Caso Energisa: ‘roubo’ na fatura pode ser evitado com uso de blockchain
Um caso de inflação irregular na conta de luz por parte da concessionária de energia elétrica Energisa chamou a atenção no último domingo (3). O caso, ocorrido com um cliente de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, mostra a defasagem nos sistemas de medição de energia.
Rones Cézar, de 48 anos, começou a notar subidas inesperadas na fatura desde outubro de 2019. Segundo ele, naquele mês, a conta passou de R$ 376 para R$ 548 sem motivo aparente. A partir daí passou a subir sem parar, alcançando R$ 2.160 em abril.
Para piorar, a Energisa passou a limitar o atendimento por conta da pandemia. Além disso, a empresa foi alvo de um ataque hacker que fez com que os sistemas ficassem suspensos quatro dias.
Sem atendimento da companhia, ele finalmente conseguiu contato com o Inmetro. A análise atestou que o medidor inflava o consumo em 30%. O valor é muito superior à margem aceitável de variação de 1,3% entre a medição e o consumo real.
Blockchain e energia elétrica
Embora chame atenção, o problema da Energisa seria apenas um dos que poderiam ser mitigados por um sistema em blockchain que ainda não saiu do papel. Especialistas veem a tecnologia como uma maneira de acelerar a informatização dos sistemas de medição. A avaliação é que a mudança melhoraria a gestão e impediria falhas do tipo.
Um dos exemplos é a Energy Web Chain, rede do consórcio Energy Web Foundation (EWF), que reúne mais de 100 empresas. Construída na plataforma Ethereum, ela usa um sistema de validação rápido e confiável para acelerar a digitalização e promover geração de energia distribuída no setor elétrico.
A mudança também permitiria a criação de um marketplace de energia. Por meio de contratos inteligentes, consumidores poderiam comercializar o excedente produzido facilmente. Dessa maneira, seria algo benéfico principalmente para usuários de painéis solares. Além disso, processos como tarifação e negociação de energia poderiam ser automatizados, ajudando a reduzir custos e baratear a energia.
Situação no Brasil
Países como a Espanha já avançam na iniciativa, com um plano-piloto da concessionária Iberdrola no ar desde o ano passado. O Brasil chegou a começar cedo, mas a solução ainda não saiu do papel. A EDP desenvolve uma tecnologia de medição e distribuição de energia com base em blockchain desde 2018. Em junho de 2019, a companhia portuguesa firmou parceria com a Accenture para impulsionar a iniciativa.
Por outro lado, a pioneira em uso da blockchain no Brasil foi alvo de invasão por hackers que pediam bitcoin. Em abril, criminosos disseram ter interceptado 10 terabytes em dados da empresa. O resgate pedido ficou na casa dos 1.500 BTC.
Não se sabe se o fato poderá convencer gestores a acelerarem a modernização dos sistemas. Por enquanto, o projeto que prevê o uso de rede blockchain no setor de energia elétrica brasileiro não tem data para entrar em vigor.
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