Instituto brasileiro quer acabar com o trabalho escravo usando blockchain e já consegue resultados positivos

O Instituto Alinha, uma organização sem fins lucrativos, quer acabar com o trabalho escravo nas confecções no Brasil usando blockchain

A Organização Social sem Fins Lucrativos (ONG), Instituto Anima, quer combater o trabalho escravo no Brasil por meio do uso da tecnologia blockchain. Para concretizar este objetivo a iniciativa pretende mapear a cadeia de costureiros responsáveis pela confecção de uma peça de roupa, conforme reportou o jornal Valor Econômico em 02 de julho.

De acordo com a reportagem o projeto do instituto, chamado Tag Alinha, pretende rastrear a confecção de roupas usando blockchain para que o consumidor, na hora de escolher a roupa que deseja comprar, possa identificar a origem do material e certificar que não foi utilizado trabalho escravo em sua produção.

“Nosso foco é a enorme quantidade de oficinas ilegais, invisíveis e precárias, no setor da moda”, diz Dariele Jamile dos Santos, fundadora do Instituto Alinha

Segundo Santos, o foco do projeto do Alinha não são as grandes confecções mas as de pequeno e médio porte que representam 76% da produção de moda no país e no qual está concentrado a maioria das apreensões e denúncias sobre trabalho escravo.

Por meio do projeto as empresas que encomendam peças a estas oficinas podem acessar o banco de dados do Alinha, pagando uma taxa de R$ 420 por seis meses ou R$ 600 por um ano (há valores diferenciados para aqueles que desejam apoiar o Instituto) e identificar se o fornecedor tem ou não a ‘tag’ do Anima, que certifica que a produção não usa trabalho escravo.

Entre as informações reunidas pelo Tag Alinha está o relato dos costureiros destas ofricias, quanto eles recebem, quais as condições de trabalho, entre outros e tudo fica registrado em blockchain. O histórico de cada peça é então publicado em um site que o consumidor pode acessar, digitando um código de seis dígitos que vem na etiqueta. 

No caso de costureiros que acessam o projeto e compartilham suas experiências, o acesso é pelo celular, eles vão indicando a si mesmos e colegas na cadeia de produção de um item.

Quando uma oficina é mencionada, o sistema dispara notificações para o responsável pela empresa e para os costureiros. Pelo celular, eles informam quem cortou, quem costurou e quanto cada um recebeu. Cada relato gera um novo bloco que é gravado na cadeia e identificado por um “hash”.

“A transparência, a descentralização e a assinatura digital tornam tudo confiável. Nosso objetivo é gerar impacto positivo na vida desses trabalhadores”, disse a presidente.

Dariele, revela que já são 233 empresas liagadas ao Instituto e que este já regularizou o trabalho em cerca de 100 oficinas (há cerca de 8 mil e 13 mil oficinas somente no Estado de São Paulo). Até aqui, segundo a reportagem, o projeto rastreou quase 450 peças de roupas de três marcas – Fio Ateliê, Lov Lity e Fruta Pão Plus.

Ainda segundo a reportagem, no Brasil, há oficinas que praticam jornadas de trabalho de 15 horas, sem folgas e sem registro em carteira. O salário fica entre R$ 3 e R$ 4 por hora , sendo que o piso da categoria é de R$ 32. Em casos extremos, o direito de ir e vir não é respeitado.

Em 2018, mais de 81 mil trabalhadores foram resgatados de situação de trabalho escravo ou forçado no Brasil, segundo o Ministério Público do Trabalho. Desse total, 2% trabalhavam em confecções.

Como reportou o Cointelegraph, Stephanie Klotz, gerente sênior de comunicação do Instituto C&A, destacou o potencial da tecnologia blockchain na construção de mais confiança no setor de varejo. Afirmou, também, que a C&A já adotou a tecnologia em sua cadeia de produção.

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