Exchanges e traders de criptomoedas do Brasil preparam-se para integrar mercado cripto ao Pix

Binance, NovaDAX e Mercado Bitcoin já estão desenvolvendo produtos para interligar o Pix a seus clientes.

A criptoesfera brasileira também vive dias de expectativa para o lançamento do sistema de transferências instantâneas do Banco Central, o Pix, que chega às instituições financeiras em 16 de novembro.

A principal mudança para os usuários de criptomoedas em exchanges e P2P será a possibilidade de saques e depósitos a qualquer hora do dia ou da semana.

Com a implantação do Pix nas instituições financeiras, o mercado fiduciário brasileiro não dependerá mais do expediente bancário para transferências instantâneas entre contas, o que também inclui as exchanges.

As empresas que negociam criptomoedas no país já preparam suas plataformas para os usuários poderem depositar, negociar e sacar no mercado de criptoativos 24 horas por dia, 7 dias por semana.

Mesmo as maiores exchanges do mundo também estão de olho no sistema de pagamentos brasileiro. Nesta semana, a Binance anunciou o lançamento de depósitos em real para clientes no Brasil através de uma parceria com o banco digital fiat-cripto Capitual, e em breve deve também lançar a opção de saques.

Segundo o COO do Capitual, Gustavo Rezende, apesar dos depósitos e saques começarem nos atuais sistemas DOC e TED, a Binance também deve se integrar ao Pix através do Capitual:

“Por enquanto estamos trabalhando com depósito através de TED e DOC, com o início das operações do PIX ele também será adicionado como um método, tanto para depósito quanto para saques, porém os métodos atuais continuarão funcionando.”

A NovaDAX também prepara-se para acessar o Pix através da plataforma de sua exchange, com saques e depósitos a qualquer hora do dia ou ta semana. A exchange também promete integrar sua conta digital ao Pix, permitindo transferências rápidas para instituições financeiras. Cesar Trevisan, diretor de desenvolvimento de negócios da exchange, explica:

“O Pix deve simplesmente matar TEDs e Docs, torná-las obsoletas. Temos duas situações em que o Pix é interessante: na conta digital onde o usuário vai usar Pix para fazer transferência para qualquer um e na exchange, onde estamos trabalhando para identificar automaticamente e permiter operação 24/7.”

Já a maior exchange da América Latina, a Mercado Bitcoin, acredita que o Pix pode acelerar a transformação dos meios de pagamento no país sem se tornar concorrente das exchanges. A MB prepara o lançamento de seu banco digital, o Meubank, que já abriu pré-cadastro para interessados.

Reinaldo Rabelo, CEO da Mercado Bitcoin, disse ao Cointelegraph Brasil que o grupo vai buscar aprovações regulatórias para conectar a conta digital da fintech diretamente ao Pix. E completa: 

“Se cumprir a missão de entregar mais autonomia aos usuários, o PIX libertará os clientes das amarras colocadas por algumas instituições financeiras, que citam processos de segurança e compliance para, na verdade, impedir que as pessoas transfiram seus recursos para outras empresas e produtos – o que, certamente, poderá favorecer o aquecimento do mercado de criptoativos brasileiro, que passa a funcionar integralmente também nos finais de semana.”

Carolina Andrade, da empresa de negociação em P2P GlobalMoney Trading, também diz que o Pix é um importante avanço “se bem implementado”. Ela, porém, ressalta que o sistema não traz mais segurança jurídica ao mercado de criptomoedas e que que traders devem continuar vendo suas contas encerradas por bancos:

“Infelizmente não [muda nada], porém o impacto de ter uma conta encerrada para um P2P ou corretora será menor, uma vez que o PIX remove a dependência de um banco específico com custos mais baixos e sem limitações de horário. Em relação à confiabilidade das transações, o PIX não difere do sistema atual. As transações vão continuar sendo reversíveis para beneficiar os bancos e pouco tem se falado sobre como será o julgamento para efetuar estornos.”

Assim como têm apontado especialistas do mercado financeiro, ainda não é possível medir os impactos e desdobramentos do Pix para o consumidor e instituições financeiras e de pagamentos, ou mesmo exchanges e usuários de criptomoedas. A partir de 16 de novembro, quando o sistema vai ao ar oficialmente, os brasileiros finalmente saberão os primeiros desafios e benefícios que terão com o Pix.

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