Casal que prometia lucro com bitcoin em zonas pobres do Rio de Janeiro desaparece
Um casal que se identificava como proprietários de uma suposta empresa de investimentos em bitcoin chamada F3 Tech, que vendia pacotes com garantia de retorno em zona pobre do Rio de Janeiro, não está sendo localizado pelos clientes.
Segundo relatos em redes sociais, o casal encerrou o contato com os investidores sem realizar pagamentos, fato que originou uma suspeita de golpe.
De acordo com os comentários, Frederick Silva e Thainá Sodré prometiam retornos financeiros de até 60% de rendimento em um curto período de tempo através investimentos em criptomoedas. Essa porcentagem está fora da realidade no mercado brasileiro.
Conforme informação no site da F3 Tech, a empresa fica localizada no bairro de Campo Grande, na cidade do Rio de Janeiro.
Vítimas perderam todas as economias
Dentre as várias vítimas, Monique Mendes relatou que investiu tudo o que vinha economizando para seu casamento, conforme mostrou uma reportagem da TV Record que foi ao ar na terça-feira (07).
Mendes conta que tinha R$ 4 mil e resolveu investir. “Era tudo o que eu tinha. Fiquei zerada”, relatou.
Elaine Cruz também foi vítima. Ela disse que ‘aplicou’ R$ 3 mil e que quando decidiu sacar os juros prometidos, não conseguiu falar com mais ninguém.
“Sumiu. Não tem mais nada. Escritório fechado, loja da mulher dele toda esvaziada e a família não dá notícia”, desabafou. A reportagem afirmou que as vítimas registraram queixa na delegacia.
Outra pessoa que caiu no suposto golpe foi Nanci Mendes. Ela depositava todo mês em uma conta da F3 Tech. O valor total transferido para a empresa foi de R$ 8 mil.
Funcionário ficou sem pagamento
Ricardo Fernandes, disse que trabalhou na F3 Tech até o mês de março e não recebeu o seu último pagamento. Ele também conta que não foi mais atendido. Eles chegaram a ir até a casa do proprietário da empresa, mas este acabou chamando a polícia.
A reportagem ainda cita pelo menos 1500 pessoas tenham caído no golpe.
Contrato do mal
De acordo com o contrato de prestação de serviço, ainda disponível na plataforma, nos ‘deveres dos clientes’, eles têm que concordar que a F3 TECH administre seus ativos pelo período de 60 dias, oferecendo um rendimento de 40%. Além do bitcoin, a empresa também aceitava outras criptomoedas.
Caso repercutiu nas redes sociais
Na última segunda-feira (03), uma usuária do Facebook fez um post que sugere que sua procura pelo casal chegou ao limite:
Um site de notícia também repercutiu o caso. Segundo o Jornal Gazeta RJ, “o que parecia ser uma chance de investimento seguro e retorno rápido se transformou num pesadelo”.
No site Reclame Aqui, há várias reclamações e nenhuma delas foi respondida. A maioria das postagens é sobre o encerramento do atendimento pela F3 Tech.
“Há dias venho tentando entrar em contato com a empresa, por todas as formas possíveis, e nada. Pararam de responder, sumiram das redes sociais e de seu canal no Whatsapp e email”, diz uma reclamante.
Em uma outra reclamação, uma suposta investidora conta como aderiu ao negócio e, ao final, desabafa:
“Enfim, fui enrolada por várias semanas. Já não acredito que irei recuperar o meu dinheiro. Caso eu recupere deixarei avisado aqui, mas acho quase impossível. De qualquer forma, quis deixar meu depoimento aqui para que outras pessoas não cometam o mesmo erro”.
Abaixo-assinado
Uma das vítimas do suposto golpe criou um abaixo-assinado no dia 03 de maio por meio da plataforma abaixoassinado.org. O documento, que até a presente data conta com 98 assinaturas e 890 visualizações, terá como seu destinatário a Polícia Civil do Rio de Janeiro.
O título da petição é “Vítimas do Golpe da F3 TECH, Frederick Silva e Thainá Sodré”. O autor, que se identificou apenas como ‘mais uma vítima’, também anunciou a criação de um grupo no WhatsApp para interação das vítimas e acompanhamento do caso.
Um trecho do apelo diz que a dupla foi dada como desaparecida inclusive por seus familiares familiares.
“Pedimos que nosso dinheiro seja devolvido com os devidos juros ao qual temos direito e que a justiça sobre as pessoas envolvidas seja feita!”.
Áreas periféricas eram alvo
Os responsáveis pela F3 Tech tinha como alvo as periferias da cidade do Rio de Janeiro, persuadindo pessoas das comunidades mais pobres a apostarem no investimento através de palestras.
Uma das reuniões supostamente aconteceu em abril do ano passado, em um espaço de coworking que fica no Complexo do Alemão, o Casa Brota. No Facebook, a empresa anunciou:
“Hoje estaremos na Casa Brota no Complexo do Alemão falando sobre criptomoedas, blockchain e favela. F3 TECH pela cidade”.
Entusiasta do mal
Há dois anos, Frederick Silva se mostrava um entusiasta e dava dicas de investimentos em criptomoedas, mais precisamente sobre o bitcoin, e divulgava links de sites voltados para o aprendizado sobre a tecnologia blockchain.
Em uma das publicações em sua conta no Medium, Silva diz que dá pra investir em uma startup com R$ 25 e cita o bitcoin como uma grande promessa de lucro. Na rede social ele se identifica como ‘Investidor-anjo’ e Editor da F3 Tech.
“Sugiro sempre a compra de bitcoin por p2p de pessoa para pessoa, porém existem casas de câmbio virtuais uma que eu uso é a Walltime.info.”.
Através do blog, Silva pedia doações em bitcoin para o endereço 1EYG1RxQVJTnAtuS2THJjrVnwMuNETjawM, que chegou a receber ₿ 0.00049462.
Em um canal próprio no Youtube, em julho de 2017, Silva publicou um vídeo onde faz uma transação BTC/LDC na exchange Cryptopia.
No entanto não há publicações disponíveis. Um mês depois, ele criou uma outra conta, chamada The House of Silva — Incubadora Coworking Zona Oeste.
Também em julho daquele ano, em um vídeo publicado pelo canal FJ Gamer, Silva é apresentado por um suposto parceiro no negócio. O título do vídeo é ‘Empresa de trade #F3Tech – Dinheiro em dobro em 2 meses’.
Nele, Silva se apresenta como CEO F3 Tech. Ele confirma a promessa feita a investidores. “Estamos com um projeto simples de investimento mínimo que depois de dois meses você tem um cashback de 60% de retorno”.
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