos lugares do Brasil, sem especificar a tiragem delas ou se iria ou não imprimir mais delas depois, Franco disse que as criptomoedas são iguais a experiência de Meirelles e destacou que elas não trazem nada de diferente e destacou que há o Bitcoin e o resto tudo são empresas.

“As criptomoedas efetivamente não tem nada de diferente do passado. O Bitcoin efetivamente domina mais de 50% do mercado e o restante são empresas, Smal Caps, e são tratadas como tal”, destacou.

Segundo ele a idéia de transformar o dinheiro fiduciário em dinheiro digital poderia ter sido feita de uma forma mais simples, com é o caso da China, com o Alipay e Tecent. que, segundo ele, permitem pagamentos extremamente úteis, “muito mais úteis do que outras coisa que se proponhe com a digitalização”

“O que a experiência chinesa no smostra é que aquilo que estamos chamando de open banking é a separação do sistema de credito com o sistema de pagamentos. O open banking tem um potêncial muito grande de transformar o sistema bancário, além meramente do problema de acesso” disse

Franco também partiu para cima e disse que, independente das criptomoedas serem incorporadas ou não na econômia,o que é claro é que isto não será feito sem regulamentação.

“As criptomoedas criaram uma espécie de sensação de novo offshore, ligado ao anonimato. Bom ser for para ser isso, não vai rolar. Os reguladores deste planeta vão bombardear esta idéia e não venha com esta convesinha libertária. Não vai rolar. Não tem porque criar um faroeste financeiro monetário para acobertar crimes ou outas coisas”.

Sobre as moedas digitais de bancos centrais ele disse que não acha a ideia tão interesssante e que, se elas serão emitidas por um Banco Central, que garante a emissão da moeda, então ele é o terceiro garantidor.

“Se exitem moedas emitirada pelos bancos centrais, duas coisas acontecem uma é que somem os bancos ou seja os bancos serão criaturas diferentes e não mais atuam no sistema de pagamentos, eles vão captar CDBs para fazer empréstimos, vão fazer spread, uma atividade diferente do que exercem hoje. A segunda consequência para que precisamos de blockchain se o Banco Central pode criar sua moeda digital e ser o terceiro de confiança. Para todo o sistema ele é mais confiável que qualquer outro sistema que se tem”

Ainda segundo ele, os Bancos Centrais fazem um Oferta Inicial de Moedas (ICO) direto, pois “Banco Central em todo mundo Toda hora colocam papel moeda em circulação em geral através do Tesouro Nacional que vai pagar os bonus ou deficit destes pedaços de papel pintado”. 

Franco também destacou que os Bancos Centrais e a máfia tem coisas em comum:

“Ambos possuem o monopólio do crime, de ‘criar poder de compra do nada’ e vendem segurança melhor que a concorrência”

Como reportou o Cointelegraph, o Banco Central do Brasil (Bacen), reconheceu oficialmente Bitcoin criptomoedas como bens – e, indiretamente, como meio de pagamentos – e passou a incluir a negociação dos ativos digitais por brasileiros nas estatísticas sobre a balança comercial do país, conforme publicação oficial de 26 de agosto.

O documento, que ainda classifica a atividade de mineração como “processo produtivo”, é um relatório dos pagamento feito no Brasil e incluiu os criptoativos embora eles não tenham um “status” no país. Os criptoativos estão incluídos na terceira parte do relatório que trata da Balança Comercial indicando que houve revisão no relatório seguindo recomendações do Fundo Monetário Internacional.

“O Comitê de Estatísticas de Balanço de Pagamentos, órgão consultivo sobre metodologia das estatísticas do setor externo ao Departamento de Estatísticas do Fundo Monetário Internacional (FMI), recomendou classificar a compra e venda de criptoativos (especificamente aqueles para os quais não há emissor) como ativos não-financeiros produzidos, o que implica sua compilação na conta de bens do balanço de pagamentos

Ainda segundo o Bacen, a atividade de mineração de criptomoedas passar a “ser tratada como um processo produtivo”, seguindo recomentadações do texto “Treatment of Crypto Assets in Macroeconomic Statistics

“Por serem digitais, os criptoativos não tem registro aduaneiro, mas as compras e vendas por residentes no Brasil implicam a celebração de contratos de câmbio2 . As estatísticas de exportação e importação de bens passam, portanto, a incluir as compras e vendas de criptoativos. O Brasil tem sido importador líquido de criptoativos, o que tem contribuído para reduzir o superávit comercial na conta de bens do balanço de pagamentos”

 

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