Canadense cria mineradora de bitcoin que usa sobras de gás do petróleo
O gás produzido a partir da extração de petróleo, que costuma ser desprezado, é uma fonte de energia para a empresa canadense Upstream Data. E a mineração de bitcoin é o grande destino desse recurso adicional.
“Nem sempre é bonito, mas os produtores de petróleo e gás têm uma nova opção para economizar energia ociosa”, diz a empresa, em operação desde 2017, em postagem no Twitter.
“Tudo o que é necessário para iniciarmos é uma fonte de gás natural e uma conexão à Internet de baixo custo, como celular ou satélite”, complementa a Upstream, por meio de seu site.
Há um total de quatro datacenters, sendo dois nos Estados Unidos (Texas e Wyoming) e dois no Canadá (Saskatchewan e Alberta, onde fica a sede da empresa). Em comum está o fato de serem todas regiões ricas em petróleo — ou seja, áreas com matéria-prima abundante para o projeto.
O fundador da Upstream, o empresário canadense Steve Barbour, é um egresso da indústria petrolífera e um entusiasta do bitcoin. Ou seja, o negócio une perfeitamente o passado e o presente do empreendedor.
“Quando soube da mineração de Bitcoin, em 2016, imediatamente percebi que essa tecnologia era a solução. Tudo o que precisávamos era criar um datacenter portátil de mineração de bitcoin alimentado a gás natural”, explica Barbour sobre como surgiu a ideia da Upstream, em post no site da empresa.
Alternativas de energia
O caso da Upstream Data não é único. Outras empresas também encontraram no excedente da indústria de petróleo e gás um recurso para ajudar na produção de energia necessária para a mineração de bitcoins.
É o caso da Crusoe Energy Systems, do Colorado (EUA), que também vem aproveitando o gás excedente de oleodutos que seria queimado para gerar eletricidade na mineração de bitcoin.
No projeto da Crusoe, o gás é convertido em poder de computação, gera receita e não contribui para as mudanças climáticas. Ou seja, colabora com a natureza e ainda gera receita com a criptomoeda.
A iniciativa chamou a atenção dos irmãos Tyler e Cameron Winklevoss, donos da exchange Gemini, que atuam no mercado de bitcoin. Os gêmeos participaram da primeira rodada de financiamento do projeto e aportaram US$ 5 milhões dos US$ 30 milhões levantados pela companhia.
Também dos EUA, a Atlas Holding LLC, do ramo de carvão e gás natural, também tem apostado no recurso natural como forma de minerar bitcoin, conforme noticiou a agência Bloomberg em março passado.
Alto custo
A utilização de uma fonte mais barata de energia também beneficia os mineradores de bitcoin, cuja atividade se torna cada vez mais árdua. No último dia 13, dois meses após o halving, o poder de mineração (hashrate) do bitcoin atingiu um novo recorde histórico de 125 TH/s.
Para sobreviver nesse mercado de mineração, são apenas duas alternativas: a busca por eletricidade mais barata, reduzindo os custos da atividade e conservando certa lucratividade — e que funciona somente em curto prazo; ou atualizar o maquinário para unidades mais eficientes.
De acordo com o portal “Cambridge Bitcoin Electricity Consumption Index”, a China concentra cerca de 65% do total do poder global de mineração, além dos principais pools de empresas dedicados à atividade. Em um distante segundo lugar, com 7,24%, aparecem os Estados Unidos. Já o Canadá, sede da Upstream, é o sétimo na lista, com 0,82% do hashrate.
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