Empresas brasileiras usam criptoativos para democratizar investimentos em startups no país

Iniciativas que possibilitam investimentos de pessoas físicas em startups brasileiras começam a ser implementadas no Brasil.

O potencial de inovação dos criptoativos enquanto meio de investimento começa a se expandir com propostas para dinamizar  e incentivar outros setores da economia brasileira. Duas iniciativas anunciadas recentemente pretendem facilitar e democratizar o acesso de pessoas físicas a investimentos em startups através da emissão e comercialização de tokens específicos para este fim.

O DEFI Elo21é um token de governança descentralizada que pretende levantar R$ 1,5 bilhão até 2025 para investimento em startups brasileiras. O projeto é uma iniciativa do Grupo Inova S.A., coordenado pela Conectelo, e contou com um investimento inicial de R$ 3,5 milhões.

Inicialmente, o DEFI Elo21 será disponibilizado exclusivamente para investidores qualificados, mas a ideia é que até o final de setembro eles estejam acessíveis ao público geral, informou o CEO da Conectelo e idealizador da iniciativa, Geraldo Marques, em reportagem da revista Exame.

“A ideia de tokenizar os investimentos era solucionar a dor de os capitais não chegarem às startups por causa de burocracias ou outras dificuldades. Pessoas comuns, por exemplo, querem investir em startups e muitas vezes não conseguem. A tokenização em blockchain, como nas criptomoedas, permite isso. As diretrizes dos fundos podem impedir o recebimento de aportes pelas startups. Nossa empresa usa nossa inteligência de aceleradora para viabilizar esses investimentos” 

Até o final de 2021 serão emitidos 44 milhões de tokens e 80% do capital arrecadado pelas vendas será destinado ao investimento em startups. “Aquele token é como se fosse um título que oferece uma participação naquele pool de startups”, explicou Marques em entrevista à TV Record.

O investimento mínimo será de R$ 1.000,00 e os detentores dos tokens poderão opinar sobre as empresas que receberão os aportes.

O DEFI Elo21 só foi viabilizado devido à entrada em vigor da Lei Complementar 128/21, que trata do Marco Legal das Startups, em 31 de agosto.

A nova legislação prevê que as startups podem receber investimentos de pessoas físicas ou jurídicas sem que o aporte configure participação no capital social da empresa, eximindo-os, assim, de eventuais indiciamentos em processos jurídicos por má conduta administrativa.

Em declaração à reportagem da Exame, presidente do conselho do Grupo Inova S.A. Janguiê Diniz disse que o DEFI Elo21 não seria possível sem essa delimitação e saudou a nova legislação:

“A novidade tem potencial de fomentar de forma diferenciada os investimentos de risco no ecossistema brasileiro de startups.”

Já a gestora brasileira de investimentos em capital de risco Fuse Capital vai lançar um token para investimentos de pessoas físicas em aceleração de startups no país, conforme noticiou o Cointelegraph em junho.

Homônimo da gestora, o token Fuse Capital será lastreado em cotas de um fundo da gestora que investe em empresas invadoras com potencial de crescimento. A intenção é ampliar a exposição de investidores ao mercado de capital de risco e estimular o setor de startups no país.

Entre as empresas que fazem parte do fundo de startups da gestora estão a Hashdex, responsável pelo primeiro ETF de criptoativos disponibilzado na Bolsa de Valores do Brasil, e a Vexi, fintech mexicana que pretende democratizar o acesso a cartões de crédito a jovens latinoamericanos.

O token será lançado através de um STO (Securitized Token Offerings), no qual títulos de ações ou dívidas de uma empresa privada são oferecidos em uma exchange global na forma de um token específico. Além de conferir liquidez a um ativo ilíquido, a tokenização torna acessível aos investidores uma classe de ativos que antes ficava restrita aos grandes players do mercado.

Por enquanto, o token estará disponível exclusivamente a investidores estrangeiros, pois a comercialização de security tokens ainda não é autorizada no Brasil pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). 

Somente no primeiro semestre de 2021, as startups brasileiras levantaram US$ 5,2 bilhões em investimentos, um aumento significativo em relação ano passado. Em 2020, o total captado ficou em US$ 3,55 bilhões, segundo relatório do Dataminer, braço de monitoramento de dados do Distrito – a maior comunidade independente de startups do Brasil.

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