Búlgara promoveu criptomoeda fake anti-bitcoin, atraiu bilhões de euros e sumiu
A história já passou para o rol dos acontecimentos enigmáticos do universo cripto. Em um espaço de apenas dois anos, a búlgara Ruja Ignatova enriqueceu ao inventar uma criptomoeda que atraiu bilhões de euros em investimentos. E depois desapareceu, sem deixar rastros.
A trajetória de Ruja – e a busca por seu paradeiro – é contada em reportagem da rede britânica BBC, também transformada em uma série de podcasts.
Ruja, também chamada de Cryptoqueen, ficou conhecida por ser
a idealizadora e principal divulgadora da OneCoin. Essa moeda virtual, segundo ela,
seria capaz de desbancar o bitcoin em dois anos.
Em uma famosa aparição em Wembley, em 2016, Ruja se denominava
“bitcoin Killer” – a “assassina do bitcoin”, em tradução livre.
Com esse discurso, Ruja contagiava investidores por todo o
mundo, falava em grandes eventos. Aparentava ser a representante de um futuro
que parecia próximo – e que quem quisesse fazer parte da história, deveria acompanhá-la.
Ao mesmo tempo, cultivava uma vida de luxo. Seu figurino era
composto por roupas e joias caras.
Seus bens, obtidos com os lucros da OneCoin, incluíam um
iate e imóveis de luxo na Bulgária – na capital, Sofia, e no resort de Sozopol,
às margens do mar Negro.
Criptomoeda sem lastro?
No entanto, havia algo errado com
esse discurso.
A reportagem da BBC encontrou pessoas que passaram pela
história da OneCoin e de sua criadora.
Entre elas está Bjorn Bjercke, um expert em blockchain que
quase trabalhou com a OneCoin. A ele foi oferecida a tarefa de criar uma rede
que desse suporte a uma moeda de digital. E declinou do convite quando soube
que a criptomoeda em questão era a tal OneCoin.
Em vez de uma rede blockchain – como em outras criptomoedas –,
a OneCoin está “lastreada” em um servidor SQL com um banco de dados. Nada mais
do que isso.
Ou seja, a moeda digital tida como “sucessora do bitcoin”
não passava de uma farsa, sem lastro algum.
A mentira da OneCoin, no entanto, movimentou – e ainda movimenta – recursos e pessoas em diferentes países – até mesmo em locais pobres, como Uganda, na África.
Documentos citados pela BBC estimam que OneCoin tenha
movimentado algo entre 4 bilhões e 15 bilhões de euros. Essa quantia ainda deve
aumentar.
O site da OneCoin tem, inclusive, uma versão em português – na qual, agora, diz contar com uma rede blockchain.
Reportagem da Agência Pública republicada pelo Portal do Bitcoin aponta que a OneCoin movimentou R$ 11 milhões no Brasil entre 2015 e 2016.
Onde está Ruja?
Apesar da fachada bem-sucedida, os problemas estavam se formando. A abertura de uma corretora há muito tempo prometida, que permitiria que a OneCoin fosse transformado em dinheiro, continuava sendo adiada. Ao mesmo tempo, os investidores estavam ficando cada vez mais preocupados.
Em outubro de 2017, Ruja deveria participar de uma reunião como
promotores europeus da OneCoin em Lisboa (Portugal), no qual daria explicações.
Ela nunca apareceu.
Seu último registro, obtido por autoridades americanas, é de
25 de outubro de 2017, dias após o sumiço em Portugal.
Nessa data consta o embarque de Ruja em um avião da Ryanair –
companhia área de baixo custo – de Sofia (Bulgária) com destino a Atenas (Grécia).
Desde então, nunca mais foi vista. E em que parte do mundo estaria Ruja Ingatova?
A pergunta é feita tanto pela reportagem da BBC como por
investigadores policiais mundo afora, como o FBI dos Estados Unidos.
Nenhuma hipótese é descartada pelas investigações em curso.
Troca de identidade, vida reclusa, proteção de algum grupo poderoso e até sua
morte estão entre as possibilidades.
Muito além do bolso
O enredo envolvendo Ruja Ignatova é semelhante ao de outras histórias de pirâmides financeiras que pipocam mundo afora – inclusive no Brasil.
No entanto, este se torna especial quando considerados os
atores e valores envolvidos, ultrapassando a casa dos bilhões de euros.
A reportagem da BBC ainda traz elementos que passam longe do
mercado financeiro, mas que ajudam a entender o fascínio despertado pela
OneCoin e outros esquemas de pirâmide.
A professora Eileen
Barker, da London School of Economics, vê semelhanças entre o sentimento
despertado por pirâmides como a OneCoin e cultos messiânicos.
“Quando a profecia falha, eles acreditam mais fortemente”, diz ela à BBC. “Particularmente se você investiu algo, não apenas dinheiro, mas crença, reputação, inteligência. Você pensa: ‘Espere um pouco mais’”.
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