Startups brasileiras devem se inspirar no Pix para popularizar criptomoedas no país, afirmam especialistas
A facilidade de uso do sistema de transferências instantâneas criado pelo Banco Central foi mencionado como um modelo eficiente para atrair usuários brasileiros para o universo das criptomoedas em um painel realizado na Ethereum Rio, conferência que acontece no Rio de Janeiro.
Embora as criptomoedas tenham caído no gosto dos investidores brasileiros em 2021, ainda há um longo caminho até que ativos digitiais se tornem de fato populares no cotidiano da população, inclusive como um meio de pagamento alternativo que dispensa a intermediação de instituições financeiras.
A facilidade de uso e a eficiência do Pix, sistema de pagamentos e transferências instantâneas criado pelo Banco Central, devem ser explorados por startups brasileiras de criptoativos focadas no desenvolvimento de produtos e serviços para os usuários finais, sugeriram especialistas reunidos em um painel realizado durante a Ethereum Rio. O evento organizado pela Comunidade Independente da Ethereum está sendo realizado no Rio de Janeiro, entre 11 e 20 de março.
Rocelo Lopes, CEO da SmartPay Pagamentos Digitais, destacou a interface amigável do Pix, que permite a transferência de valores entre usuários através de QR Codes. Aplicativos dedicados a criptomoedas poderiam ampliar consideravelmente sua base de usuários oferecendo recursos semelhantes, afirmou o executivo.
Nesse sentido, afirmou Lopes, há inúmeras oportunidades para empreendedores e desenvolvedors que estejam dispostos a se dedicar a facilitar a utilização de criptoativos no Brasil, seja como meio de pagamento ou como instrumento de investimento financeiro:
“Se startups e jovens desenvolvedores criarem aplicativos e produtos tão fáceis como o Pix para o uso de cripto, isso nos dará uma vantagem competitiva enorme aos brasileiros em relação a qualquer outro país.”
A iminência da implantação do real digital, cujos primeiros testes práticos devem ter início ainda este ano, surge como outra oportunidade de promover a interseção entre as criptomoedas e o sistema financeiro tradicional. A disposição dos brasileiros para incorporar e se adaptar às inovações tecnológicas não pode ser desprezada pelos desenvolvedores, destacou Safiri Felix, diretor de Produtos e Parcerias da Transfero.
A implantação da CBDC (moeda digital de banco central) brasleira aliada à regulação do mercado de criptoativos oferecerá mais segurança aos investidores, aumentando a demanda por soluções efetivas no sentido de ampliar a oferta do produtos e serviços baseados em ativos digitais, afirmou:
“CBDC tem grande futuro no Brasil. E a regulação traz mais segurança para os investidores.”
Lopes lembrou que a regulação ainda é um tema sensível não apenas no Brasil, mas no mundo todo. “Em 20 minutos você consegue colocar qualquer ativo à venda na forma de um token, o que pode ser muito perigoso”, afirmou para reforçar a necessidade do estabelecimento de um marco regulatório favorável ao desenvolvimento do mercado brasileiro de criptomoedas.
O head de research da exchange Mercado Bitcoin, Andre Franco, ressaltou a necessidade de maiores estímulos à construção de um ecossistema forte e autossuficiente no país, de forma que os empreendedores não sejam obrigados a recorrer ao exterior para desenvolver projetos relacionados a criptomoedas.
Franco pontuou ainda que, no Brasil, as criptomoedas ainda são majoritariamente encaradas como um mero instrumento de investimento financeiro, e não como a indústria autônoma e emergente, com alto potencial de inovação e disrupção, que de fato é:
“Precisamos desse mercado aqui, há muitas oportunidades para empreender. É preciso ver cripto como investimento, não penas cotação”.
Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil, há uma demanda cada vez maior do mercado brasileiro por profissionais qualificados para trabalhar em empresas nacionais e estrangeiras do setor de criptomoedas.
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